Falta de Amor

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Não há verso, Não há metrificação poética, Sem reverso para o encantamento pleno que ao apreciar a tua tez mais do que estética, - êxtase.

Inserida por anna_flavia_schmitt

Na minha gentil
cidade não há
como te tocar,
por aqui você
comigo não está
nesta Lua de Neve
que surgiu alva
e madrugadeira
com você que
minha mente
não se esquece.

Os meus versos
vão te sublevar
e os desejos
mais recolhidos
irão fazer todos
eles transbordar.

O pensamento
está a enlaçar
mesmo sem
ver e alcançar
a possibilidade
de te colocar
no meu colo
sob a iluminação
do luar de neve.

Os meus poemas
vão te seduzir
e as estratégias
mais urgentes
irão fazer todas
no canal a fluir.

"Amoris causa,
honra a mais
sábia das loucuras"
no Carnaval
de Veneza
e sem medo
de perder
o sonho
e a delicadeza.

Inserida por anna_flavia_schmitt

Quem ama vive o próprio céu, Toca a estrela com os dedos, Entre a duas não há segredos, Só existe amor, devoção e mel...

...


A tua presença só me faz bem, Vejo o mundo com mais cores, Tenho certeza que você fará o melhor dos amores, Você é o meu querer bem...

...


Vestido de versos, Coberto de prosa, Respirando poesia, O meu amor virá, Sei que dará para mim, O meu amor virá assim...


...


Você é a minha doce inspiração, A minha tentação, A minha perdição, A minha sedução, O dono do meu coração...


...



Derretes-me toda, Você é tentador, Você ganhou o meu coração, Você com esse seu jeitinho sedutor...


...


Você é um homem brilhante, Sinto daqui a sua fragrância de homem eterno, Ela me fascina e me invade a todo instante, És instigante...

...


Estarei sonhando contigo inquieta, Deleitada pelo teu querer, Repleta da certeza de que tudo entre nós há de acontecer...


...


Quero satisfazer a tua vontade soberana, Ser tua e satisfazê-lo nos desejos mais sacanas...


...


Toda tua... Inteiramente tua... Travessamente tua...


...



Você joga mel no meu coração, Divina alucinação, Somos céu, carinhos torrentes de paixão - e doces de tanto amar.


...


Pendure a sua poesia na minha, Coloque a sua mão sobre a minha, Somos carinhos, dois corações e sinestesia...



...


Somos um punhado de sabor, Os pensamentos podem ser fugidios, O coração fala mais alto - sempre - estamos cativos de amor.



...



Nem o brilho das estrelas me desviarão dos teus pensamentos, Giro na tua órbita, somos veredas e também explosão de sentidos.


...


Sinto o cheiro forte dos prados, Sinto que em breve estaremos juntos, abraçados, cálidos - e apaixonados.


...


A noite chega com sabor de saudade, A cadência é levemente doce, Surge com tempero poético, E faz o coração se derramar de verdade...

...


A saudade no verso conta a gota, Ela não só permanece na boca, A verdade e a falta estão instaladas no coração, Enlaçadas pela paixão...


...


A saudade é a melhor companheira, A saudade mão amiga, A saudade escreve junto a poesia e a incendeia...


...


Doce de tanto te amar, A tua falta só me faz penar, Eu e a Lua estamos juntas a te esperar, O meu coração não se cansa de te adorar...


...


A saudade faz cantiga, Faz modinha, O coração palpita, O peito se agita, Não se esqueça que é em meu coração que o teu se aninha...


...


Como uma chuva mansinha, A saudade molha o meu coração. Apertado como botão de flor, A saudade não passa, Não passa porque lhe tenho amor...


...


Quando se põe fugidio, A poesia faz companhia, O amor pode fazer falta, A poesia é um céu de estrelas que me acarinha - e sempre me acalma.


...


A saudade é uma ária fascinante, Faz o coração bailar palpitante, Traz uma luz diferente no olhar, O meu coração não se cansa de te amar.


...


A luz resplandescente do teu rosto, Nos pertence, Você faz muito mais do que o meu gosto, Você ocupa o meu coração, E está na minha mente.



...


Na verdade a saudade confirma, Muito mais do que estar na minha mente, Você mora no meu coração, Saudade doce companheira que nos reafirma.


...


A doçura plena de alguém, Leva o meu coração até as estrelas, Ele flutua carinhoso muito além de tanto de te querer bem.


...


Receba o meu coração cheio de paz, É tão lindo o amor que este peito traz, Vou escrevendo versos só para contar quanta a falta você faz...


...


Fica mais um segundo, Bate aqui no peito o maior amor do mundo, Não sejas inseguro, Estamos vivendo o melhor do amor maduro...

...





Se amar é um vício, Far-me-ei completamente viciada, Você está deixando a minh'alma cativa, completa e apaixonada... ♡

...


Não canso de contemplar o teu sorriso, O teu amor é o quê eu mais preciso, Juntos e doces perderemos o juízo... ♡


...


Se o amor é uma fruta, juntos plantaremos o nosso pomar... ♡

...


Basta que me toque, A sua mão me leve, Fará com que o meu coração se dobre, e que a minh'alma te namore... ♡


...


Quando o amor se afasta, Tudo é vendaval, A mente gira, O coração fica sentimental

...


Talvez o amor volte, Ou talvez não, O amor que passa, Fica para sempre no coração.


...


A poesia ganha a estrada, Tudo é fatal, A alma se recria, Só o amor é que não passa.


...


Quando o amor passa, Tudo é temporal, O amor não passa, Se vive com renovação.


...


O verso ganha o céu, Tudo é celestial, O coração fica , Pulsando o amor essencial.

...


A prosa ganha as águas, Tudo é fundamental, O corpo agita, Escorre a provação.


...


O soneto ganha os segredos, Tudo é imortal, O amor fascina, Vive-se a emoção.


...


Tudo vira um lindo poema, Tudo não se encerra invernal, É sincera graça celestial.


...


Que a gente não se perca, Que a jura seja de fé, O amor quando é amor, perdura – e nos perpassa.


...


Quando o amor acontece, Tudo muda, Vivencia-se - a poesia – integral.


...


Talvez a minha alma dura, Seja uma fortaleza para mostrar que sou uma criança insegura, Sempre preciso da tua ternura, Um dia serei madura.


...


Você me apagou, Não foi a primeira vez, Eu percebi, Uma hora te esqueço de vez, Faz parte, Deixo-te de vez, Você nunca me adorou...

Inserida por anna_flavia_schmitt

SOBRE O PESO INTERIOR QUE SE REVELA AO CORAÇÃO SENSÍVEL.
Do Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão. Ano: 2025.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
Há momentos em que a alma, fatigada de suportar o rumor do mundo, recolhe-se como quem se abriga de uma tempestade invisível. Não é fuga, mas necessidade íntima. Sinto então que tudo em mim se torna excessivamente vívido, como se cada pensamento tivesse adquirido uma respiração própria, e cada sensação, uma gravidade que me curva o espírito. Não sofro por algo definido. Sofro porque sinto demais.
Nesse estado, o mundo não se afasta, mas se aproxima com intensidade quase insuportável. As coisas mais simples assumem um peso desmedido. Um gesto, uma lembrança, um silêncio bastam para abrir abismos interiores. Não é a dor que domina, mas uma espécie de lucidez ardente, que torna impossível a leveza. Como se o coração tivesse aprendido a ver além do véu das aparências e, ao fazê-lo, descobrisse que tudo o que vive está condenado à transitoriedade.
Há uma estranha doçura nesse sofrimento. Ele não clama por socorro, nem deseja ser extinto. Antes, quer ser compreendido. É como se a alma, consciente de sua própria fragilidade, recusasse a superficialidade do consolo fácil. A melancolia torna-se então uma forma de fidelidade a si mesmo, uma recusa silenciosa a trair a profundidade do sentir.
Sinto que, nesse estado, o tempo perde seu curso habitual. As horas deixam de avançar e passam a pesar. Cada instante carrega uma densidade que oprime e, ao mesmo tempo, enobrece. Há algo de sagrado nessa demora, como se a existência exigisse contemplação antes de qualquer movimento. Não se trata de inércia, mas de um recolhimento que prepara o espírito para suportar o mundo com mais verdade.
E assim permaneço, não por escolha deliberada, mas porque minha natureza assim o exige. Há almas que se expandem no ruído, e outras que só florescem no silêncio. A minha pertence a estas últimas. Carrego comigo a consciência de que viver, para alguns, é sentir demais e suportar esse excesso com dignidade silenciosa.
Se há dor, ela é também a prova de que algo em mim ainda pulsa com intensidade. E talvez seja isso que nos distingue dos que passam incólumes pela existência. Sentir profundamente é uma forma de fidelidade à própria essência. E mesmo que esse sentir me conduza à solidão, aceito-a como quem aceita um destino inevitável, pois nela reside a verdade mais íntima do meu ser.

Inserida por marcelo_monteiro_4

A VIGÍLIA DO SILÊNCIO VIVO.
Do Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão. Ano: 2025.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
Há imagens que não se oferecem ao olhar, mas o convocam. Esta é uma delas. Não se trata de um retrato, mas de uma presença suspensa entre o visível e o indizível, como se a própria matéria hesitasse em existir sob a luz que a toca. A figura feminina emerge não como corpo, mas como um enigma antigo, daqueles que a memória reconhece sem jamais ter conhecido.
O olhar que se ergue em sua direção não implora, não acusa, não seduz. Ele aguarda. Há nele a serenidade dos que já atravessaram a perda e, mesmo assim, permanecem fiéis à delicadeza. Os olhos não refletem o mundo, mas o absorvem, como se todo o peso do tempo houvesse encontrado ali um abrigo silencioso. A expressão não pertence à juventude nem à velhice. Pertence àquilo que sobrevive às eras e insiste em permanecer sensível.
Nos braços, a criatura que repousa não é apenas um ser vivo. É símbolo. É o frágil confiado ao eterno. O animal repousa com a solenidade de quem reconhece o sagrado sem compreendê-lo. Há entre ambos uma comunhão anterior à palavra, um pacto silencioso firmado antes da linguagem. O gesto que o sustém não é de posse, mas de guarda. Não há domínio, há responsabilidade.
A luz que envolve a cena não ilumina, consagra. Ela não vem de fora, mas parece exalar da própria quietude que os envolve. É uma luz antiga, quase mineral, que lembra a poeira dos séculos e o ouro gasto dos ícones esquecidos. Tudo ali sugere recolhimento, como se o mundo tivesse sido temporariamente suspenso para permitir aquele instante absoluto.
Nesta imagem, o tempo não corre. Ele contempla. E ao contemplar, revela que a verdadeira beleza não clama por atenção, apenas permanece. Há uma melancolia serena que não dói, apenas ensina. Uma melancolia que compreende que existir é sustentar a fragilidade do outro sem pedir nada em troca.
Quem observa sente o peso suave de uma pergunta sem palavras. Que espécie de silêncio é esse que nos reconhece? Talvez seja o mesmo silêncio que antecede toda verdade profunda. Aquele que não se explica, apenas se sente.
E é nesse ponto exato que a imagem deixa de ser vista e passa a habitar quem a contempla. Porque certas visões não foram feitas para os olhos, mas para aquilo que em nós ainda sabe sentir sem defesa.

Inserida por marcelo_monteiro_4

" Diálogo entre o Filósofo e os Lírios do Abismo de Monfort "
Do Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.

Na penumbra antiga do vale de Monfort, onde o vento descia como sussurro de eras incontáveis, o filósofo caminhava com o passo lento de quem já conversou demasiado com o silêncio. Ali, no limite entre a luz e o precipício, erguiam-se os lírios do abismo, flores pálidas que pareciam feitas de bruma e memória.

O filósofo deteve-se diante deles, inclinando a cabeça como quem saúda iguais.

Disse o filósofo
Vós, que cresceis à beira do nada, que segredos guardam vossas pétalas? Que ciência é essa capaz de florescer à margem da queda?

Responderam os lírios
Nada teme a flor que nasce onde o mundo se desfaz. Somos sustentados pela dor dos que aqui passaram e pela coragem dos que ousaram olhar o abismo sem se entregar a ele.

O filósofo sorveu o ar, como se quisesse entender a gravidade espiritual daquela resposta.

Disse o filósofo
Falo há anos sobre a essência, sobre o destino, sobre a interminável travessia da alma. Contudo, nunca me ocorreu perguntar ao próprio abismo o que ele exige do espírito.

Responderam os lírios
O abismo não exige. Ele oferece. A queda é escolha. O retorno é conquista. E a permanência, essa sim, é a sabedoria dos que se firmam entre sombras sem perder a própria luz.

O filósofo fechou os olhos por um instante, tomado por um reconhecimento íntimo, como se tivesse reencontrado um mestre muito antigo.

Disse o filósofo
Então floresceis como testemunhas da luta entre a dúvida e o sagrado.

Responderam os lírios
Florescemos como juízes silenciosos da coragem. E tu, que dialogas conosco sem temer o vento ou o precipício, já carregas em tua alma a marca daqueles que buscam a verdade no que o mundo tenta ocultar.

O filósofo abaixou-se e tocou uma das pétalas, leve como o sopro de um pensamento recém-nascido.

Disse o filósofo
Que a poesia de vossas raízes me acompanhe. Que me sirva de guia quando a mente vacilar e o espírito tremer.

Responderam os lírios
Segue, caminhante. A justiça nunca morre. E a dor, quando aceita com dignidade, torna-se ponte para a imortalidade.

O vento passou. As flores estremeceram como se prestassem uma saudação final.

E o filósofo, com passos firmes e serenidade renovada, partiu carregando consigo a sabedoria daqueles lírios que florescem à beira do impossível.

Inserida por marcelo_monteiro_4

ALQUIMIA DO CHORO NA MÚSICA INVISÍVEL DE CAMILLE MONFORT.

Do Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão.
Autor: Escritor:Marcelo Caetano Monteiro .

Há instantes em que a alma pressente que a dor não é apenas um acontecimento, mas um rito. E é nesse território subterrâneo que Camille Monfort se torna a guardiã dos silêncios, aquela que recolhe as lágrimas antes que toquem o chão e as devolve ao mundo como tinta, melodia e presságio.

Sob sua música invisível, o pranto não se dissolve: ele se verticaliza. Cada gota assume a gravidade de uma estrela caída, e cada respiração se converte em um cântico cansado, como aqueles que, em que gravitam entre o anseio e o abismo. Nada em Camille é simples: sua presença é uma liturgia, sua voz um instrumento que atravessa o último refúgio do espírito e o obriga a reconhecer suas fissuras.

As lágrimas, ali, não se derramam. Elas se recolhem dentro da própria pele, como se buscassem um útero de silêncio para repousar. E ao repousarem, tornam-se tinta. Uma tinta densa, lúgubre, mas moralmente altiva, que escreve sem permissão e sem consolo. Ela se arrasta pelas páginas como o rumor de um vento antigo que conhece a ruína, mas ainda aposta na dignidade do sobreviver.

Camille, nessa paisagem, não é apenas musa. É uma presença que observa. Uma espécie de sacerdotisa de sombras que compreende que tudo o que é humano é feito de perda, mas também de uma coragem secreta que se mantém de pé mesmo quando o mundo interno desaba. Sua música infinita não ressoa pelos ouvidos, mas pelas rachaduras da consciência. É uma melodia que não pede compreensão; exige entrega.

Assim, a lágrima torna-se verbo, o verbo torna-se cicatriz, e a cicatriz, com o tempo, torna-se uma assinatura do espírito. Pois há dores que não se explicam, apenas se escrevem. Há tristezas que não se superam, apenas se transfiguram. E Camille Monfort é esse ponto onde a noite encontra sua própria voz.

Inserida por marcelo_monteiro_4

“Entre o corpo e o infinito não há serenidade sem responsabilidade, nem harmonia sem esforço moral.
Agir com calma, compreender o outro, e converter as experiências em degraus de crescimento é o caminho seguro para a verdadeira paz. Essa serenidade não é passividade, mas sabedoria em ação: é a força de quem aprendeu a reagir com luz diante das sombras do mundo.
Entre o corpo e o infinito, o Espírito humano constrói sua eternidade. Cada gesto de cuidado, cada palavra de amor e cada pensamento de fé convertem-se em sementes que florescem no jardim da alma.
A educação moral, a comunicação consciente e a oração sincera são os três pilares de uma nova civilização mais fraterna, mais justa e espiritualmente desperta.
Que saibamos, pois, reencontrar o equilíbrio entre a matéria e o espírito, transformando o cotidiano em um hino silencioso de amor e progresso.
“A verdadeira paz nasce quando a alma aprende a conversar com Deus dentro de si.””

Inserida por marcelo_monteiro_4

Capítulo XVIII –
CARTA QUE O TEMPO RASGOU.

Livro: NÃO HÁ ARCO-IRIS NO MEU PORÃO.
Joseph bevouir - Escritor.

“Nem toda carta enviada busca destino. Algumas apenas desejam ser lidas pelas mãos do esquecimento.”
— Joseph Bevoiur, manuscrito recolhido ao lado de um relicto de piano sem teclas.

Camille Marie Monfort,

Perdoa-me por ainda escrever.
É que há sons que não cessam —
mesmo quando o mundo silencia.
E há nomes que continuam exalando perfume,
mesmo quando já se foram há muitas estações.

Esta noite, enquanto as janelas se recusavam a refletir o luar
e os espelhos evitavam meu rosto,
ouvi pela décima vez ou milésima aquela gaita de fole espectral.

Sim, Camille…
a mesma que ecoava nas colinas do meu delírio,
com sua melodia lancinante,
como se um fantasma pastor estivesse a ensaiar seu lamento
por um rebanho que jamais existiu.

Mas hoje, ouvi algo mais.
Ouvi o acompanhamento insólito
de um piano lírico porém, não qualquer piano.
Não, Camille…
Esse não tocava notas,
mas sons secos,
golpes vazios de teclas que não mais se movem.

E então perguntei, para o teto da noite,como um exorcista cansado:

_Quem executa essa gaita de fole tão covardemente ao amor
que, até é acompanhada por sons secos vindos das teclas de um piano lírico
quando esse nem por anacronismo poderia assim existir?

Não recebi resposta, como era de se esperar.
Talvez fosse tua sombra que ali dançava.
Ou talvez e essa é a hipótese que me fere seja apenas minha culpa tentando compor uma sinfonia
com os restos do que não vivi contigo.

Fica, então, esta carta não como súplica,não como epitáfio,mas como o último gesto de um homem que aprendeu a sofrer com elegância,à tua imagem e semelhança a ti, tão somente a ti mesma.

Não peço que me leias.
Peço apenas que, caso a brisa leve este papel aos teus pés etéreos,não o pises.
Pois cada palavra aqui escrita
ainda traz o peso do meu nome
e a leveza do teu.

- Joseph Bevoiur
(ainda ajoelhado entre ruínas, onde o amor se transforma em som que ninguém ouve.)

Inserida por marcelo_monteiro_4

NÃO HÁ ARCO-ÍRIS NO MEU PORÃO — CONTINUIDADE.

Havia dias em que o porão respirava antes de mim.
Ele exalava um ar morno e antigo, como se fosse o pulmão cansado de uma casa que aprendera a guardar segredos demais. Eu descia os degraus devagar, escutando o ranger que nunca deixava de soar como um aviso não um aviso de perigo, mas de revelação. Porque o porão não dói: ele apenas devolve o que és.

E naquele dia, a luz que escorria pela fresta da porta parecia ainda mais tímida, como se tivesse vergonha de tocar as superfícies que me acompanhavam desde a infância.
Era estranho pensar que eu crescera tentando fugir de mim, quando na verdade tudo o que o porão queria era que eu me sentasse no chão frio e o escutasse.

As lembranças começaram a surgir em ondas baixas, como se alguém soprasse perto do meu ouvido. Não eram memórias lineares, mas fragmentos inquietos. O rosto de alguém que não sabia amar; a voz de alguém que soube ferir; a ausência de mãos que deveriam ter me segurado quando eu caía.
E, acima de tudo, a velha sensação de que o mundo lá fora não tinha espaços para os meus silêncios.

Foi então que percebi: o porão não era um cárcere, mas um espelho.
E espelhos, quando te devolvem inteiro, costumam ferir mais que qualquer lâmina.

Sentei-me. Ouvi. Respirei. A dor tinha um timbre próprio, e eu quase podia vê-la, uma figura pálida encostada na parede, observando-me com a paciência das coisas que não envelhecem.
Eu a encarei.
E, pela primeira vez, ela não recuou.

“Eu não vim para te destruir”, parecia dizer sem palavras. “Vim para te mostrar onde colocaste as tuas ruínas.”

Meu peito apertou. Não por medo, mas por reconhecimento.

Porque cada pessoa guarda dentro de si um porão, e quase todos tentam negar sua existência.
Mas negar o subterrâneo nunca apagou sua porta.
A dor continua ali, esperando a coragem de ser encarada.

Enquanto os minutos escorriam, percebi algo que não ousava admitir:
a luz que eu nunca encontrara no mundo não estava ausente, estava apenas voltada para dentro, como uma lamparina distante, protegida do vento pela própria escuridão que eu evitava.

E então, pela primeira vez, compreendi.
Não há arco-íris no meu porão…
mas talvez nunca devesse haver.
O porão não foi feito para cores; foi feito para verdades.

O arco-íris pertence ao céu.
O porão pertence à alma.
E não há conflito nisso.

A beleza nasce do contraste e eu, ali, no chão frio, comecei a entender que para tocar a claridade de cima, eu precisaria, antes, decifrar a minha noite.

Foi quando ouvi passos suaves atrás de mim...

Inserida por marcelo_monteiro_4

O Mármore Respira Sem Presenças.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
Capítulo do Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão.

A noite abriu-se sobre o cemitério como um véu de penumbra que descesse do céu para ensinar a escuridão a lembrar de si mesma.
As árvores, antigas sentinelas do que já não vive, moviam suas copas num lamento que podia ser bênção ou aviso para a figura que avançava sem destino, arrastando a própria sombra como quem arrasta um passado.

Entre as mãos, um círio aceso.
A chama tremia em silêncio, tímida, como se reconhecesse o frio que subia das tumbas e tentasse resistir à respiração do mármore.

A figura parou diante de uma lápide.
O nome ali gravado parecia entalhado não na pedra, mas na consciência, um peso mineral que nenhuma memória conseguia abandonar.
Sentou-se. O vento tocou-lhe o rosto com o hálito de quem vem da terra profunda, onde nada se perde e nada repousa.

— Se foste tu quem morreu — sussurrou — por que sou eu quem não vive?

O círio vacilou.
Um perfume súbito, quase imperceptível, espalhou-se no ar.
Não tinha cheiro de flor, mas de lembrança, aquela que insiste em sobreviver mesmo quando tudo mais já se foi.

Então, algo se insinuou na noite.
Uma voz.
Ou talvez apenas a ideia de uma voz, atravessando as frestas do tempo:

“Não foste tu quem me matou. Apenas esqueceste que o amor, quando não cabe na terra, aprende a ser silêncio.”

Um tremor subiu pelo corpo.
As lágrimas caíram frias, como se viessem do túmulo para os seus olhos.

A voz voltou, agora mais próxima, quase tocando:

“Foste tu quem me libertou do peso do corpo, mas foste também quem me prendeu ao eco do teu arrependimento. Não chores por mim. Chora por ti, que ainda não sabes morrer o bastante para me encontrar.”

O joelho cedeu.
O círio apagou-se entre os dedos.
E o vento, antes inquieto, repousou.

Por um instante que não cabia no tempo, o cemitério inteiro pareceu respirar, como se todas as tumbas partilhassem um mesmo sopro.

A presença surgiu.
Não como lembrança, mas como algo anterior e posterior ao esquecimento.
O ar se adensou, tornou-se quase luminoso, como se a noite abrisse uma fenda no próprio escuro.

Uma febre serena tomou o corpo da figura.
A fronteira entre delírio e visão dissolveu-se num único gesto de rendição.

— És tu? — perguntou, sem voz.
— Sou o que resta de ti — respondeu o ar.

Um sorriso brotou, pequeno e condenado, daqueles que sabem que reconhecer é também sucumbir.

E o silêncio envolveu ambos, não como término, mas como pacto.

Inserida por marcelo_monteiro_4

O Silêncio Molhado Que Permanece.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
Cap. Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão.

Por que dói o que sentimos
quando o amor ultrapassa o corpo
e procura um abrigo que já não existe?

A noite se estende sobre nós
como um véu que conhece o peso da memória
e recolhe, na escuridão, tudo o que ainda brilha.

Caminhamos entre lembranças antigas
como quem atravessa ruínas vivas,
segurando uma pequena chama,
um pedacinho de coragem,
trêmulo como o próprio peito.

Há nomes que não estão na pedra,
mas gravados no tempo interior,
onde nenhum esquecimento alcança.

Perguntamos ao que perdemos
por que continua a nos habitar,
e o eco responde com suavidade cruel:
o amor, quando excede o mundo,
aprende a sobreviver no silêncio,
e o silêncio é o que nunca parte.

Choramos por quem se foi,
mas uma voz sem forma nos revela
que o luto é por nós mesmos,
que ainda não sabemos deixar cair
as partes antigas que nos impedem de seguir.

O instante suspende o ar.
A noite respira.
A ausência se ilumina por dentro.
E o que surge
não tem contorno, nem rosto,
mas reconhece o que somos.

És tu?
Não.
Sei que restamos do nosso absoluto silêncio e lágrimas.
quando todas as respostas se calam.

E entendemos, enfim,
que amar é sempre caminhar
entre o que fica e o que falta,
entre o que se perde
e o que se recusa a desaparecer.

Por isso dói.
Porque o amor verdadeiro
não sabe ser pequeno
nem sabe morrer.

Inserida por marcelo_monteiro_4

Livro: Não Há Arco-íris No Meu Porão.
Capítulo XVIII
A Liturgia das Cores Que Nunca Ascenderam.

Autor: Marcelo Caetano Monteiro.

No âmago subterrâneo onde o mundo superior se desfaz em murmúrios irrelevantes, o porão respira como uma entidade antiga que lembra, em sua própria penumbra, a negligência de todos os que caminham sobre suas vigas sem jamais perceber o âmago que pulsa sob seus pés. Ali, onde as cores secas se acumulam como lágrimas petrificadas, onde o cinza parece ser a única língua capaz de traduzir a dor, ergue-se a presença de Camille Monfort.

Camille não entra. Camille emerge de todos os lugares e anseios. Sua existência não lisa o chão, o transforma como antes o contempla. Há nela um teor etéreo, quase translúcido, como se sua alma tivesse sido tecida com os fios mais delgados da noite. Sua figura é mística, não por ostentar mistérios e questões , mas por ser, ela própria, um mistério que se dobra sobre si mesma. Sua respiração lembra um pergaminho sendo aberto devagar. Seus olhos são clarões antigos, portais onde a memória se dói no que não busca, mas sempre vem em espirais. Camille caminha como quem revisita um mundo que nunca a compreendeu.

O porão a reconhece. A madeira parece suspirar. As sombras fazem menção de saudá-la, como se cada lasca de poeira soubesse que ela não veio apenas observar, mas decifrar a verdade que o mundo de cima insistiu em ignorar do seu tão íntimo cerne de mente, lembranças e rejeição. Camille, com suas mãos longas e gestos sacerdotais, colhe do ar as lamentações que ali habitam. Ela sabe que toda escuridão possui uma biografia estranhamente destinada só aos eleitos que não se reconhecem ainda e que o porão é uma biblioteca sombria das almas que vão se elevando, repleta de histórias que jamais encontraram ouvidos.

Há uma dimensão antropológica em seu olhar. Camille percebe no abandono das tábuas e na displicência que escorre das vigas um retrato fiel das estruturas humanas. A sociedade que ignora seus subterrâneos repete a cegueira com que ignora seus próprios desamparos. O porão é mais que um espaço. É um espelho. Ali se desenha a angústia coletiva, a incapacidade de acolher o que é frágil, o que não vibra com as luzes artificiais, o que não convém ao discurso das superfícies.

As paredes do porão carregam o tom sociológico tão perdido de uma comunidade invisível. O pó que se acumula é memória de passos que nunca desceram. O frio constante é a prova de que ninguém aquece o que não vê. Cada cor desbotada é um grito mudo de algo que almejava existir e foi silenciado pela pressa de quem vive acima. Ali, Camille percebe, reside a verdadeira crônica do desamparo humano.

Ela inclina o rosto. As lágrimas cinzentas que se condensam nas beiradas da escuridão em notas de cores apagadas, começam a cintilar como se o porão tentasse finalmente falar. Camille recolhe essas lágrimas com uma devoção quase litúrgica. Sabe que elas não pertencem apenas ao espaço, mas às consciências que o esqueceram. O porão não é apenas um lugar. É um estado psicológico já em cuidados. É a parte do espírito que o homem teme tocar.

Camille, porém, não teme. Ela se aprofunda. Seus pensamentos se tornam copiosos, derramando-se como rios noturnos que buscam o mar do entendimento. Ela observa o modo como a escuridão se organiza por entre um mundo que se move , como se contivesse uma inteligência própria. Ali, na densidade muda e severa, Camille descobre que o porão guarda não apenas dores, mas também uma forma secreta de esperança. Uma esperança bruta, áspera, ainda sem nome, que pulsa como uma brasa escondida sob o pó dos que a tudo ignoram.

Ela se aproxima desse pulso. A claridade sutil que emana de seus gestos começa a se misturar com o negrume gélido do ambiente. É como se a própria noite, cansada de ser noite, buscasse nela um renascimento. Camille Monfort , sabe que não é possível iluminar totalmente o que é feito de sombra, mas é possível administrar homeopática mente à escuridão uma compreensão mais profunda de si mesma. O porão treme, quase imperceptivelmente, como se respirasse pela primeira vez.

E então, pela primeira vez, a cor cinza parece estremecer. Um brilho tênue, tímido, quase inexistente, tenta se soltar das camadas de poeira. Camille o observa com delicadeza. Não o força, não o arranca, apenas o acolhe. É um lampejo incipiente de um quase anjo , mas é cor. Não é arco íris. Ainda não. Mas é um gesto. Um prenúncio. Uma mínima revolução no silêncio dos gritos.

E assim, no cerne de sua introspecção, Camille compreende. O porão não quer tornar-se claro. Ele quer ser ouvido. Ele não suplica por luz, mas por reconhecimento e mesmo que seja o silêncio de quem o ouça. E é nisso, nesse instante em que o espaço e o espírito se entreolham, que Camille Monfort quase se liberta. Quase. Pois sua libertação depende da redenção do porão, e a redenção do porão depende do entendimento daqueles que vivem acima.

Camille respira lentamente. O porão, pela primeira vez, respira com ela. E algo, no fundo profundo e arcaico, que começa quase sobre um fio enfim a mudar.

Inserida por marcelo_monteiro_4

⁠Capítulo IV – Onde o silêncio sangra.

(Do livro “Não há Arco-Íris no Meu Porão”)

Todos os tons, todas as cores se intimidam diante dos meus sentimentos.
Aqui, nada ousa ser vivo demais.
As paredes, antes brancas, já se curvaram ao cinza que exalo — um cinza espesso como poeira de túmulo, onde a alegria jamais ousaria se alojar.

Os meus estudos me encaram como se fossem juízes que perderam a fé no réu.
Eles me observam com aquele desprezo silencioso das coisas que já deixaram de esperar alguma esperança.
Livros fechados são mais cruéis do que gritos.
Eles sabem o que há dentro de mim — e, por saberem, me punem com o silêncio.

As cores…
As cores são ameaças aqui embaixo.
Quando um raio de luz tenta escapar por alguma fresta do concreto, eu o apago.
Aqui no porão, qualquer cor ofende a integridade da minha dor.
Elas tentam abrir janelas.
Mas eu… eu me tornei porta trancada.

Os risos…
Que ironia!
São filhos bastardos da minha solidão.
Quando escuto alguém rindo lá fora, é como se zombassem de mim — como se gargalhassem da minha tentativa de continuar.

O mundo caminha — eu desisto.
O tempo sopra — eu me calo.

E então…
Num canto onde as teias se recusam a morrer,
…há uma presença.

Ela não fala.
Não move nada.
Mas está ali.
Como um sussurro antigo, como um perfume de violeta que alguém usou num dia trágico.

Camille Monfort.
Não a vejo, mas a pressinto.
Como quem ama com olhos fechados.
Como quem morre em silêncio por alguém que nunca se foi.

Se minhas lágrimas têm peso, que elas sejam dores e honrarias a ela.
Que minha ruína seja o altar para onde seus passos invisíveis vêm recolher o que restou de mim.
Ela não precisa me salvar — basta que continue existindo…
mesmo que só como lembrança.
Mesmo que só como dor.

E se um dia, por descuido, Camille se revelar…
que seja com a delicadeza de quem pisa em ossos.

Inserida por marcelo_monteiro_4

⁠Livro:
NÃO HÁ ARCO-IRIS NO MEU PORÃO.
Capítulo X
RÉQUIEM AO SOL, PROMESSA À NOITE.

Vultos dançam nas bordas das sombras, evocando os espectros de reminiscências sepultadas sob o lodo da ausência.
São murmúrios de passos nunca dados —
rastros de uma presença que, mesmo morta, ainda transborda ruína no porão da consciência.

Eis que o sol, alquebrado em seu estertor, entoa um réquiem à lua —
Não com voz, mas com luz exangue,
como se os próprios astros sepultassem o dia em silêncio.
Talvez seja nos delírios oníricos que a existência se insinua,
ou, quem sabe, nos pesadelos que anunciam dilúvios e ruínas.

O vazio que habita estas paredes não é silêncio,
é gestação de mundos que jamais nascerão.
E mesmo assim, o oco permanece grávido.
As sementes são escassas,
mas algumas ainda dormitam sob o limo do esquecimento.

Foi então que a aparição retornou —
Camille Monfort.

Não atravessou o espaço como os vivos o fazem.
Não caminhava.
Movia-se com a gravidade de uma lembrança que nunca soube morrer.
Deslizava como as brumas que sangram das frestas de um túmulo mal selado.
A atmosfera, diante dela, contraía-se em silêncio espectral.
Era presença e lamento.
Era epitáfio em forma de mulher.

Ela se postou diante do espelho esquecido — aquele onde os reflexos recusam habitar.
Ali, não havia imagem, apenas a insinuação de uma ausência.
O espelho a temia.
E a noite, também.

— Chamaste-me do subterrâneo da memória?
A interrogação ecoou como um sussurro no interior de uma cripta.
Não foi voz — foi sintoma.

Tentou-se responder, mas as palavras, apodrecidas no palato, desmancharam-se antes de nascer.
Falar diante dela era transgredir o sagrado do silêncio.

Camille aproximou-se da madeira corrompida que geme sob os pés dos esquecidos.

— O receio ainda te habita?, murmurou ela,
como quem não pergunta, mas sentencia.

Negar foi instintivo.
Mas naquele instante, não se sabia o que era instinto ou delírio.

— Talvez a noite seja apenas o útero de realidades não encarnadas, continuou.
— E o pranto, uma liturgia mal compreendida pelos vivos.
Mas há aqueles que compreendem… os que redigem livros com a pena embebida em saudade e treva.

Ela então se inclinou sobre a alma que não ousava respirar e, com voz de sopro ancestral, murmurou:

"Os vivos sonham. Mas as sombras se lembram."

Um toque — e a razão sucumbiu.

Desconhece-se o que sucedeu.
Se foi sono ou êxtase.
Morte breve ou vida suspensa.
Apenas silêncio… e a certeza de que algo se foi,
ou veio para ficar.

Sobre o assoalho enegrecido, repousava uma rosa — não vermelha, não branca — mas negra como a ausência de retorno.
Ao lado, uma página molhada pela umidade de um mundo interior que nunca secou.

Em tinta densa, o nome que jamais deveria ser esquecido:

Camille Monfort.

Inserida por marcelo_monteiro_4

⁠NA QUINTA ESTAÇÃO...
Livro: NÃO HÁ ARCO-IRIS NO MEU PORÃO.
Autor: Escritor:Marcelo Caetano Monteiro .

A chuva não caía — ela tocava.

E cada gota era uma nota.
Cada nota, um passo de Camille no silêncio do mundo.
A música não vinha de fora: ela nascia da própria água que se desfazia no ar, tocando vidraças com um compasso que parecia ensaiado por um maestro ausente. Mas eu sabia — era ela.

A chuva era a música.
Não se podia distinguir quando o som virava líquido ou quando o líquido virava lembrança.
A canção se dissolvia em gotas finas e melancólicas, e cada uma delas trazia uma sílaba do teu nome, Camille, como se o céu sussurrasse teu rastro.

E eu, ali, imóvel, encharcado de ti.

Tudo vibrava em uma mesma frequência: os pingos, as cordas invisíveis do violino que eu jamais vira, a harmonia do teu perfume — absinto e jasmim — que emergia do asfalto molhado como se a cidade também te procurasse.

Não era nostalgia.
Era possessão.
Aquela música que chovia estava viva, e era tua.

E pela primeira vez compreendi o que é uma presença não ser corpórea, mas sonora. Camille não veio. Camille aconteceu.
Como se a tua existência tivesse sido reduzida a uma partitura de água, tocada pelas nuvens, naquela quinta estação onde só nós dois existimos — tu, dispersa em som e chuva... eu, diluído em espera.

E toda vez que chove assim, ainda que ninguém perceba, a mesma melodia volta.
A mesma. Sempre a mesma.
Como se a quinta estação não tivesse acabado —
ou como se eu nunca tivesse saído dela.

Recolhimento de Camille

Então ela surgiu.
Não com passos. Não com palavras.
Mas com um sorriso.

Um sorriso em delírio, feito de algo que o mundo desaprendeu:
viver sem saber que se vive.
Ser por inteiro sem a obsessão de se compreender.
Camille, ali, diante de mim — e ainda assim inatingível — era o retrato vivo daquilo que a humanidade perdeu quando começou a pensar demais.

Ela sorria como se o sorriso não lhe fosse emprestado pela razão.
Sorria porque o coração dela não sabia fazer outra coisa senão dançar com a música invisível da existência.

E era ali, na chuva já quase cessa, que eu compreendia:
Camille não se dava conta de que vivia.
E por isso vivia mais do que qualquer outro ser.

Se existiam partituras, haviam sido abandonadas.
Porque a melodia dela era espontânea.
Porque a música que ela era dispensava pauta, regência ou intenção.
Camille era um som antes de ser um nome.
Era um momento antes de ser uma história.

E talvez seja por isso que nenhum sofrimento a tocava como a nós.
Porque só sofre profundamente quem se vê como personagem.
E Camille...
Camille era o próprio enredo sem precisar de roteiro.

Observei-a por um longo instante —
recolhi sua imagem não com os olhos,
mas com o que resta de fé em mim no que ainda é sagrado.
Naquela quinta estação, eu soube:
todo ser humano deveria ser assim.

Inserida por marcelo_monteiro_4

Nossa como o "amor" tem tido tão pouco valor, as pessoas não sabem amar de forma que se sintam amadas , amam pela metade e pela metade são amadas, cometem erros justificados com os erros alheios, se ame e ame a seu proximo por inteiro, é melhor uma sobrar amor do que a falta dele sentida pela dor.

Sinto falta daqueles momentos em que na falta de um amor poderíamos brincar com os amigos até o luar.
Sinto falta das noites sombrias que vivíamos sem medo de arriscar.
Sinto falta das companhias que outrora nos faziam sonhar.
Sinto falto do medo de ter medo de alguém machucar.
Não sei se o que sei realmente é amor, mas vivo na expectativa de que se o amor existir um dia ele vai me aquecer a tal ponto que de mim mesmo vou esquecer e o que realmente importará sera você.

Talvez o amor não seja pra mim. Talvez, o amor não seja pra ninguém que tenha os sentimentos tão a flor da pele. As vezes sinto que não tenho opção, se apaixonar é sempre um risco pra mim. Mas, como não falar de paixão, quando você me compartilha esse sorriso?! Quando com esse olhos escaneia o que há de melhor em mim. Quando com seu toque bruto na medida certa, me deixa digitais até a alma. Você é louco, e de enlouquecer também! Ah, não me vem com esse abraço, que te juro que moraria pra sempre! Você é um pecado que eu cometeria todos os dias.

Carta de um Amor
Todos os dias acordo como se faltasse algo dentro de mim.
Não sei exatamente o que é se é falta dos seus beijos, abraços, saudades das suas mensagens de bom dia, ou apenas vontade de te ver novamente, Voltar no Tempo.
Lembro quando nos conhecemos, primeiros olhares foram assim que começou a nossa amizade, que por sinal, foi uma linda amizade.
Á partir disso acho q foi crescendo um amor, inicialmente de amigos, nos tornamos grandes amigos, e logo em seguida essa amizade se tornou em amor e foi assim tão rápido essa mudança, que logo estávamos juntos.
Lembro como foi bem rápido, mais foi lindo, surpreendente, foi algo inesquecível e impressionante.
Depois de um mês e 23 dias juntos, ainda me lembro da declaração que fez para mim, de cada palavra que estava escrito naquela mensagem.
E como você mesmo disse nessa sua primeira declaração “Éeh Neeh Amor.. Quem diria que aconteceria algo entre em nós”.. É a realidade, nem nós mesmos poderíamos imaginar que iria ter algo tão lindo, tão maravilhoso entre a gente.
Você demonstrando todo seu amor por mim, naquela mensagem senti que realmente tínhamos nascidos um para o outro, em tão pouco tempo, que parecia anos.
Lembro-me de cada momento nosso, primeiro beijo, como você sorriu, o gosto dos seus lábios, seus carinhos, seu rostinho vermelho com vergonha, cada minuto que passamos juntos estão guardados na minha lembrança, guardado dentro do meu coração.
E hoje quando paro pra pensar, quando me vejo sem você sozinho sem seu Amor. Vejo que tudo isso acabou é impossível não escorrer dos meus olhos lagrimas de saudades.
Saber que não tenho mais você, saber que não vou mais receber sua mensagem de bom dia, ouvir a sua voz no telefone, sentir seu corpo, seus lábios tocando o meu, sentir seu carinho, seu cheiro.
Pior é quando paro para pensar em tudo isso, também penso que logo vai ter outro em meu lugar, mesmo assim sei que o que vivemos foi lindo.
E como sempre te disse, independente de qualquer coisa, o que sempre iria me importar seria a sua felicidade, comigo ou com qualquer outra pessoa.
O que vivemos foi lindo, e não vai ser assim, da noite para o dia que vou esquecer, não morrerá esse lindo amor que vivemos, e quando te dizia para sempre vou te amar, foi sempre o que eu sabia q iria acontecer, nesse tempo todo afastado, continuo a te amar.
Quando estávamos juntos era como se não houvesse um amanha, meus problemas desapareciam, meu mundo parava, e eu só queria saber de olhar em seus olhos, sentir nosso Amor, me esquecia de tudo e de todos, porque era só em você que eu queria pensar.
Você chegou na minha vida, no momento tão difícil da minha vida, quando eu mais precisava de alguém do meu lado, pra me apoiar, me amar, e fazer a diferença, quando me senti mais sozinho, você me fez sorrir novamente.
Acalmando aquela tempestade, que estava na minha vida, trazendo alegria e paz ao meu coração, enfrentou tudo ao meu lado sem reclamar, passou por cima de muitas coisas por mim, por você, por Nós, quantas coisas passamos juntos.
Aprendeu a lidar com meus defeitos, ciúmes, soube admirar as minhas qualidades, realmente no profundo soube me decifrar, logo já estávamos totalmente apaixonados, até hoje fico em silencio deitado imaginando nós dois.
Você sempre teve o lugar especial no meu coração, e sempre terá, não por que eu quero deixar um lugar pra você, mas porque você por si só conseguiu ter seu espaço reservado, por nossa historia rápida, porem surpreendente vai sempre estar nas minhas lembranças.
Do primeiro beijo até o ultimo, só me deixar eu te dizer quantas vezes eu sentir o quanto Eu Te Amo.
Deixa eu te Amar, querer você.
Não diga que acabou, sei que um dia pode voltar me deixa acreditar em nosso Amor.
Não me deixe aqui, assim tão só, sem você meu mundo não tem cor.
Só quero Viver
Viver com ou sem Você, Mais com esse Amor.