Fernando Pessoa Ausencia
"Medos"
Olha só que curioso: viemos ao mundo praticamente “zerados”, como se fôssemos um celular recém-saído da caixa.
Só dois aplicativos já vêm instalados de fábrica: o medo de altura e o medo de barulhos altos.
O resto?
Ah, o resto é download humano, pacotinho de medos que a sociedade insiste em enfiar na nossa memória.
E aí entra a religião.
Não, não confunda:
_ Religião não é Deus.
Religião é aquele software cheio de pop-ups dizendo:
_ Cuidado! Pecado detectado! Maldição iminente!
Atualize sua culpa agora mesmo!
Enquanto isso, Deus, se você prestar atenção, não está distribuindo vírus nem ameaças, mas simplesmente oferecendo algo bem mais simples e revolucionário:
_ Amor.
Mas claro, amor não dá tanto controle, não é mesmo?
O medo, sim, esse é um ótimo mecanismo de dominação.
Afinal, quem precisa de correntes de ferro quando se pode acorrentar a mente com histórias de fogo eterno?
No fim das contas, nascemos livres, mas passamos a vida colecionando medos que não eram nossos.
Talvez o verdadeiro “pecado” seja justamente esse:
_ Trocar o amor pela prisão do medo.
As redes sociais deram-nos uma percepção do acesso à vida das pessoas sem relação com elas, por isso achamos que conhecemos as pessoas com base no que elas escolhem partilhar. E uma vista distorcida. Há um milhão de camadas numa pessoa que nunca será revelada pelas postagens que ela faz.
Hoje vivemos em busca da validação do mundo, mundo esse que crucificou alguém prefeito ...
R&F Perazza.'.
