Eu Sonho o que eu quero Pedro Bandeira
Os Cegos do Castelo
Eu não quero mais mentir
Usar espinhos que só causam dor
Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu
Dos cegos do castelo me despeço e vou
A pé até encontrar
Um caminho, o lugar
Pro que eu sou
Eu não quero mais dormir
De olhos abertos me esquenta o sol
Eu não espero que um revólver venha explodir
Na minha testa se anunciou
A pé a fé devagar
Foge o destino do azar
Que restou
E se você puder me olhar
E se você quiser me achar
E se você trouxer o seu lar
Eu vou cuidar, eu cuidarei dele
Eu vou cuidar
Do seu jardim
Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele
Eu vou cuidar
Eu cuidarei do seu jantar
Do céu e do mar, e de você e de mim
E quando você vai embora, eu quero que você volte mais uma vez. É que quando você volta, eu me lembro que as coisas nunca vão ser do jeito que eu queria, e aí eu tenho certeza que se for assim eu fico melhor sozinho. E quando você vai embora de novo, eu me lembro que eu prefiro te ter pelo menos por perto do que não te ter de jeito nenhum.
Eu quero que mamãe me veja pintando a boca em coração
Será que vai morrer de inveja ou não
Ai, se papai me pega agora abrindo o último botão
Será que ele me leva embora ou não
Será que fica enfurecido será que vai me dar razão
Chorar o seu tempo vivido em vão
Sem Título (1984)
Eu não quero ficar em silêncio
Não mais!
Eu não quero escrever no banheiro
Jamais.
Eu não quero ficar no escuro
Não mais!
Eu não quero me sentir solitário
Nunca mais.
Eu não quero viver com quem é fraco
Não mais!
Eu não quero me sentir tenso
Jamais.
Eu não quero sofrer
Não mais
Eu não quero peso nas costas
Nunca mais.
Eu não quero deixar de sorrir
Jamais
Eu não quero andar de passo leve
Não mais.
Eu não quero viver gastando palavras
Pra quem não me ouve jamais!
Eu não quero dúvidas de quem não me aceita, não mais!
Eu não quero o silêncio
De quem não me preenche com palavras de paz.
Eu só quero que as pessoas que eu gosto muito, mas muito mesmo, sejam muito felizes porque isso me dá uma paz danada.
Se eu sou tão fechado às vezes, não me leve a mal: é que todas as vezes engasgo quando quero dizer o quanto eu sou grato a você!
ESTOU DE VIAGEM
O vento sopra,
O horizonte avança,
A imaginação brota,
Um sonho alcança.
Cada canto
Uma nova cidade,
Um ar de encanto,
De felicidade.
Lugares acanhados,
Tamanha simplicidade,
Outros avançados,
De prosperidade.
Um verde esquisito,
Relevo acidentado,
Galhos retorcidos,
Estou no cerrado.
Carros que se cruzam,
Pessoas que passam,
Famílias que se mudam,
Viajantes que se afastam.
Estrada sinuosa,
Subindo e descendo,
Curvas perigosas,
Ora dormindo ora atento.
Eu prossigo a andar
Contemplando a imagem,
Não posso parar,
Estou de viagem.
E a temperatura
Esquenta o carro,
É sol e chuva,
Poeira e barro.
O sol no caminho,
Amigo verdadeiro,
Não estou tão sozinho,
É o meu companheiro.
Mas chega a hora
De ele se esconder,
Tem que ir embora,
Té ao amanhecer,
Não estou preocupado,
A viagem continua,
Olhando ao lado
Eu vejo a lua.
Na solidão da noite
Recordações precisamos contê-las,
Na claridade dos pensamentos,
Sobre a luz das estrelas
Passo a passo
Avanço nos pensamentos,
No tempo e espaço,
Aproveitando os momentos.
Eu prossigo a andar
Contemplando a imagem,
Não posso parar,
Estou de viagem.
Às vezes eu falo com a vida, às vezes é ela quem diz: qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz?
Contemplação
Sonho de olhos abertos, caminhando
Não entre as formas já e as aparências,
Mas vendo a face imóvel das essências,
Entre ideias e espíritos pairando...
Que é o Mundo ante mim? fumo ondeando,
Visões sem ser, fragmentos de existências...
Uma névoa de enganos e impotências
Sobre vácuo insondável rastejando...
E dentre a névoa e a sombra universais
Só me chega um murmúrio, feito de ais...
É a queixa, o profundíssimo gemido
Das coisas, que procuram cegamente
Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim só pressentindo...
Mas a bela juventude é como um sonho frágil, / que dura pouco: sobre a cabeça do homem / logo pende a funesta, a horrível velhice, / que o torna, ao mesmo tempo, disforme e desprezado, / envolve os olhos e a alma, destrói-os e ofusca-os.
O sonho é um túnel que passa por baixo da realidade. É um esgoto de água clara, mas não deixa de ser esgoto.
Sonho Oriental
Sonho-me ás vezes rei, n'alguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsamica e fulgente
E a lua cheia sobre as aguas brilha...
O aroma da magnolia e da baunilha
Paira no ar diaphano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...
E emquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto n'um scismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,
Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descanças debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.
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