Fernando Pessoa Desistir
Gosto de coisas “clichê”. Como assistir um filme agarradinhos, em baixo da coberta, comendo chocolate. Como, um beijo na testa e na ponta do nariz. Como uma declaração de amor inesperada, sem data especial. O “clichê” me encanta, pois são coisas simples, que têm um grande significado e fazem uma grande diferença.
Deixa eu te dizer, antes que o ônibus parta, que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado (...)
Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca (...)
Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você (.). Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis.
Quero mais um uísque, outra carreira. Tudo aos poucos vira dia, e a vida - ah, a vida - pode ser medo e mel quando você se entrega e vê, mesmo de longe.
Ando obcecado por silêncio. Um silêncio que te permita ouvir o ruído do vento. E o bater do coração. E se possível isso que chamamos de Deus, existindo devagarinho em cada coisa. Existe sim.
Afastarei você com o gesto mais duro que conseguir, e direi duramente que seu amor não me toca nem me comove, e que sua precisão de mim não passa de fome. Acho que é isso que você não é capaz de compreender, que as pessoas, um dia, passam a não querer mais o que têm. E a gente esquece sabendo que está esquecendo.
Também já não tenho aquelas queixas infantis, na base do "tudo dá errado pra mim", ou autopunições como "eu sou uma besta, faço tudo errado". Nada é errado, quando o erro faz parte de uma procura ou de um processo de conhecimento.
Não quero lembrar. Faz mal lembrar das coisas que foram e não voltam. No começo fiquei com raiva, achei que ela não pensou em mais ninguém quando desapareceu. Só nela mesma. Mas a gente nunca pode julgar o que acontece dentro dos outros. Ela queria outra coisa.
É garçom, não entendeu errado não. Um amor sem gelo, copo triplo, bem misturado, mas sem gelo! Certas coisas prefiro quentes, o amor é uma delas.
Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.
E essa falta cresce à cada dia, de forma avassaladora, quando enfim penso que estou me acostumando, que estou te esquecendo, você ressurge de forma inesperada ocupando todos os espaços, transbordando de dentro de mim... e é nessa inconstante loucura que vivo sem te ter.
Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
Dignidade é quando a solidão de ter escolhido ser, tão exatamente quanto possível, aquilo que se é, dói muito menos do que ter escolhido a falsa não-solidão de ser o que não se é, apenas para não sofrer a rejeição tristíssima dos outros.
