Falecimento de um Parente Querido

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Mas o que vai te fazer falta mesmo, o que vai doer bem fundo, é a saudade dos momentos simples: da sua mãe te chamando pra acordar, do seu pai te levando pela mão, dos desenhos animados com seu irmão, do caminho pra casa com os amigos e a diversão natural, do cheiro que você sentia naquele abraço, da hora certinha em que ele sempre aparecia pra te ver, e como ele te olhava com aquela cara de coitado pra te derreter…

A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago
E essa escravidão e essa dor não quero mais
Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe
Longe do meu lado

Ocupei-me o tempo todo para disfarçar a saudade.

Clarice Lispector
Montero, Teresa (org.). Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: Trecho de carta escrita a Paulo Gurgel Valente, em 26 de janeiro de 1969.

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E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade.

"Lá estou eu em mais uma mesa com risos pela metade. Olho pro lado e sinto uma saudade imensa, doída, desesperançada e até cínica. Saudade de alguma coisa ou de alguém, não sei. Talvez de mim, de algum amor verdadeiro que durou um segundo... Meus amigos me adoram. Mas será que eles sabem que se eu estou morrendo de rir agora, mas daqui a pouco vou morrer de chorar? E isso 24 horas. E eu, mais uma vez, olho para o lado morrendo de saudade dessa coisa que eu não sei o que é. Dessa coisa que talvez seja amor. Odeio todos os amores baratos, curtos e não amores que eu inventei só para pular uma semana sem dor. A cada semana sem dor que eu pulo, pareço acumular uma vida de dor. Preciso parar, preciso esperar. Mas a solidão dói e eu sigo inventando personagens. Odeio minha fraqueza em me enganar. Eu invento amor, sim e dói admitir isso. Mas é que não aguento mais não dar um rosto para a minha saudade. É tudo pela metade, ao menos a minha fantasia é por inteiro.. enquanto dura. No final bruto, seco e silencioso é sempre isso mesmo, eu aqui meio querendo chorar, meio querendo mentir sobre a vida até acreditar. E aí eu deito e penso em coisas bonitinhas. E quando vou ver, já dormi."

A saudade não tem nada de trivial. Interfere em nossa vida de um modo às vezes sereno, às vezes não. É um sentimento bem-vindo, pois confirma o valor de quem é ou foi importante para nós, e é ao mesmo tempo um sentimento incômodo, porque acusa a ausência, e os ausentes sempre nos doem.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008.

Nota: Trecho da crônica "Matando a Saudade em Sonho"

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Saudade tem cheiro. Desconfio que também tenha braços, porque aperta.

❝ E eu, mais uma vez, olho para o lado morrendo de saudade dessa coisa que eu não sei o que é.

Eu vou para cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto.

E o meu encanto precisa da saudade

Eu não suporto a saudade que tenho de mim ocupando espaço em você.

Quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro – existe a quem falte o delicado essencial.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não é fácil, muitas vezes eu me sinto sufocar de saudade, de vontade de estar perto.

Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você.

E eu, mais uma vez, olho para o lado morrendo de saudade dessa coisa que eu nem sei o que é. Dessa coisa que talvez seja amor. (…) odeio todos os amores baratos, curtos e não-amores que eu inventei só pra pular uma semana sem dor. A cada semana sem dor que eu pulo, pareço acumular uma vida de dor. Preciso parar, preciso esperar. Mas a solidão dói e eu sigo inventando personagens. Odeio minha fraqueza em me enganar e mais ainda a dor que vem depois dos dias entorpecidos. Eu invento amor, sim. E dói admitir isso. Mas é que não aguento mais não dar um rosto para a minha saudade.

Ela estava triste. Não era uma tristeza difícil. Era mais como uma tristeza de saudade. Ela estava só. Com a eternidade à sua frente e atrás dela.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não fosse amor, não haveria desejo, nem medo da solidão. Se não fosse amor não haveria saudade, nem o meu pensamento o tempo todo em você.

Parentes só se encontram unidos em duas situações da vida: falecimento e herança.

Desejo todo amor e carinho para aqueles com um pai ausente. Não a ausência pelo falecimento, mas sim de uma existência apenas nominal, sem carinho, amor ou afeto. Isso é o que mais afeta o emocional de alguém. São conturbações e marcas que sempre estarão ali.

" Dois momentos que nos levam a profundas reflexões são: o nascimento e o falecimento de um ser humano.
Quando vemos alguém nascer, vemos naquele pequeno ser milhares de possibilidades. Ele poderá ser tudo que quiser, fazer tudo que tiver vontade, escolher seus caminhos, desenvolver-se, fazer a diferença nesse mundo, sei lá, ficaria difícil enumerar, pois são milhares de possibilidades. E isso nos traz esperança.
Já com a morte de alguém um filme passa por nossas cabeças. Os momentos que tivemos, como foi a vida dela, se foi feliz, se fez outras pessoas felizes. Consequentemente, pensamos nas nossas vidas e vemos que tudo aqui acontece de uma forma incrivelmente rápida. Nascemos e logo começamos a crescer e evoluir e, quando menos esperamos, já somos adultos, temos tantas decisões para tomar... Sinto falta de quando eu era criança e achava na minha cabeça que o mundo era mágico e que eu tinha um enorme catálogo de coisas extraordinárias para escolher. É...a morte nos faz pensar se estamos agindo certo, se estamos fazendo a coisa certa enquanto há tempo...
Hoje, luto diariamente para uma única coisa: estar a maior parte do tempo feliz! Sou feliz quando respiro, ando, penso, enxergo, sinto, toco! Sou feliz quando trabalho, quando produzo, quando inspiro pessoas! Sou feliz por ter plena consciência de que tudo que acontece comigo é com meu consentimento e, por isso mesmo, só deixo coisas boas acontecerem! Sou feliz por ter amigos, familiares e pessoas de bem ao meu redor! Sou feliz quando dou e mais ainda quando recebo um abraço! Sou feliz quando vejo o brilho da lua, o dia amanhecer, quando danço, quando beijo, quando dou gargalhada! Sou feliz por conseguir falar tudo que penso e que quero! Sou feliz por ter sonhos, planos, metas! Sou feliz por amar as pessoas e por me sentir amada!
Sou feliz por estar viva e por ter voltado a acreditar que tudo é possível!
Quem faz as nossas vidas somos nós..."