Fase Ruim Fase Boa Fernando Pessoa
Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estpu certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora.
Olha, eu sei que o barco está furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também.
Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada.
De cada dia arrancar das coisas uma modesta alegria; em cada noite descobrir um motivo razoável para acordar amanhã.
Me cobrou um amor que, no momento, eu só posso sentir por mim... Meu amor-próprio é tão grande que não cabe você!
E você continua indo embora, e eu continuo ficando, vendo você levar partes de mim que antes eu nem sentia falta.
Eu te amo
Eu amo os milhares de sorrisos que você tem, e toda paz que eles transmitem ao meu coração. Eu amo tuas risadas, tuas piadas sem graça e tuas tentativas de me tirar do sério. Eu amo a tua cara enciumada, o bico que você faz quando fica emburrado ou pedindo beijo. Eu amo quando você pára e fica me olhando em silêncio, e quando você me deita sobre teu peito e me faz carinho. Quando você entrelaça tuas mãos nas minhas e segura forte como quem não quer soltar. E sei que não vai… Eu amo quando te vejo chegando no portão para me buscar. E o teu abraço apertado, que encaixa os nossos corações como duas peças de um quebra-cabeça. Eu amo acordar com o teu “bom dia” e “eu te amo”. Eu amo chegar no final do dia e receber um telefonema seu, e passar horas contando como foi o dia um do outro, dividindo histórias e segredos. Eu amo quando você concorda quando eu digo que somos melhores juntos. E amo ouvir de você planos e sonhos de uma vida à dois. Eu amo ser tua. E amo te sentir meu. Te saber meu. Cada parte de você. Tudo em você… Eu amo. Eu te amo. Para sempre.
A pior coisa do mundo é quando alguém faz você se sentir especial, e de repente, te deixa de lado. E aí você tem que agir como se não se importasse.
Porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloquentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituímos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Tudo isso dói. Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois.
Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto: 'Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é?' É o que estou tentando vivenciar.
Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis, becos-sem-saída.
Nada é muito terrível. Só viver, não é?
A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir.
Porque não estou fluindo.
Todos os dias, logo cedo dou uma piscadinha para Deus e peço: Tomara que as nossas vontades coincidam. E se não coincidirem, que a Sua prevaleça.
Um café e um amor. Quentes, por favor. Pra ter calma nos dias frios, pra dar colo quando as coisas estiverem por um fio.
Vamos dizer adeus aos pensamentos tristes e que só restem as boas lembranças. Só reste amor no peito, pois no fim o que vale a pena é ser feliz.
Eu te amo. Mesmo negando. Mesmo deixando você ir. Mesmo não te pedindo pra ficar. Mesmo estando longe, eu te amo. E amo mesmo.
Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar em vão, para trazer a linha de volta. É aceitar doer inteiro até florir de novo.
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência.
E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.
Nota: Trecho de um texto do livro "Morangos Mofados".