Eu sou uma Pessoa Timida
Deixa eu te contar um segredo: você é muito especial para Deus. Deixa eu te contar outro segredo: você também é muito especial para mim!
Hoje eu não vou reclamar. Hoje eu não vou dar moral para os hipócritas, políticos corruptos e nem pra essa gente metida a besta que se esforça pra tentar fingir que eu não existo. Hoje eu não quero saber dos falsos amigos, dos mentirosos e, muito menos, daqueles que medem as pessoas pela grana que possuem ou pelo carro que dirigem. São três horas da madrugada e eu só penso em ter mais um dia legal na minha vida. Quando amanhecer pode até estar chovendo ou fazendo frio, mas eu quero viver um dia ímpar e plenamente especial.
Quero abrir o jornal logo pela manhã e ler uma manchete dizendo que todas as guerras terminaram. Quero ouvir no “Bom Dia Brasil” que nenhum terremoto, furacão ou tsunami arrasou a terra, e que mais ninguém no mundo passa fome. Hoje eu não vou reclamar dessa vida louca, onde as pessoas idolatram o dinheiro e desprezam o amor. Hoje eu quero ir até a padaria e arrancar um sorriso franco da moça do caixa, sempre tão carrancuda e de mal com a vida. Quero receber o carteiro no portão da minha casa com a máxima cordialidade, mesmo que ele me traga apenas envelopes com contas pra pagar. Quero caminhar pelas ruas e ver as pessoas felizes, andando de mãos dadas, trocando gentilezas e ignorando os preconceitos.
Hoje eu não quero falar das fraquezas humanas e nem das mazelas que contaminam o cerne da nossa sociedade. Não quero falar e nem pensar nas sacanagens habituais promovidas pelos desonestos senhores e senhoras que nos governam. Isso estragaria o meu dia. Isso eu não quero. Hoje eu quero mais do que simplesmente acordar e abrir a janela do meu quarto. Hoje eu quero jogar bola com meu filho, andar de bicicleta pelas ruas da cidade e pescar lambaris num córrego qualquer. Hoje eu quero esquecer todos os problemas e reunir meus amigos pra fazer um churrasco, tomar umas cervejas, abraçar com força todos aqueles que quiserem estar na minha companhia e sorrir... Apenas sorrir.
Hoje eu não quero reclamar de nada. Hoje eu só quero poder olhar pro lado e ter o discernimento de perceber que existem pessoas enfrentando dificuldades muito maiores do que as minhas e, com isso, me sentir feliz pela vida que eu tenho, por estar vivo e por poder expressar a minha gratidão por tudo que eu já conquistei. Hoje eu quero enxergar somente as coisas boas da vida.
Quero reservar este dia para agradecer ao meu Deus por tudo que Ele tem feito por mim; por tantas pessoas fantásticas que já cruzaram o meu caminho; pela família sólida e exemplar que eu tenho; pelo trabalho digno e honroso do qual provém o meu sustento e por tantas coisas boas com as quais eu tenho sido abençoado e que, talvez eu nem as mereça. Hoje eu não vou reclamar. Hoje eu tirei o dia apenas para dar amor, caminhar de cabeça erguida e ser feliz... Simplesmente, ser feliz.
Eu peço a Deus tudo o que eu quero e preciso. É o que me cabe. Ser ou não ser atendida – isso não me cabe a mim, isto já é matéria-mágica que se me dá ou se retrai. Obstinada, eu rezo. Eu não tenho o poder. Tenho a prece.
Sei que supostamente estou sozinha agora
Sei que eu deveria estar infeliz
Sem alguém
Mas eu não sou alguém?
Eu não sei, fui acostumada, fui criada, totalmente sem carinho ou atenção, tive um longo tempo da vida onde isso também não foi me dado. Então quando resolvi crescer e me reconstruir incorporei isso em mim. Dar atenção ao máximo, aos amigos, a família a quem vive nos meus dias, estar sempre presente, ler, ouvir, aconselhar e muitos me procuram pra isso, e em todo tempo. Agora! Chega um belo dia que eu preciso falar, que eu quero desabafar minhas neuras e algo que me angustia, e não tem ninguém ali, ninguém esta disposto, estão todos muito envolvidos com algo, ou em algo e fingem não ouvir, ou já julgam o que eu acho ser um problema como uma coisa banal e simplesmente ignoram-me. Vi isso e doeu. Me senti estranha por precisar disso, então vejo que ainda não me basto, e também isso tenho que aceitar. Aceitar que não me basto e que os outros não estão nem aí com o que penso, sinto ou julgo... Se eximindo, não me dando a mínima atenção quando eu sinto precisar tanto. Às vezes no auto da arrogância que "ainda" há em mim, queria falar de muitas coisas, contar histórias, conjecturar, discutir os problemas do mundo, mas me contenho, porque eu sei que a falta de atenção dos "queridos" a minha volta me corrói, mas não aceito e não entendo. Se não ajo assim com as pessoas, por que elas agem assim comigo? A falta de atenção de quem a gente gosta, falta de envolvimento no assunto, dói mais que bater o dedinho na quina do sofá e nos decepciona muito com as pessoas a nossa volta. Eu sempre fico angustiada, com falta de atenção mesmo quando a mesma não se dirige a mim, me sinto mal vendo alguém ser ignorado num momento em que precisa falar, pôr pra fora, e a pessoa é simplesmente ignorada, como se não existisse, como se não estivesse falando, ou não estivesse ali. Isso me corrói e causa ira, e não quero esses sentimentos em mim mais não. Claro que tem o povo chato, que tenta encher o saco todo dia e com os mesmos problemas e lamentações, que querem falar e falar, e falar. Me policio pra não encher o saco de ninguém. Então fico disponível pra ouvir, palpitar, opinar, rir, falar de merdas que nem me interessam, mas dando atenção. Quando eu precisei encontrei o vácuo, o "não to nem aí", o "ok"... (ah! como odeio os "ok"). Assim é a merda do ser humano: quando precisam, você dá. Quando você precisa, que se dane. Então disso tiro mais uma lição: não sou assim tão importante aos que penso ser, e meus problemas não interessam a ninguém. Ninguém quer perder conversas em outra telas, outros telefones, perder meia hora. Porque simplesmente, não importo pra ninguém e ninguém quer escutar, e o que me angustia não angustia o outro. Mas, ora, às vezes também preciso falar.
Eu escancarei a porta – ridiculamente ansiosa – e lá estava ele, meu milagre pessoal. Meus olhos acompanharam suas feições: o quadrado do queixo, a curva suave dos lábios cheios – agora retorcidos num sorriso –, a linha reta do nariz, o ângulo agudo das maças do rosto…
Deixei os olhos para o final, sabendo que, quando olhasse dentro deles, talvez perdesse o fio do pensamento. Eles eram grandes, calorosos como ouro líquido, e emoldurados por uma franja grossa de cílios escuros. Olhar seus olhos sempre fazia com que eu me sentisse extraordinária – como se meus ossos tivessem virado esponja. Eu também ficava um pouco tonta, mas isso devia ser porque eu me esquecia de respirar. De novo.
Não haja como se eu não tivesse lutado por você. Eu lutei, muito e por muito tempo, perdoe-me se agora estou cansada.
Mas quando ele te liga, você fica mansa, é eu sei
Seus passos são comandados pela esperança,
Mulher, talvez com ele seja igual
E ele só tenha medo disso não dar certo no final
Ou, ele queira memo é te zoar
Mas uma coisa é certa, você só vai saber quando tentar
O tempo vai dizer se isso é atoa
A gente mal comanda a gente, muito menos outra pessoa..
Mas deixa isso tudo pra lá, eu e a minha estranhice, estranheza, estranhagem, estranhamento, estranhação. Estranha ação. É isso aí, sou cheia de estranhas ações.
Eu prefiro as pessoas que conseguem ver o lado claro das coisas mesmo que todo dia anoiteça. Gente que se abala com os fatos sim, mas que não quer derrubar a estrutura do outro só pra vê-lo no mesmo nível em que estão. Com o tempo a gente aprende que todos têm o ônus e o bônus, mas poucos conseguem carregar dores e doçuras sem despejar em ninguém suas amarguras. Eu ainda acredito mais em sonhadores incuráveis do que em caçadores de mágoas...
Sarcasmo não o único serviço que eu ofereço.
Eu até mudaria o mundo, se essa tarefa fosse bem remunerada.
Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar.
Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo.
Ande ao meu lado, para podermos caminhar juntos.
Não importam as circunstâncias e não importam as adversidades, por mais difícil que seja eu vou seguir em frente e vou reunir todas as forças para que eu me transforme cada vez mais na pessoa que eu decidir ser.
Eu finalmente desisto de querer mudar você. Desisto porque eu preciso desistir, porque já não me atrai insistir numa causa que já está há muito perdida, afinal de contas, se durante todo esse tempo eu não fui capaz de fazer a mínima alteração no seu corte de cabelo, que chances eu teria de mudar o seu jeito de ser? E sabe o quê? No que me diz respeito, você nem precisa. Porque eu adoro suas qualidades, mas gosto mesmo é dos defeitos. De todos eles, um por um.Eu amo o desenho torto das suas sobrancelhas e o arquejo engraçado que elas formam quando você sorri. Eu amo quando você diz que me ama, desse seu jeito de amar aos pedaços, à La carte, com hora marcada. Eu amo, da forma mais insanamente egoísta, o seu péssimo gosto musical, que faz com que eu me sinta tão mais infinitamente culta que você, ainda que, no fim das contas, eu acabe chorando sozinha ouvindo minhas bandinhas Cult, enquanto você se enrosca por aí num corpo qualquer ao som do seu tão amado sertanejo universitário. Eu amo sua conversa chata sobre como eu fico ridícula falando sobre as minhas séries de TV que você não conhece, porque até o seu silêncio é muito mais interessante que qualquer conversa sobre os meus livros que você também não conhece. Eu amo a confusão que é a sua família, que é você, que é a gente.
E pode aparecer um cara bonito, inteligente, que goste do que eu gosto e que preste atenção no que eu falo que, mesmo assim, eu não vou querer, porque, com tantas qualidades assim, é claro que ele não poderia ser melhor que você. Ninguém mais me faz enxergar o sofrimento com tanta alegria, e a paixão com tanto fervor adolescente. Mesmo que eu siga em frente, e beije outra boca, e até me encante por um outro alguém, com você é diferente. Com você, sempre vai ser diferente. Eu gosto dos seus olhos, do seu beijo, do seu cheiro, das suas roupas, do seu nome, e do número do seu telefone. E a verdade, se quer saber, é que eu não me sinto tola ou envergonhada por isso. Porque se não for com, por, para e sobre você, não vale a pena.
Eu não posso decidir por você. E também não posso te obrigar a nada. Não tem como abrir a sua cabeça e colocar dentro dela as matérias que você nunca estuda. Não posso dizer pro teu coração retribuir meus sentimentos. Não posso simplesmente pegar suas mãos enquanto caminhamos pelas ruas da cidade. Não tem como te fazer sorrir só porque eu sorri. Não posso abrir os teus braços e simplesmente me encaixar dentro deles. Não posso viver por dois. Não posso amar por nós dois.
