Feliz aniversário, filha: 71 mensagens para celebrar o seu dia

Contradigo a mim mesmo porque sou vasto.

Deus nunca disse que a jornada seria fácil, mas Ele disse que a chegada valeria a pena.

Ah, quem dera eu pudesse arrancar o coração do meu peito e atirá-lo na correnteza, e então não haveria mais dor, nem saudade, nem lembranças.

Ninguém pode negar o fato de que Jesus existiu, nem que seus ensinamentos sejam belos. Ainda que alguns deles tenham sido proferidos antes, ninguém os expressou tão divinamente.

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Alberto Caeiro
“O Pastor Amoroso”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1946.

Nota: Poema de Fernando Pessoa (heterônimo Alberto Caeiro).

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Eu sou feito de
sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos.

Martha Medeiros

Nota: Trecho do poema "Pedaços de mim"

Para além da orelha existe um som, à extremidade do olhar um aspecto, às pontas dos dedos um objeto – é para lá que eu vou.
À ponta do lápis o traço.
Onde expira um pensamento está uma ideia, ao derradeiro hálito de alegria uma outra alegria, à ponta da espada a magia – é para lá que eu vou.
Na ponta dos pés o salto.
Parece a história de alguém que foi e não voltou – é para lá que eu vou.
Ou não vou? Vou, sim. E volto para ver como estão as coisas. Se continuam mágicas. Realidade? eu vos espero. É para lá que eu vou.
Na ponta da palavra está a palavra. Quero usar a palavra “tertúlia” e não sei aonde e quando. À beira da tertúlia está a família. À beira da família estou eu. À beira de eu estou mim. É para mim que vou. E de mim saio para ver. Ver o quê? ver o que existe. Depois de morta é para a realidade que vou. Por enquanto é sonho. Sonho fatídico. Mas depois – depois tudo é real. E a alma livre procura um canto para se acomodar. Mim é um eu que anuncio. Não sei sobre o que estou falando. Estou falando do nada. Eu sou nada. Depois de morta engrandecerei e me espalharei, e alguém dirá com amor meu nome.
É para o meu pobre nome que vou.
E de lá volto para chamar o nome do ser amado e dos filhos. Eles me responderão. Enfim terei uma resposta. Que resposta? a do amor. Amor: eu vos amo tanto. Eu amo o amor. O amor é vermelho. O ciúme é verde. Meus olhos são verdes. Mas são verdes tão escuros que na fotografia saem negros. Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.
À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta. A que diz palavras. Palavras ao vento? que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto.
Oh, cachorro, cadê tua alma? está à beira de teu corpo? Eu estou à beira de meu corpo. E feneço lentamente.
Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós.

Clarice Lispector
Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Linha Curva

O caminho mais agradável entre dois pontos.

À duração de minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Torna-te quem tu és.

Friedrich Nietzsche
Ecce Homo: Como alguém se torna o que se é. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Nota: A citação, na verdade, pertence ao poeta grego Píndaro, mas foi replicada por Nietzsche no subtítulo do livro "Ecce Homo".

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A verdade alivia mais do que magoa. E estará sempre acima de qualquer falsidade como o óleo sobre a água.

Eu queria solidão, para não ferir aos outros nem ser machucada.

Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua Justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas.

Jesus Cristo
Bíblia Sagrada, Mateus 6:33.

Todos os dias faça alguma coisa de que você tem medo.

Mary Schmich

Nota: Essa frase é atribuída a Eleanor Roosevelt, mas não há fontes que confirmem essa autoria.

Revolto-me, logo existo.

As coisas valem pelas ideias que nos sugerem.

Machado de Assis
Trio em lá menor. In: Várias histórias (1896).

Quando eu me apresento a alguém, pouco me importa que seja branco, negro ou amarelo, capitalista, comunista. Cristão, ateu, judeu, muçulmano, hindu ou budista. Pobre, rico. Para mim me basta e me sobra com que seja um ser humano, pior coisa não poderia ser.

*ÁRIES*
(de 21 de março a 20 de abril)

Branca, preta ou amarela
A ariana zela.
Tem caráter dominador
Mas pode ser convencida
E aí, então, fica uma flor:
Cordata... E nada convencida.
Porque o seu denominador
É o amor.

Desconhecido
MORAES, V. de. A Mulher e o Signo. Rio de Janeiro: Rocco. 1980

Somos todos pontas de icebergs. Deixamos à mostra apenas um pedaço do que somos.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Non-stop: crônicas do cotidiano. Porto Alegre: L&PM Editores, 2001.

Sou livre para o silêncio das formas e das cores.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.