Eu e Voce de Luiz Antonio Gasparetto
E lá vou eu, mais uma vez, mudar minhas roupas, meu cabelo, renovar gostos e conceitos. Acreditando que, algum dia, as outras coisas possam também mudar.
Lamentei porque não chegou a acontecer nada. Porque se ao menos tivesse acontecido, isso o que eu sinto faria mais sentido.
No meu caso, ainda que eu pense que tudo possa dar errado, que tudo sempre vai dar errado na minha vida, e que eu tenho medo de dar errado, dessa vez vou prometer que vou deixar tudo acontecer como tem que ser. De que é amor até deixar de ser.
Eu sei que vai ser sempre assim. Mas eu me engano, às vezes. Daí aparece uma pessoa do nada, mexe comigo e então eu fico exausto de fantasia. Vou e invento uma coisa que na realidade nunca existiu, que não é. E vivo aquilo, só daquilo, porque a ideia de estar sozinho chega a ser insuportável.
Eu tenho uma capacidade incrível de me apaixonar por quem eu não devo. De sofrer por quem me despreza. De pedir perdão mesmo não sendo o culpado (...).
Eu já sai dessa. Não dá mais pra continuar com essa sensação de velhice e desânimo. Há uns três meses praticamente não saio de casa, fico enjoado com tudo, tomo ódio de tudo. Perdi o contato com as pessoas que eu considerava interessantes, fico vivendo de um jeito que não é pra ser. Uma vida toda interna, lendo, pensando, maquinando, escrevendo, ouvindo música melancólica o tempo inteiro. Daí, então, hoje percebi que me sinto bem... Não dá pra explicar. Lá fora tem muita nuvem azul e anda fazendo o maior sol.
Eu pensei que esse vazio por dentro fosse o limite. Não sabia que poderia existir alguma coisa após isso, além disso.
Na terça eu já tinha pensado sobre isso, mas só agora decidi que não vou perder tempo me envolvendo com pessoas que não sejam para mim, que não tenham nada a ver. Meu foco agora não é esse.
Fui mudando pequenas coisas em mim nos últimos tempos, que quando me dei conta, eu já enxergava outra pessoa em mim. Desencanei de alguns erros e já não me exijo tanto. Houve um tempo que eu lamentava muito pelas coisas, hoje eu não sofro mais por besteira nenhuma.
Fiquei. Mesmo sabendo que era errado, eu fiquei. Fiquei e ficaria em todas as oportunidades que houvesse.
Não sei exatamente o que eu quero, mas eu sei exatamente o que eu não quero. então, dei um tempo de tudo.Porque eu quero um tempo pra mim, na verdade, eu peciso. Então eu preciso ser minha, e não de alguém. Sem expectativa de pai, mãe, irmão, familia, namorado, cachorro, gato e tudo mais. Talvez ai eu aprenda à me amar
(...) Mas aí nos últimos dias passei a ignorar com frequência. Percebi que eu estava me doando muito. O negócio ficou tão sério que eu esquecia de cuidar de mim, às vezes.
E por incrível que pareça tenho me sentido muito bem. Até eu me espantei com isso. Poucas vezes na vida me senti tão leve, solto, intenso como agora. Tô mais seguro de mim. Passei a gostar de conviver comigo mesmo, a não me arrepender das minhas escolhas. Aprendi o quanto é bom ser eu.
(...) Daí que eu não tenho mais saco pra aturar relacionamento complicado. Hoje eu queria alguma coisa que não me enchesse a cabeça.
Eu pedi o feriado pra quê? Pra nada. Aliás, pra ficar jogado no sofá, vendo uns filmes nesse quarto frio e escuro. O feriado tá acabando — já vão dar dez da noite — amanhã volta tudo de novo. Eu me sinto na maioria das vezes tão cansado com isso tudo. Queria abraçar alguém com força, talvez pra dividir um pouco da dor. Alguém que não me fizesse achar que estou perdido, tão só e abandonado. Eu levo a vida me dizendo que as coisas vão melhorar, invento uma vida que eu não tenho o tempo todo, só pra me confortar, me dar força. Mas a impressão de estar sozinho não vai embora nunca.
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