Falecimento
Deus ajuda todos os idiotas e canalhas dando-lhes muita sorte, fama, dinheiro fácil e sucesso na vida para observar o que eles fazem com tudo isso; normalmente fazem aquele palavrão que você está pensando agora exatamente enquanto está terminando de ler o que estou dizendo.
A única realidade é o movimento físico e espiritual, isto se resume ao óbvio: o mundo dá muitas voltas; uma hora se está sob o sol do paraíso, em outra se está sob as sombras do inferno!
Parece que este mundo físico, material, estúpido e grosseiro, é o inferno, é o próprio inferno, e todos nós iremos morrer e apodrecer, infelizes ou na vigarice da felicidade, seja numa cova rasa ou num suntuoso sepulcro, ou com o cadáver estralhaçado, fulminado ou desaparecido, e o Demiurgo está cagando e andando para todo o sofrimento humano, mas a esperança está num Deus Desconhecido, no Verdadeiro, mas...onde está Ele? Será que está dentro do nosso próprio Espírito extraviado?
As mulheres, as mulheres... São seres maravilhosos e perfeitos, essas feiticeiras, porém, elas esqueceram-se disso, e apenas permanecem na feitiçaria.
Ouçam a voz da sabedoria, pois ela grita, estentórica, como um torcedor ao gritar gol: todo apreciador de futebol, sem exceção, todo torcedor, é um perigo crucial para a sociedade estabelecida na ordem e na moral e bons costumes, um elemento estranho, assaz nocivo, subversivo e pouco confiável, cuidado, muito cuidado com um apreciador ou torcedor de futebol!...Mas, que hora mesmo é esse jogo do Flamengo contra o Fluminense, hoje?
Que aventura extraordinária é estar vivo! E aterradora também, essa aventura de viver ; o dia em que o ser humano dominar o poder total da memória, ele descobrirá segredos terríveis! O esquecimento é uma benção, de fato... Refiro-me ao que acontece conosco quando, à noite, adormecemos e mergulhamos no mistério além do sono e dos sonhos!... Vem-me à memória, recordações fantásticas durante as horas de sono...Existem hospitais, por lá...Estes lugares existem e são tão reais quanto os nossos hospitais, e quando somos acolhidos ,lá, após a morte ou durante um despertar fora do corpo em alguma viagem extradimensional que o sono proporciona e não lembramos por misericórdia divina, quando somos acolhidos lá, notamos que as pessoas de lá, como aqui na Terra, às vezes com a maior boa intenção tentam nos ajudar, parece que tanto lá quanto aqui, embora hajam diferenças pontuais, lutamos para fugir de uma segunda morte
Ah, como são belos e magníficos os cemitérios dos outros países! Tão lindos, dá até uma vontade louca de morrer ao contemplá-los! Tão diferentes dos cemitérios do Brasil! Aqui, até a morte é feia; os nossos cemitérios parecem favelas de mortos!
Uma nova força, uma antiga nova força, renasce ou desperta, a cada sentimento de ódio certeiro eficaz, explode em toda a sua fúria silenciosa, mas não importa o que digam os crendeiros, essa nova força é imortal e invencível: refiro-me enfaticamente à força plenipotenciária do Espírito que é maior até que a do próprio demiurgo, mas não maior do que a do Deus desconhecido e verdadeiro que tenta nos salvar deste mundo insípido criado pelos agentes do conformismo e do nada.
Um dia estarás morto,mesmo estando vivo, e teu coração sonhador e solitário então sangrará, mas com a tinta rubra do sangue da desventura, pintarás poemas da esperança de um amor eterno.
Ciente da Verdade, pus-me a encarar com terrível assombro o mistério deste mundo de miseráveis e desgraçados com a mesma pureza e curiosidade de uma criança, de um bom louco e de um demônio expulso do Sol Negro.
Um dia, tudo vai acabar: seu orgulho, seu ódio, seus sonhos, seus amores. E você será apenas uma fotografia na estante de alguém. Depois... nem isso.
Temos que entender que o desencarne é um processo natural, faz parte da vida, todos passaremos. Aceitando que é uma passagem e não o fim, aliviamos a dor daquilo que acreditamos ser uma perda, o que de fato não é, pois a pessoa que amamos está conosco a todo momento, porém num plano diferente do nosso.
Para aliviar a angústia, trabalhe a aceitação e a compreensão da morte física.
Nossa energia (alma) se desapega do corpo físico e retorna ao plano espiritual.
Costumamos sentir a dor da partida e a alegria da chegada, mas as condições de ida e vinda são as mesmas, a energia (alma) chega no nascimento, reconhece ou não sua missão, vive no plano físico e quando é chegada o momento da despedida, desmaterializa e parte, num processo natural e todos sabem seu momento de partir, pois eles sentem o chamado do retorno ao lar espiritual.
É necessário nos questionar tanto?
Texto de Jane Fernanda Nogueira
Fazemos tantas perguntas, estudamos tanto, nos abdicamos de tantos momentos em nossa vida em busca de respostas, mas chegará um certo momento da vida que, apesar de lutarmos tanto para manter nossas crenças, elas se extinguirão em nossa mente, pois a lógica virá com o amadurecimento psicológico e todas as nossas dúvidas se tornarão apenas uma resposta: - apenas viva, sem querer compreender o inexplicável.
Perdemos muito tempo buscando respostas pra tudo!
Em toda história humana, escritas em diversos livros, em diferentes tempos, de ordem cronológica, o ser humano sempre tentou compreender a razão de sua existência, "de onde venho e pra onde vou!", "o que existe além de nossa atmosfera?", o que há além de nosso tempo e espaço!?", "existe vida pós morte?", "há outras dimensões?"...
Enquanto buscamos respostas pra tantas questões, a vida simplesmente se dissipa com o tempo, aumenta o espaço entre as pessoas que se amam, fugimos da realidade mergulhados em pensamentos complexos, deixamos de viver a vida aqui e agora. Nos perdemos uns dos outros, mesmo estando tão próximos nesse mundo e, quando finalmente chegamos a conclusão de quê não há razão para tantos questionamentos, percebemos que a vida passou e não aproveitamos nada dela.
Não é necessário nos questionar tanto!
#JaneFernandaN
O Gato Preto
Ando há milênios por esta terra. Vigio aqueles que não querem ser vigiados, espalho o temor por onde passo e retiro tudo o que um dia tiveram. Minha passagem é rápida, mas o acompanhamento, não. O que parecem ser apenas dez minutos para a hora H, para mim, são décadas. Porém, em certos casos, meu trabalho precisa ser mais rápido.
No meio da madrugada, enquanto caminho pelas ruas silenciosas, observo o pequeno felino preto. Ele caminha com a tranquilidade de quem já conhece cada buraco da calçada. Acompanhar animais é sempre mais fácil que acompanhar humanos. Eles são simples, puros, não lutam contra o destino. E eu, ainda que feita para ser imparcial, confesso: prefiro os animais.
O felino se aproxima de uma lata de lixo. Ao lado dela, um pratinho com restos de comida. Suas patas, enfaixadas com uma gaze velha e suja, repousam sobre o chão como se cada passo pesasse uma vida inteira. Já é a terceira vez na semana que o vejo assim. Desleixado? Talvez.
E isso explicaria por que estou aqui.
Por um instante, o perco de vista, mas logo o reencontro. Lá está ele, brincando com a menininha do vestido vermelho. Ela usa um coque bagunçado que tenta domar os cachos loiros, uma pulseirinha rosa e o sorriso de quem ainda não sabe que o mundo pode ser cruel. Ela o agarra com o carinho de quem enxerga valor onde outros veem apenas sujeira. Talvez nem tudo esteja perdido.
Não posso impedir o que está por vir, mas me pergunto: e se fosse um pouco mais justo?
Gatos pretos sempre foram ligados à má sorte, à morte. Superstições humanas. Ridículas, mas persistentes. Em um mundo cheio de guerra, fome e abandono, culpam um animal por tragédias que eles mesmos causam. Posso parecer ingênua questionando isso, mas toda lenda carrega uma centelha de verdade. Se não carregasse, eu sequer existiria.
Olho o meu velho relógio de bolso. Está quase na hora. Há nove anos acompanho esse gato. Longos e silenciosos nove anos…
A menina está mais alegre hoje. Ela tira algo do bolso e, com cuidado, coloca uma coleira rosa com uma jóia azul no pescoço do felino. Mesmo sem palavras, vejo sua alma brilhar com gratidão. Os humanos nem sempre percebem, mas os animais também sabem agradecer. E ela, talvez sem saber, recebeu aquele gesto como um presente.
De todos os dias que os acompanhei, este é o mais difícil. Não achei que ele sobreviveria tanto tempo. Sua vida não tem sido justa. Muitas vezes vi humanos roubarem meu papel. E pela primeira vez, sinto nojo do meu trabalho.
Ela se senta no chão com o gato no colo. Eles se apegaram demais. Em quatro meses, ela deu ao felino todo o amor que ele nunca teve em nove anos. Aproximo-me devagar e me sento ao lado dela. Ela não me vê. Não pode. Mas me sinto estranhamente presente ali. Observar os dois virou meu pequeno refúgio em meio ao caos. Deus tinha razão ao dizer que crianças e animais têm as almas mais puras.
O relógio apita. Meu rosto continua neutro, mas por dentro... tudo em mim queima. Fui feita para não sentir. Para ser imparcial. Mas se pudesse, congelaria esse momento para sempre.
Um homem se aproxima. Alto, barba grisalha, roupas rasgadas. Fede a álcool e tem o olhar de quem esqueceu o que é compaixão. Fala algo para a menina e vai embora como chegou: em silêncio. Sem deixar rastro, sem deixar paz. Não consigo deixar de pensar no dia em que terei de acompanhá-lo.
O gato me encara. Para a menina, ele parece tranquilo. Para mim, sua expressão é de compreensão. Ele sabe.
A garota, assustada, beija o felino e o coloca numa caminha improvisada. Antes de entrar em casa, sorri. O maior sorriso que já lhe deu. Mesmo forçado, tem algo de esperança. E então, ela desaparece porta adentro.
Meu relógio apita novamente. O suspiro do gato é fraco. O último.
Tiro do bolso uma pequena esfera e toco o corpo do animal. Ela brilha quando coleta sua alma. Sinto o peso de novo.
— Chegou minha hora? — sua voz ecoa leve. — Mas... e ela? Como vai ficar? Por quê agora?
Uma das grandes maldições dadas aos seres vivos é a da morte inesperada.
— Vocês irão se ver novamente — respondo com a garganta apertada.
— Eu vou reencarnar? Posso ser uma menininha? Ela disse que não tem muitos amigos…
— Não é assim que funciona — digo, caminhando pela escuridão. — Mas aquele que te envenenou vai pagar, mas eu não posso controlar o que está por vir. Eu... sinto muito.
Não o vejo, mas sei que ele está confuso. Guardo a esfera no bolso e paro na esquina. Pela primeira vez, cerrei os punhos.
— Vocês ficarão juntos, longe dessa baboseira toda…
Suspiro. Continuo andando pelas ruas, mãos nos bolsos.
— Volto para buscar ela daqui a algumas horas.
Vou embora, desejando ser alvo do papel que um dia me deram e que roubaram de mim. Desejei, pela primeira vez, não ser a ceifadora, mas sim, a colhida.
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