Faxina na Alma Carlos Drumond de Andrade
A amizade não cobra explicação,
aceita o tempo e o momento: é compreensão.
Um amigo não é pouco e não exige troco,
faz exigências tampouco.
É união fraternal
selada por Deus no quintal.
E Dele carrega a propriedade
de ver através d'outro a verdade.
A amizade é irmã da vida:
bebem no mesmo cálice,
caminham na mesma avenida,
e não se curvam à tolice.
Seria possível qualquer dia morrer
e ainda estar por aí a andar,
em doces palavras e no querer
d'um amigo que não deixou de te amar.
Amar é ter as cortinas e as janelas abertas
e a casa iluminada de luar.
É com o que foge aos olhos ter compromisso
com razão
de ter a fé como chão
pois o amor faz palpável o infinito.
DIA A DIA II
Queria toda aventura, toda emoção, toda fartura.
Queria esquecer meu nome,
viver de música, saciar minha fome.
Queria nascer todo dia
na Tailândia, no Tibet, na Bahia.
Eu queria...
velar minha ignorância que doí como uma azia:
falta vírgula, falta acento, falta rima na poesia.
Eu queria ter paciência, eu queria ter ciência.
Eu queria saber viver o dia a dia
(bastava saber viver o dia a dia),
mas não adianta, não me encanta,
eu queimo como um diabo, ardo em fogo,
e não é um jogo:
percorro caminhos de morte e cavalgo ventos da sorte.
Sou pura bebedeira, caso queira
divertimento,
crio morcegos e educo vampiros
no apartamento.
Meu QI médio não conhece o tédio:
esse é meu mundo, meu remédio.
Basta abrir os olhos, basta sair à janela,
basta uma brisa, basta uma viela...
E quando dormir o sol seu sono mais profundo,
permanecendo só na festa um último moribundo,
sussurrarei bem baixinho: _ Não tenha pressa,
eu volto outro dia pra beijar-Lhe à testa.
Somos uma Alma que habita um Corpo e como podemos deixar o Corpo com suas infinitas limitações decidir o que fazer, expondo a Alma a vexames, muita das vezes descomunal.
Estamos aqui de passagem, para uma jornada épica, então, nunca esqueça que o Corpo nunca teve uma Alma, mas sim, Alma que tem um Corpo, então divirta-se e boa jornada.
Como filósofo, não olho isoladamente. Então: "Cada amiguinho te dá um apelido conforme a relação que marca o ponto de vista dele! Para a amiguinha neurociência, você é impulso eletrônico; na física, energia; na religião, és a fé/espiritualidade; na química, és elemento químico/atômico; na biologia, sois hormônios; para anatomia/necrofilia, és um corpo em DE/composição e etc. Logo, somos uno apesar de parecer um multiverso!" (CH2 - Nunca foi sobre isso, sempre foi dignidade. 3 ed. 2025. Brasília-DF)
Fomos (todos) criados na mentira, na ilusão e depois quando somos jogados no mundo, começamos a entender que não é bem assim e o pior é que quando você volta para pedir explicação lhe silenciam e isso nos torna covardes, nesse ponto temos duas opções ou abaixa a cabeça e segue arrastando as asas ou levanta a cabeça, olha para trás e fala um "vaitomarnocú" (uníssonico) e criamos nossas regras.... Assim, acredito, a Alma cria asas e alça vôos altos....
"...Então, coloquei-me a teu lado, respirando-te.
Permanecemos emudecidos, por dentro acolhidos,
Guardando infinitos abraços em nossas almas..."
Carlos Daniel Dojja
In Fragmento Poema Recolhimento
Eu gosto dessa parecença almejada de alma.
As vezes tento ficar parecido,
com o que deseja meu ser.
ÉVORA
Eburus de raiz ibérica.
Árvore branca de história,
Enraizada de arruelas alentejanas.
Évora de templos e de moinhos,
A pulsar no Giraldo de teus traços,
Onde ruínas fingidas se pungem cingidas.
Aldeia ordenada Diana romana,
A contemplar na Sé o templo erguido,
Que orna tuas noites no mirante da saudade.
Ainda tantas vozes te guardam como Florbela encantada:
Eis que meus olhos andam cegos de te ver,
Pois para mim as de ser toda a divina graça.
Évora ventre de luzes irradiadas,
Onde se traduz a alma lusitana,
E se faz ver o verso acalentado.
* Poema classificado e aprovado pelo ICE, que integra a Campanha de Apoio a Candidatura da Cidade de Évora, Portugal, como Capital Européia da Cultura em 2027.
Garimpar o Olhar da Alma
O garimpeiro ora a jazida.
O jardineiro colhe a flor da terra.
O pescador se faz rede de enlaces.
O que você faz?
- Eu avisto tempos com a sagração das palavras.
E o que lhe dizem as mesmas?
- Me ensinam a pensar silêncios e a descosturar ausências.
Então te sente bem eu nada ver de concreto?
- Tudo o que eu pressinto me será nascido ou repartido.
Mas como é nascer após já ter vindo ao mundo?
- É colher-se revelação e não ter-se assombro da existência.
Pois bem, nada temes, presumo?
- Ao contrário, receio os seres que não vêem com a alma.
Mas para que servem os olhos?
- Para elaborar estéticas.
É na alma que o olhar depura as essências.
"...O mais raro do amor, é encontrá-lo com a intensidade das almas, que se tocam e confabulam, para além das dimensões aparentes da existência...
"...Sempre me quis viver árvore.
Teria os olhos ramificados.
O corpo em tronco resistindo às marcas.
E se me perdesse a visível parte,
Sobrar-me-iam as raízes rebrotadas.
São as árvores que entendem,
Como se nasce na alma do mundo..."
In Extrato Poema A Alma das Árvores
"... O tempo relido, nos faz letrados,
no alfabeto da alma..."
In Fragmento Texto O Menino que Anda Vendo Poesia
"...Tenho-me as avessas desse imperial saber.
Desaprendi certezas revestidas do absoluto.
Busco o ainda não fossilizado,
Como os afetos que se deixam impregnadosna querência da alma..."
"...Tenho alguns saberes, que me fazem apreendedor.
Uma arquitetura de razões pronunciadas.
Das mais súbitas, como aquelas a se moldar na quietude,
Como as derradeiras, que se pungem na pele na alma..."
In Do Aprender
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