Fernando Pessoa Desanimo

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Incrível como algumas coisas deixam marcas, e até parece que foram marcadas à ferro, porque você ainda as sente.

Se atirarem pedras contra você, faça delas uma muralha ou um grande castelo.

Pois olhe, eu só lhe digo uma coisa: Deus sabe o que faz.

Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma como precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus para não se perderem no caos da desordem sem nexo.

Só que desta vez por mais nojeiras que imaginasse sobre meu corpo caído lá embaixo, não sei por que, a vontade de saltar continua. Mas eu resisto. Não que alguém fosse sentir muita falta minha ou se achar, sei lá, sacaneando com a minha morte. (…) Ninguém. Eu comecei a enumerar nos dedos quem poderia sentir a minha falta: sobraram dedos. Todos estes que estou olhando agora.

Com tantos sentimentos, tinha de ser justo amor, meu Deus?

Quero estar perto de pessoas que sabem colocar palavras maduras nas minhas frases verdes.

O que quero dizer é justamente o que estou dizendo. Não estou com pena de mim. Está tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: it’s all right man, I’m just bleeding. Tá limpo. Sem ironias. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar.

É muito mais fácil, percebeu, estar à beira de alguma coisa do que de fato ser aquilo.

Luz, fé, sintonia, para mim, para todos nós.

Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto, depende de que lado da porta do banheiro você está

Toma um café, que o mundo acabou faz tempo.

Então, o que devo fazer é esperar. Sem desespero, sem melodrama, sem niilismo - esperar. Mas até quando, meu Deus, até quando?

Resulta que, dependendo de decisões alheias — e isso me irrita muito — não posso me mover. Fico até não sei quando.

Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo.

Você foi lindo comigo. E distante. Me deu apoio, não o ombro.

É preciso entender as artimanhas do tempo: a hora certa sempre chega.

Não te preocupa. O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra.

O tempo existe, sim, e devora.

É, não sei se Deus está armando uma arapuca, ou se ele realmente ficou com pena de mim.