Fernando Pessoa Ausencia
Entre inúmeras coisas sem importância você disse que me amava, ou eu disse que te amava - ou talvez os dois tivéssemos dito (...).
Quando o medo é quase absurdo, e principalmente quando o cheiro daquela respiração ameaça tornar-se insuportável, recorro aos jasmins.
Ao mesmo tempo, alguma coisa em mim não consegue desistir, mesmo depois de todos os fracassos. E tento, tento. […] Não desisto. Um dia, um dia, quem sabe? Pode ser que esteja no escrever a resposta de tudo o que persigo. Acreditar, só preciso acreditar um pouco mais em mim.
A gente não tem é que se assustar com as distâncias e os afastamentos que pintam. Mas, vantagens? Ah, isso também tem. A melhor delas é conhecer gente. Não tem coisa melhor (nem pior) do que gente.
Confie nos seus pressentimentos. Eles normalmente são baseados em fatos arquivados abaixo do nível da consciência.
Reconheço, estou em desequilíbrio, estou me distanciando cada vez mais. Faço este esforço até quem sabe alcançar um ponto tão remoto que não saberei jamais encontrar o caminho de volta, se existe um, e penso que não. Ao pé da escada ele me espera, braços abertos, parado sobre o tapete. Tem o peito largo, sinto, ao afundar de encontro a ele essa parte minha sem forma a que acostumei chamar de face, seus braços podem dobrar-se apertando minhas costas enquanto sinto seu cheiro, esse cheiro espesso de sal, algas, corais, medusas, águas-marinhas. Quero perder-me nele, como o que nunca terei... fecho também meus braços em torno de suas costas, aproximando-o de mim para que nossos dois corpos se confundam, para que nossos cheiros se misturem, para que pelo menos por um segundo sejam, eu, ele, uma coisa única...
Agora não dá mesmo pra ser feliz, é impossível. Mas quem disse que a gente precisa ser sempre feliz? Isso é bobagem. Como Vinícius cantou “é melhor viver do que ser feliz”. Porque pra viver de verdade, a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder.
Você me provoca sem esperar a picada. Sem saber que ainda não inventaram antídoto pro meu tipo de veneno.
Ele vai e resolve aparecer assim do nada, com palavras que ele sabe que de algum modo mexem com os meus sentimentos.
Em certos momentos paro e me pergunto da onde se origina essa minha particular filosofia e pensamentos que me levam a tão peculiares conclusões. Sou apenas um recém-adulto que aprendeu desde pequeno a arte de indagar. Questionamentos incessantes que me atordoam os pensamentos, mas muitas vezes apaziguam minha alma. Todos necessitam de uma palavra de conforto ou de uma crença que os levem a seguirem em frente. Sou um eterno curioso que não se contenta em somente ver o resultado final, me importo com a origem, com o meio, com os erros que foram cuidadosamente ocultados pelo caminho na tentativa de se conquistar um status de perfeição… Esta que jamais existirá. Às vezes sou chato, em outras sou somente indiferente, mas em alguns momentos consigo ser fascinantemente coerente. Tenho meus dias de teimosia, minhas horas de loucuras e alguns segundos de insanidade, mas possuo a dádiva de ser exatamente como sou sem a necessidade de me mascarar para agradar um mundo que não se importa com quem você realmente é, mas como se apresenta. Sim, infelizmente aqui o rótulo vale mais que o conteúdo.
Minha mente é um turbilhão de pensamentos no qual alguns me atropelam, entretanto, há sempre outros prontos a me resgatar devolvendo-me o equilíbrio. Não sou filósofo nem gênio, tão pouco sábio. Sou simplesmente aquilo que a ocasião me permite ser enquanto luto para me tornar o melhor que minha mente consegue idealizar. E nesses vai e vem da vida vou curando as feridas das quedas, pois embora tenha tropeçado inúmeras vezes, jamais fiquei imóvel ao chão… Não que eu seja forte ou inabalável, mas porque sei que a vida é muito mais do que um tombo e que o tempo não pára esperando que eu me recomponha. Recomponha. Não adianta juntar os cacos, eles serão sempre o resto ou o excesso, a solução é viver com o cristal intacto de alma que sobra… E continuar fazendo dele seu maior tesouro, seu bem inviolável com o passar dos tempos e das tempestades.
E, ainda sim, continuo sem me entender por completo. Sou um mistério até para mim. Ser traIndagações, dúvidas, teorias, pensamentos, convicções, certezas, anseios, receios, tudo e nada, muito e pouco, desejo e repulsas... minhas complexidades.
Acho que se um dia eu sair desse meu estado parcial de ignorância tudo o mais perderá seu sentido, a vida não é nada sem a possibilidade de descobertas. Não há surpresas no conhecido, tampouco emoção no que já foi desfrutado e esmiuçado. Nem todas as surpresas são boas, mas nem todos os desastres causam prejuízos. Depende da forma como você visualiza e pensa!
Quando a gente está se sentindo assim é só olhar em volta - dar o tal de look-around -, aí você vai ver que não está tão mal assim.
O importante, o irreversível, o definitivo, o claro nessa história toda é que eu gosto muito de ti. Muito mesmo. Não adoro nem venero, mas gosto na medida sadia e humana em que uma pessoa pode gostar de outra. O resto é detalhe.
E quando você vai embora, eu quero que você volte mais uma vez. É que quando você volta, eu me lembro que as coisas nunca vão ser do jeito que eu queria, e aí eu tenho certeza que se for assim eu fico melhor sozinho. E quando você vai embora de novo, eu me lembro que eu prefiro te ter pelo menos por perto do que não te ter de jeito nenhum.
