Fabio de Melo Acaso Deus Felicidade
Tenho fantasias abstratas e em alguns sonhos um amanhã abstrato também. A morte não fecha meus olhos ao adormecer, mas espreita o que minha vida pode oferecer. Liberto na dimensão dos sonhos é sempre alívio conseguir ser; ausente dessa condição minha própria posteridade vaga cemitérios de almas pêndulas diante uma realidade de pura ilusão. Meu coração não quer engasgar com nenhuma pobreza de sentido.
Aquela manhã era derramada de azul, sem o excesso desgosto onde na noite um querer fatigado se esconde. Era uma garça ou simplesmente o divino manifestando de maneira diferente uma chegança, anunciando outra saída para a vida aqui de dentro?! O que escapava era a loucura silenciosa, entrelaçada às nuvens de sal que ornamentavam toda passagem transformada. O pequeno graveto calculava a distância de onde seria noite àquelas horas e dos olhos que adormeciam alinhados à grande lanterna dourada que ia desbotando as cores do amanhecer. Como um espichar barbante e tocar eloquente qualquer inutilidade que naquele momento crescia também em qualquer quintal... Qualquer azul que derramava sol ou caía púrpura num minuto que existia o mundo inteiro.
A verdade destroça feito gole em garganta seca, percorrendo fendas sólidas onde mora a tolice e seus telhados tremulando orvalhos de tragédias. A verdade pode ser furiosa; não pensa olhos nem ouvidos, escorre saída de confusões encontradas. A verdade pode assombrar a alma, percorrer as órbitas pseudoentendidas e num suspiro cair no sono em batimentos da própria jornada. A verdade também sonha.
O Carubé-de-Pernambuco se foi e Ararinha-azul também não vejo mais. Lembram quando nas noites os vagalumes transitavam feito fagulhas estelares no céu?! Homens de concreto talvez não compreendam ou sintam essa ausência. Encontramos pairando nos galhos secos nenhuma explicação profunda de tudo que está ficando para trás. Adiante talvez mais tropeços de estômagos que simpatizam com mais grama; respirando qualquer porção de meias verdades que embrulham de ânsia todas páginas corridas no dedo e barcos navegando o lixo deixado para as gaivotas recolherem. Ah, os ursos clamam por uma história não soterrada; os macacos optam por não conversarem um idioma conhecido; do contrário, além de extintos poderiam ser escravizados, enquanto governos esclerosados empilham vagões até mesmo sem trilhos (como se isso fosse alguma vantagem em justificar outros meios) para nenhuma direção real, verdadeiramente alimentada. E na satisfação de caminhar por uma cultura consciente a Araucária mirabilis secou, como tantos outros nomes de uma lista que não será lembrada por nenhum acelerado atraso estúpido de um sinal verde dizendo: pare!
O dia nasce em enormidade, antes dos homens degenerados amanhecerem atômicos; jogando quem perde vida mais rápido. Poderia ser apenas a chuva desgastando pedra que cantou rã, escorregou peixe, num expelir entendimento de um sonho estranho que, encontra-se escorado, esperando um senso comum juntar folhas escancaradas no tique-taque de todo barulho lá fora. Por enquanto aos nascidos nas águas de hoje ainda é aconchegante toda possibilidade.
O ser humano não conseguirá enxergar o mundo ao seu redor como de fato ele é, a não ser que procure por ele mesmo enxergar além das aparências.
O cidadão é tratado como criminoso em potencial, enquanto os criminosos são vítimas da sociedade...
O mais estranho é perceber que o ser humano não gosta da ideia de uma sociedade justa, sem desigualdades, fome e pobreza. Isso é resultado direto de relações cada vez mais desumanas e do egoísmo.
O fim do mundo é um evento que, querendo ou não, será sucesso de audiência e público, e o seu lugar já está garantido.
A ignorância atrapalha o desenvolvimento do Brasil. E a única solução para esse problema está na educação. Porém, nos últimos tempos muitas pessoas passaram a ter orgulho da própria ignorância.
Ética não é simplesmente não falar mal dos outros ou seguir regras por obrigação sem nenhum tipo de consciência social. Ser ético significa zelar pelo Bem comum.
O hipócrita vive se gabando da sua moralidade e apontando os erros dos outros. Mas ele tem os pés de barro e o telhado de vidro.
