Fernando Pessoa Desanimo

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E recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência. É por isso que me esquivo e deslizo por entre as chamas do pequeno fogo, porque elas queimam - e queimar também destrói.

Caio Fernando Abreu
Caio Fernando Abreu: O essencial da década de 1970

Te escrevi duas vezes: a primeira saiu uma coisa sincera, mas lamentativa demais, um saco. A segunda saiu “madura e controlada”, mas extremamente falsa.

Recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos.

Por trás da fragilidade física escondia-se uma extraordinária força.

- Sabe qual é o seu problema? Você não deixa as pessoas com gostinho de quero mais.
- Como assim?
- Você distribui doce todo dia. Isso enjoa!

Não fique aí remando contra a maré, dando murro em ponta de faca. Veja – se não fora pra ser, não vai ser.

Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto.

Que seja tudo por completo. Nada de restos ou pedaços.
Por favor não me apareça pela metade.

Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não.

Parece difícil de enxergar que insistir nisso é perda de tempo, é perda de vida em uma causa perdida.

É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também.

Com o tempo, os detalhes estragam qualquer biografia.

Alguma coisa aconteceu comigo. Alguma coisa tão estranha que ainda não aprendi o jeito de falar claramente sobre ela. Quando souber finalmente o que foi, essa coisa estranha, saberei também esse jeito. Então serei claro, prometo. Para você, para mim mesmo. Como sempre tentei ser. Mas por enquanto, e por favor, tente entender o que tento dizer.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças na janela, rapazes pela praça, tules violetas sobre os montes onde o sol se pôs. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais.

Ela era mais do que linda. Era viva. Sarcástica. Tensa. Meio confusa. E rainha.

Ele era um anjo, e anjos não pertencem à Terra.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada.

(pequenas epifanias)

Estou numa relação maravilhosa comigo mesmo. (…) Alguma coisa em mim parece que laceou, eu era tão cheio de medos.

E enveredávamos então pelo caminho do fácil, tentando suavizar o que não era suave.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania.