Eu Desculpo Voce
Eu procuro por mim, tal qual o artesão procura sua arte escondida nos excessos da matéria bruta de seu mármore.
De repente, eu me cansei de tentar me adaptar a um mundo ao qual não pertenço. Por isso, vou ser eu mesma, e deixar que o mundo se adapte a mim.
Não mais me deitar no feno perfumado ou deslizar na neve deserta.
Onde eu exatamente me encontro?
O que me surpreende é a impressão de não ter envelhecido, embora eu esteja instalada na velhice.
O tempo é irrealizável.
Provisoriamente o tempo parou para mim.
Provisoriamente.
Mas eu não ignoro as ameaças que o futuro encerra, como também não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro.
O meu passado é a referência que me projeta e que eu devo ultrapassar.
Portanto, ao meu passado, eu devo o meu saber e a minha ignorância, as minha necessidades, as minhas relações, a minha cultura e o meu corpo.
Hoje, que espaço o meu passado deixa para a minha liberdade hoje? Não sou escrava dele.
O que eu sempre quis foi comunicar unicamente da maneira mais direta o sabor da minha vida. Unicamente o sabor da minha vida.
Acredito que eu consegui fazê-lo.
Vivi num mundo de homens, guardando em mim o melhor da minha feminilidade.
Não desejei e nem desejo nada mais do que viver sem tempos mortos.
Eu choro, sofro, fico triste e tenho vontade de sumir, mas jamais irei baixar a cabeça. Os problemas não irão me abalar, eu tenho fé e força, meus sonhos são grandes o bastante para me motivar a seguir em frente, sempre!
Sou eu sozinha quem carrega todo esse peso nas costas, isso ninguém percebe, ninguém valoriza. Não, eu não nasci para viver neste tempo.
Eu, que simbolicamente
morro várias vezes só para
experimentar a ressurreição.
“Eu só quero que aonde quer que esteja que esteja feliz, e eu espero que em uma noite como essa você ainda pense em mim, e eu quero que você saiba que não importa o que aconteça, não importa onde você esteja no mundo, não importa quantos anos se passem, não importa se você diga de volta ou não, eu sei que é verdade como sempre foi, como sempre será, nos veremos em breve.”
E eis que sinto que em breve nos separaremos. Minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia. Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. (...) Quanto a mim, assumo a minha solidão. (...) Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima (...). Guardo o seu nome em segredo. Preciso de segredos para viver.
E eis que depois de uma tarde de “quem sou eu” e de acordar à uma hora da madrugada ainda em desespero – eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu. e você é você. É vasto, vai durar. (...) Olha para mim e me ama. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.
Eu sou o antes, eu sou o quase, eu sou o nunca. E tudo isso ganhei ao deixar de te amar.
Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então.
O tempo passa e um dia a gente aprende, hoje eu sei realmente o que faz a minha mente.
Eu acredito no respeito pelas crenças de todas as pessoas, mas gostaria que as crenças de todas as pessoas fossem capazes de respeitar as crenças de todas as pessoas.
Alô, liberdade. Desculpa eu vir assim sem avisar, mas já era tarde.
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar.
E por fugir ao contrário, sinto-me duas vezes mais veloz
Vem, mas vem sem fantasia.
É sempre bom lembrar que um copo vazio esta cheio de ar.