Eu Prefiro ser essa Metamorfose Ambulante

A amizade que reserva segredos não chega a ser íntima nem verdadeira.

O indivíduo, na sua angústia de não ser culpado mas de passar por sê-lo, torna-se culpado.

Tudo o que pode substituir-se com facilidade pode ser abandonado mais facilmente ainda.

Ele sempre foi muito esperto, mesmo quando era criança. Mas uma coisa é ser esperto, outra é ser sábio.

O ser humano pode ter muitos amigos, mas amigos autênticos são poucos.

Encontrar defeito é fácil, mas fazer melhor pode ser difícil.

A fé pode ser definida, em resumo, como uma crença ilógica na ocorrência do improvável.

A música pode ser o exemplo único do que poderia ter sido - se não tivesse havido a invenção da linguagem, a formação das palavras, a análise das ideias - a comunicação das almas.

A liberdade também deve ser limitada a fim de ser possuída.

As pessoas são ridículas apenas quando querem parecer ou ser o que não são.

Todo ser é completo por si.

A educação de um povo pode ser julgada, antes de mais nada, pelo comportamento que ele mostra na rua. Onde encontrares falta de educação nas ruas, encontrarás o mesmo nas casas.

Há duas maneiras de espalhar a luz: ser a vela ou o espelho que a reflete.

As verdades podem ser nuas - mas as mentiras precisam de estar vestidas.

Não há cura para o nascimento e para a morte, a não ser usufruir o intervalo.

Por vezes à noite há um rosto
Que nos olha do fundo de um espelho
E a arte deve ser como esse espelho
Que nos mostra o nosso próprio rosto.

Ser valente é muito mais fácil do que ser homem.

Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar com batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um São Francisco de Assis, com luva de borracha e um passarinho em cada ombro.

A lei deve ser breve para que os indoutos possam compreendê-la facilmente.

Sou

Sou o que sabe não ser menos vão
Que o vão observador que frente ao mudo
Vidro do espelho segue o mais agudo
Reflexo ou o corpo do irmão.
Sou, tácitos amigos, o que sabe
Que a única vingança ou o perdão
É o esquecimento. Um deus quis dar então
Ao ódio humano essa curiosa chave.
Sou o que, apesar de tão ilustres modos
De errar, não decifrou o labirinto
Singular e plural, árduo e distinto,
Do tempo, que é de um só e é de todos.
Sou o que é ninguém, o que não foi a espada
Na guerra. Um esquecimento, um eco, um nada.