Eu e Voce de Luiz Antonio Gasparetto
PEROLA
Bate pra cima a peteca
fazendo lacuna no vento
no vácuo da sua caneca
nas asas dos sentimentos.
Antonio Montes
TABUA DE CARNE
Tabua de carne...
Abre alas para o tempero da morte
A qual, todavia se oferece
para fazer dos seus adversários
seres tenebrosos e fortes.
Ali se debruçam em peças para serem
talhadas por golpes de pulsos firmes,
suados e sedentos de sangue...
Ali seres simples são cutilados pelo
poder da ganancia; insaciável dimensão
todavia despencando pelos mesmos poderes
Poderes que com suas laminas frias e afiadas...
semeiam suas mensagens terminais.
Tabuas de carne afago de, o penúltimo partir
ceifadeira de singelas vidas,
é uma peste seu empestear por aqui.
No ultimo tremor do momento final do existir
sobre aqueles mórbidos segundos,
o erro se enche de duvidas
dividindo a sepulcral partida
com os erros errados da vida.
Antonio Montes
TÉTRICO
Ações rasas embala...
Embalam, balas que não podem parar
Mas falam, falam quando dispara
... Falas e desconsolo que fazem chorar.
Tilintam na casa do desespero
em desterro por ter que enterrar
chuvas de mal gosto, ao mundo inteiro
aos gostos que podem exterminar.
Balas... Balas que ao falar cala
por dedos tesos, ao articular
depois demarcam, abscuro da cara
pra nunca mais poder voar.
São ela, pontos de toda uma vida
pesponto do dedal, magistral morte
balas, vão ao sul semeando lagrimas
aterrorizando o sol no amanhecer norte.
Antonio Montes
EXTREMADO
Contigo a meu lado
O mundo é uma musica
os momentos serão fados
... Tudo valerá apena
os risos serão de agrados
na nossa noite de novena.
Contigo a meu lado
meu outono será flor
meus planos voaram no amor
e as manhãs do meu condado
me farão ficar animado
serão risos límpido de sol
com felicidade em esplendor.
Tu será colméia do meu reino
a seiva da minha paixão
meus momentos de apego
doce mel do meu coração.
Será flores do meu jardim
em primavera do meu tre,le,le
harmônicas pétalas para mim
e eu ramalhete p'ra você.
Antonio montes
O CAROÇO
O caroço esta grosso
não cabe mais na panela.
O rango esta ensosso
a canjica cheia de osso
será que a culpa é d’ela?
São tantas as fomes sobre as mesas
que até falta prato e tigela.
Falta também alegria
e esta sobrando tristeza
e o requinte perdeu a beleza.
A moda agora é surrupiar
é rico roubando pobre
e pobre a se enterrar.
Isso sempre aconteceu
Deus acode o mundo teu
e se não for de mais, diga...
Quanto isso vai acabar?
Antonio Montes
REINAÇÃO
Enquanto o fole folheava a folia
o fado era sapateado pelos pés
a dança, demarcava n'aquele dia
o pulsar do coração em aranzel.
Musica, voava como asas no salão
flutuando, elevando o sentimento
era sola solada, pulsando coração
Era corpo trepidando o momento.
Enquanto o fole folheava o fado
a noite tremia e se fazia criança
para vontade, tudo era agrado
a imaginação, bolia a esperança.
O ritmo requebrava os lados
o peito seco arfava uma canção
o fole folheava folia com o fado
o fado a folia, vagava imensidão.
Antonio Montes
O TOMBO
Splaft! Escorreguei!
cobri o chão com as costas
e de barriga pra cima
avistei o céu desfocado.
Já não esta azul assim
perdeu o blue para minha ótica
pra mim, está carmim.
Rasguei o esqueleto
pintei o chão com meu vermelho
fiquei menos preto
menos cor para o espelho.
Seu doutor cai?!
Machuquei a coluna
vê se apruma
pois só tenho uma.
Não posso ficar de papo pro ar
sou pobre me arruma
eu tenho que trabalhar.
Não quero injeção
não fure o meu coro
cuide de mim
se não eu morro.
Antonio Montes
O TOPO
Estrondo no topo
olhares para o morro
é chuva apagando poeira
é agua despencando na ribanceira
Os bêbados...
Estão todos encharcados
Os relâmpagos...
Com seus pontos e encantos,
correm costurando as nuvens
tudo sempre foi como esta.
Maria pra que falar mal...
Corra, corra! Corra...
Vá recolher as roupas do varal.
Antonio Montes
PASSAR PASSAGEIRO
Uma pena pintada
de uma ave dourada
a saltar pela estrada
se expandindo ao ar
com envergadura aberta
a voar.
Voa, voa passarinho
sua beleza consagrada
sem enfado em seu ninho
vai planando em revoada.
Chega sempre em seu destino
Com seu passar passageiro
outros mares outros hinos
passando ao mundo inteiro.
Passarinho, passarinho
me leve ao destino meu
na hora antes do tino
no tempo antes do adeus.
Antonio Montes
PATA DA PATOTA
A pata da patota
anda choca
e vai nascer os seus patinhos
todos pequenos
e pelo terreiro...
andarão serenos.
São todos amarelinhos
vagando no quintal
Eles piam
eles correm
E sobre a água
eles a nadam.
A patota não se importa
e todo dia abre a porta
para ver a pata choca.
Antonio Montes
Tudo na vida tem um ponto.
Ponto incerto.
Ponto sem nó.
Ponto de interrogação.
E aquele três pontinhos atravessando.
Dizendo que nada acabou.
Muito a se dizer.
E o prazer de uma flor florir.
Uma incerteza dentro da outra.
Sou um ponto de exclamação no universo de uma reticência.
A vida é assim, cheia de reticências, exclamações.
Menos um ponto final...
VAQUEJADA
Quanto boia por amor,
boiando, causando, dor
boias nas águas dos oceanos
aboiando sonhos e planos.
Ao povo boiá, quando mente
inocentemente coração de inocente
política demente boiá arduamente...
Ao mentir para muita gente.
Aboia tropeiro vaquejador...
A vacada com poeira na estrada
pela caatinga do sertão, pelo senhor
aboia o gado, aboiado, por nada.
Aboia o mundo todo... Todo tempo
pelos trilhos e caminhos da vida
aboia a dor paixão, ventos sentimentos
aboia a morte na hora da partida.
Antonio Montes
ENCRUZILHADA
Qual... Linha, corda, passos
... Separa santos ou demônio...
A linha que amarrou o saco das moedas?
a corda que amarrou os braços da cruz?
... A que enforcou o pescoço na forca?
ou aquela que asfixiou a voz da luz...
Qual cordas, linhas ou passos...
Que queimou as almas na fogueira
... Passos de novenas da igreja?
os da mordia da fruta no Éden
do jantar a luz de vela e o beijo
de um olhar torto a vida inteira...
Ou de um ganancioso e fúnebre desejo.
Passos das ovelhas para grelhas
de um pastor cheio de pecado
ou de um lobo caçador e sua dor?
Qual linha, corda ou passos,
que separa santos e demônios...
Linha da verdade e a mentira?
Do jogo do perdão, ou do rogo?
Dos palcos dos fingimentos das promessas
dos botões de sua camisa...
Ou a gravata do seu engomado terno?
Seu terno, seu céu, seu inferno seu berro?
Que linha, corda ou passos eu passo...
para me tornar, santo ou demônio
Para chegar aos céus
ou ficar no inferno?
Antonio Montes
AIROSO
Aposto ao posto
em posto gosto
apos agosto
gosto insosso
d'esse tal imposto.
Se tem mal gosto...
No gosto posto
e admira o poço
no posto do rosto
p'ra que tanto gosto
com pouco gosto.
Se deixa o posto
do rosto sem rosto
paladar de encosto
cobrança de desgosto
sob nó no pescoço.
Antonio Montes
PERDEU-SE
A justiça...
À muito anda de saia justa
perdeu-se na bagunça
e injusta...
Cambaleia sobre o caminho
da lealdade desse mundo
e com seus atos tortos e profanos...
toma decisões de enganos.
A justiça às vezes...
Sem ter certeza, determina o final.
Outras vezes, por indiferença...
Fecha os olhos
camufla-se em sua janela
e não caminha
até e fundo do quintal.
A justiça injusta
e com sua preguiça...
Tem andado pelo caminhos
das injustiças.
Antonio Montes
PLACAS NA CIDADE
As cidades e suas placas
que emplaca e desempaca
nas placas de tabuas
e placas de latas.
Siga em frente
atenção! Retenção!
Não pise na grama!
Não jogue lixo no chão.
Proibido buzinar
entre as direita
vá para esquerda
você esta sendo filmado
se dirigir, não beba.
Proibido fumar
não tome álcool
não use o celular
cuidado para não engordar!
Não há vagas
vende um cão
nessa rua tem ladrão
cuide do seu coração.
Jogue lixo no lixo
entrada proibida
comida por quilo
empréstimo da sua vida.
Não estacione
devagar! Eu posso parar
Faça seu jogo
proibido fogo.
Velocidade controlada
cuidado! Pedestre
norte sul
tanto tudo, tudo nada!
Antonio Montes
PRESENTE
Lhe-dei o meu coração...
E o que fizeste foi pisar,
então pisa, mas pisa devagar!
Para que assim...
No dia em que eu vier ficar livre
eu venha sorrir e com felicidade
a toda prova...
Eu também possa amar.
Antonio Montes
EMOLUMENTO
Essas luvas que me enluva...
Me cala do frio
me salva da chuva.
Essas luvas, leva-me na lembrança
de quando criança
os ventos as tranças
as parreiras das uvas.
Essas luvas que me enluva
aquece meu medo
da gata que esturra
no cume da serra
aonde os ventas urram...
Essas luvas me empurram
na espuma da praia
pelas roupas de cambraias
e pelos ferrões de saúvas.
Essas luvas me alugam
corações sempre em duvidas
essas luvas, me usam.
Antonio Montes
UTOPIA
Ainda pequena, quantas e quantas
vezes aquela crianças, brincava de ser adulta
nesse sonho de brincadeira, se colocava
como dono de império
se vestia de rancor, dava ordens
dava chibatadas, prendia
xingava os ventos
as vezes maldiçoava o momento.
Em meio a essas brincadeira de adulto
... Se colocava como se fosse um tirano,
se maldizia em sentimentos,
e maldiçoava-se por ainda ser pequeno,
mas como pequeno...
Tinha lá suas brincadeira de época
... Bola de gude, amarelinho
sentados em roda com sua pedrinhas
... Cinco marias,
cavalo de cabo de vassoura, peteca.
Como criança... Chorava abertamente
se escangalhava em sorrisos
resmungava por levantar-se sedo
estava sempre aberta,
fazia artes inocente...
Não guardava segredos.
Cresceu... Deixou de brincar
e como adulto, adquiriu vergonha
só chora as escondidas,
deixou de se expressar aos ventos
os risos são minguado, curtos
quase nada carrega em sentimentos
sempre tem segredos em pensamentos
... Um deles é sentir saudade de ser criança
mas com vergonha, deixou de brincar
adquiriu carrancas de verdade,
e com pelos na cara...
Todo tempo, tenta se limpar.
Não é mais criança e tudo em sua volta
é moldado por planos e comando de voz
não leva mais seus passos aos ventos
ao contemplar as margens de sua estrada
tem medo do andar do seu caminho
seus passos, com os anos estão curtos
enquanto seu olhar limita-se ao espelho, ou
através de grades de suas quadradas janelas
suas rugas, te esperam na curva do tempo.
Antonio Montes
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