Eu sou aquilo que Perdi Fernando Pessoa
Sabe, mocinha, eu sou como o ar.
Etéreo. Inconstante. Imprevisível.
Eu posso te carregar comigo,
soprar suavemente em teu rosto,
ou simplesmente ir embora, bruscamente, feito furacão.
Mas curiosamente, isto não depende de minha vontade:
tudo depende apenas de você
e de como você será comigo.
“Eu sei que sou pesada, triste, dramática, neurótica, louca, insatisfeita, mimada, carente. Mas você se esqueceu da minha maior qualidade: eu sou só. (...) O mundo é cheio de opções sem você, mas todas elas me cheiram azedas e murchas demais.”
Eu sou bem boba, às vezes retardada, dou risada de coisas sem graça, tropeço em tudo, eu não sou normal.
Sou tricolor, sempre fui tricolor. Eu diria que já era Fluminense em vidas passadas, muito antes da presente encarnação.
Todo e bom profissional de Enfermagem é um guerreiro por enfrentar um sistema injusto, escala de trabalho pesada, salários baixos e dificuldade de exercer a profissão e de dá uma boa assistência para os paciente. Trabalhamos muitas vezes em cenário de guerra e sobrevivemos. Somos fortes!
"Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidades eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora."
Dorme sobre meu seio,
Sem mágoa nem amor...
No teu olhar eu leio
O íntimo torpor
De quem conhece o nada-ser
De vida e gozo e dor.
Nota: Trecho de poema do livro "Poesias", de Fernando Pessoa.
Eu sei que por algum tempo vou seguir oscilante entre a razão e o desejo. Algumas decisões são tomadas com o coração inquieto e o pensamento tomado por muitas coisas que aconteceram e que acontecem, tudo misturado. Sei também que o tempo vai ser meu amigo para essas coisas da vida. Com coragem eu sigo, nessa velocidade que eu não temo, nem mesmo de ousar ser feliz.
Se às vezes eu disser que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam
Não é porque eu julgue que há sorriso nas flores
E cantos no correr dos rios.
É porque assim faço, mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque eu escrevo para eles me lerem, sacrifica-me às vezes,
À sua estupidez de sentidos.
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Por que eu sou só essa coisa séria uma intérprete da natureza,
Porque os homens não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
ANIVERSÁRIO
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Há um grande cansaço na alma do meu coração. Entristece-me quem eu nunca fui, e não sei que espécie de saudades é a lembrança que tenho dele. Caí entre as esperanças e as certezas, com os poentes todos.
Canção da Torre Mais Alta
Ociosa juventude
De tudo pervertida
Por minha virtude
Eu perdi a vida.
Ah! Que venha a hora
Que as almas enamora.
Eu disse a mim: cessa,
Que eu não te veja:
Nenhuma promessa
De rara beleza.
E vá sem martírio
Ao doce exílio.
Foi tão longa a espera
Que eu não olvido.
O terror, fera,
Aos céus dedico.
E uma sede estranha
Corrói-me as entranhas.
Assim os Prados
Vastos, floridos
De mirra e nardo
Vão esquecidos
Na viagem tosca
De cem feias moscas.
Ah! A viuvagem
Sem quem as ame
Só têm a imagem
Da Notre-Dame!
Será a prece pia
À Virgem Maria?
Ociosa juventude
De tudo pervertida
Por minha virtude
Eu perdi a vida.
Ah! Que venha a hora
Que as almas enamora!
Ah...
Hoje eu quebrei o meu despertador logo pela manhã
Tocou atrasado e eu quase perdi o horário da van
Agora você vê como são as coisas, Maria José
Se der
Se der
pra você me emprestar aquele seu vestido azul cor de mar
E se não servir vou tentar perder um quilo e meio até lá
Semana que vem é o tal casamento e eu não tenho o que usar
Se der
Ah...
E falando nisso homem bom hoje em dia tá ruim de arranjar
Aquele que eu tinha eu peguei com outra, mandei ele andar
Malandro e folgado comigo não dura mais nem um luar
Tá rindo, é?
Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pro santo não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos
Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pra não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos que dá
Ah...
Recebi um torpedo da telefonia no meu celular
prometendo desconto as três da manha se eu puder falar
Mas de madrugada quem vai me atender? Quem vai me ligar?
Eu hein?
Tchau!
Fique tranquila que o vestido eu cuido não deixo sujar
Quem sabe eu te ligue pra poder a tarifa a gente aproveitar
ou quem sabe eu arraje até alguém novo pra mim namorar
Ta rindo, é?
Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pro santo não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos
Ah...
vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar
A minha oração é bem curta pra não entediar
E vamos que vamos... e vamos que vamos que dá
E vamos que dá...
E vamos que dá...
EU TE AMO
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
Não sei se sou autoritário. Durante as filmagens, sou decerto uma pessoa diferente, sem tempo para delicadezas. Mas será que, numa operação, o cirurgião diz: poderia me passar o bisturi, por favor? Muito obrigado. Claro que não. Ele só diz: bisturi!
