Eu sou uma Mulher Super Perigosa

Eu sou uma atriz para mim. Eu finjo que sou uma determinada pessoa mas na realidade não sou nada.

Sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minha resposta; caso contrário, estarei reduzido à resposta que o mundo me der.

Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.

Eu sei, sou uma pessoa fria muitas vezes. Minha frieza é minha proteção.

Eu sou uma eterna apaixonada por palavras, música e pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, onde você nasceu, quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono.

Eu sou uma estação, é isso.
Assim não dói além
Porque eu sei, desde o começo, que sou passagem.

Eu sou uma banheira transbordando sentimentos. E não tem ninguém pra fechar a torneira.

Eu sou pior do que superficial. Eu sou uma piscina de criança.

Parem
eu confesso
sou poeta
cada manhã que nasce
me nasce
uma rosa na face
parem
eu confesso
sou poeta
só meu amor é meu deus
eu sou o seu profeta.

Eu sou uma chama acesa! E rebrilho e rebrilho toda essa escuridão.

Sou um apreciador dos opostos, das diferenças.
Se fosse para eu apaixonar-me por uma pessoa em tudo parecida comigo, eu namoraria com o espelho.

Ao tentar corrigir um erro, eu cometia outro. Sou uma culpada inocente.

Primeiro, preciso convencer a mim mesma de que sou uma pessoa. Depois, talvez eu me convença de que sou uma atriz

Sou uma ótima dona de casa: sempre que me divorcio, eu fico com a casa.

Mas eu sou uma chata que parece viver com medo de dizer as coisas claramente.

Eu não sou uma sonhadora. Só devaneio para alcançar a realidade.

Não me posso resumir porque não se pode somar uma cadeira e duas maçãs. Eu sou uma cadeira e duas maçãs. E não me somo.

Mas o que sou eu então? Uma coisa que pensa. E o que é uma coisa que pensa?

Nunca precisei fingir que sou uma pessoa boa. Nunca precisei fingir que eu não to nem aí quando eu to mais aí do que aqui. Não faz meu tipo. Me esforço às vezes pra ser romântica, pra acreditar nos planos. Pra acreditar nas pessoas. Nunca chorei pra convencer. Talvez porque não faço questão de convencer. Ou, como você mesmo diz, sou direta. Fria. Seca. É. Nada disso é novidade pra ninguém. É só o meu jeito.

Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo. Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora…