Eu Nao tenho Culpa de estar te Amando
Borboleta
(Poema de Bruna Wotkosky)
Eu era como uma borboleta recém-saída do casulo,
mas sem forças próprias.
E sem forças, o sangue não corre pelas asas,
e as asas não têm poder para voar.
Eu caminhava errante,
presa ao chão que não era o meu lugar.
Mas em algum momento, o Senhor me levou de volta ao casulo.
E lá, precisei lutar para sair outra vez.
Foi um esforço imenso.
Mas essa luta renovou o fluxo da vida em minhas asas,
e me deu força para voar.
Hoje, ainda lembro do tempo em que andava mais abaixo.
Mas ao lembrar, vejo também a força que precisei para renascer.
E agora, conheço a beleza de voar.
Se falarem que sou uma péssima pessoa, eu sou. Eu posso receber todos os adjetivos e ser tudo aquilo que o outro acha que sou na perspectiva dele, nas vivências dele. Eu posso ser um fragmento na mente dele. E eu não tenho controle sobre isso. Eu sou o que realmente sou.
Eu sou como um pássaro ferido tentando se curar para poder voltar a voar, preciso parar de jogar sal nas minhas feridas, só assim conseguirei sentir novamente a sensação de ser livre, livre de pesos desnecessários que me impedem de alçar voo.
Eu sei que te amo
Apenas isso
Pela forma que você tocou meu coração
Pelo jeito que você invadiu a minha vida
Pela forma que você ocupou todos os espaços
Que mesmo sem imaginar que faltava algo em minha vida
Você apareceu
E não era algo que me faltava, e sim o que eu precisava
"Assim como a infância virou lembrança e depois será esquecida, eu também sou apenas algo temporário no fluxo indiferente da existência."
O POEMA DO MENINO ASTRONAUTA
(Acredite: Eu acho que fica mais bonito quando declamado em língua de sinais)
"Sou do tamanho do espaço Surdo - infinito.
Sempre crescendo a cada novo sinal que vou aprendendo.
O espaço Surdo é assim: expansivo e criativo.
Está vendo aquele ônibus que dá longas voltas para chegar ao seu destino?
Pois bem, aqui não se diz longo e demorado. Se diz _ônibus-cobra_, que é para encurtar. E todos entendem de pronto!
Isso deixa os blablablantes tontos.
E se pode imaginar uma cobra grande e com rodas, transportando as pessoas, dando voltas sem fim? A resposta é sim - sem problemas. Afinal, é um ônibus-cobra.
Olha que incrível, e que tem bem mais a ver: imaginar a cena é mais prático que a descrever!
Os jogos das mãos; o ballet do corpo e das expressões - criativa imaginação que vira comunicação.
Percebo:
Os olhos também foram feitos para escutar - é assim que acontecer vai além de ser e estar. [...] " (CODA, O MENINO ASTRONAUTA, p. 54 - 55)
Eu costumava pensar que lá fora era lá fora, e aqui era aqui. Mas agora que saí e fui trazido de volta… Eu sei. Lá fora, aqui, é tudo igual. Só que aqui, ninguém precisa mais fingir.
