Eu Aprendi que ser Boazinha
Retorno à Inocência?
Às vezes, eu viajo no tempo.
Não há máquinas ou naves:
Apenas o meu pensamento.
E estas viagens são suaves.
Sigo as ruas da lembrança.
Basta uma brisa, um sopro,
E, súbito, o ido me alcança.
Então, não sou eu, sou outro.
Muito mais doce, puro e leve.
Exemplo: lembro de um celeiro.
E sinto uma paz quente, breve,
Além da carícia do vento-norte.
Ouço cantigas, até candeeiros.
E percebo: que minha, a sorte...
Eu só queria dormir com a certeza do teu olhar no meu ao criar coragem pra abrir no dia seguinte. Só fazia questão de não dividir seu sorriso, seu abraço, seus lábios, sua atenção, e quando a lua invadir a minha noite só deixando clara a sua ausência, poder não me sentir culpada por querer algo tão simples. Eu gosto como as coisas entre nós se resolvem rápido, e gosto de saber que em muitas coisas a gente pensa igual. Por isso, a expectativa que me tira o sono é, ironicamente, a mesma que me faz sonhar. E eu apenas queria ter o que responder aos que perguntam sobre o nosso futuro. Assim, estaria certa de que acordar nos teus braços é tão bom quanto dormir sem lembrar como. Eu viveria sem dúvidas sobre o quanto ainda posso me surpreender com você. E, pra sua surpresa, eu tentaria te fazer feliz todos os dias, incansavelmente, só pra te merecer. Só pra não te perder. Te amar estando perto ou longe, correr o risco sem entender o porquê. Te querer e poder dizer, mesmo distante, com cara de pedinte. Na verdade, o que eu mais queria era dormir com a certeza do teu olhar no meu ao criar coragem pra abrir no dia seguinte.
Eu cada dia, mato um pouco de mim mesmo, com o objetivo de fazer calar minha voz interior, ou melhor, estou tentando me livrar das perturbações interiores desenvolvendo uma consciência depravada, fraca, viciada que me faça feliz no torpor da vida. Quero me aquietar diante dos homens e de Deus. Ou perder o respeito de mim mesmo. Ou ainda deixar de preocupar com o que os outros pensam de mim. Nesse suicídio a prestações, mareio meu brio.
MÚSICA
Eu Quero fazer uma música
Daquilo que tem doído
E que eu me lembre de tudo
Como lembro o teu sorriso.
Que a tua boca me prove
Na vida o que mais preciso
Que minha boca te sorve
Toco no teu paraíso.
Em mim pouco, mas comove
Muito já tão esquecido
Tudo o que pranteio escorre
Em rios E tenho descido.
Como garranchos e escoras
De cercados decaídos
E esta letra que chora
Lembrando-te, enternecido.
Quero que essa música toque
Em tudo que tem perdido
Eu quero que te retoques
A maquiagem mexida.
Que te olvides se choras
Porque o que bebo é só isto
E tenho tomado porres
De amargos tão esquisitos
Tenho lembrado piores
Estações já despedidas.
_________________
naeno*comreservas
PALMA DA MÃO
Eu não conheço a palma da minha mão.
Entre tantos cruzados de linhas,
E mais de um veio principal
Onde descambam as águas dos meus dias.
Não tenho noção do que seja a palma da minha mão,
Reconheço, e já é volumoso
As coisas que toco, a embaralhar meu destino.
Reconheço, quando a espalmo frente aos olhos,
Alguns poros suados, o anel centenário,
A cor, que coincide com a cor do meu corpo inteiro.
Na aventura a que me lancei,
Em me procurar e me achar,
Em algumas partes de mim deu pra ver
Outras nem que eu virasse o mundo o contrário
Daria para medir, saber, esboçar.
Alguém, como eu, desconhece, numa vista frontal
O seu crânio, seu cabelo, tal como tal, são?
Ou conhece seus buracos
Que só na cabeça contam-se sete,
Afora os outros por onde se mete
Nosso temor, dizer explorar.
E os seus encontros de mãos e pernas,
Como uma árvore, quem conhece?
O por trás todo, ninguém sabe o que é.
Sabemos dos outros, também minúcias,
Nada de definido se sabe
O que conhecemos de nós mesmos
Também os ouros conhecem,
E somos mais conhecidos por eles,
Do que por nós, da mesma forma inversa.
Se por fora de nós pouco sabemos,
Imagine um devaneio por dentro.
_________________
naeno*comreservas
POEMA DO CÉU
Se eu vier a nascer de novo
Pedirei ao Deus da vida...
Seja esta a vez da minha morte.
Mandai-me velho, com todo o tempo que terei
E deixai que progressivamente eu regresse.
Largai-me cambaleante como uma criança
Nos seus primeiros passos
Que daí eu desça, remoçando
Com a carga pesada de tudo o que é meu
Das coisas que vi e fiz e repetirei de novo.
E siga esquecendo, desaprendendo
Diminuindo ou aumentando.
Destapados os ouvidos, limpos meus olhos
Que eu ouça e veja.
E que tudo vá se diluindo e consistindo
No olhar atento e sentidos perfeitos de moço.
Mas que eu vá me esquecendo,
E o que eu lembre dure o tempo de esquecer.
Que a mim seja da beleza
De primeiro ver o crepúsculo
Pra só depois ver a aurora.
Que as estrelas e a lua, eu veja antes
Que a luz ofuscante do sol.
Que as mulheres se surpreendam
Com os beijos que sugarei de suas bocas
Que eu siga de tudo esquecendo...
Que as estações se invertam
Da forma como eu venho vindo e indo.
Que eu veja as águas que não se repetem
No mesmo ponto do rio
Descidas distas dos meus olhos, um dia.
Que as chuvas primeiras sejam as derradeiras
E eu já colha antes de plantar, antes de arar.
Que o meu primeiro presente, uma bola furada
Dê-me a alegria de um menino encantado.
Que eu desça ou suba esquecendo...
Desaprendendo, perdendo e sendo o sentimento adulto.
Que de repente eu me veja
No regaço de minha mãe sugando o colostro,
E de tudo esquecido,
Que se abram as portas
Por onde entrei e saí pela segunda vez.
________________
naeno*comreservas
NATAL
por um tempo eu vi toda a alegria
que podia o mundo.
Era um Deus menino a falar baixinho
De um amor profundo.
E nesse momento de contentamento
Do meu coração
Me senti tão perto de meu Deus presente
E elevei as mãos.
E naquele tempo era tão comum
Tantos reis na terra
A obediência de um homem pra o outro
Até matar na guerra.
Foi assim que Deus
Ao julgar violada toda sua lei
Não mandou profetas, todos ofendidos
Ele mesmo veio.
E chegou tão simples
Numa manjedoura, num leito de feno
Mas era o mais bonitos
E todos O olhavam, como a um Deus supremo.
E quando eu me lembro
Que aquele Menino foi tão diferente
Me angustia a alma
Por saber que os homens foram tão ausentes.
Quizera que o mundo
Só por um segundo O visse de novo
E deixasse Ele, como sempre quiz
Conduzir seu povo.
Eis aí o meu servo
A quem eu amparo por todo caminho
Sobre Ele eu faço repousar meu braço
Todo o meu carinho.
Eis aí o meu servo
A quem eu amparo por todo caminho
Sobre Ele eu faço repousar meu braço
Todo o meu carinho.
Eu tenho tanto amor que seria capaz de amar o mundo, mas é você que eu amo...
Eu tenho tanto amor que seria capaz de abraçar o mundo, mas é você que meu corpo chama...
É você, só você, que não sai do meu pensamento!
Eu sentia tanta pena de mim mesma, que quando parei para pensar , descobri que a forma de fazer as outras pessoas bem, é somente sentir-se feliz consigo mesma, ou seja, se você sentir-se bem, obviamente irá atrair cada vez mais e mais pessoas para perto de você !
ENTREGADOR
Eu gosto de tudo o que gostas
E tenho repulsa a tudo do que te afastas
Adoro o teu silêncio e a tua fala
Gosto do teu jeito de andar e do teu deitado.
Amo o teu corpo esguio
Tenho amor ao espírito que te guia
Gosto do mar porque nele te banhas
Adoro as roupas que tu vestes
Teus vestidos de cetim. Amo, e choro
Amo os teus filhos, porque saíram de ti.
Cuido dos meus braços, porque te abraçam
Gosto de todos que gostam de ti.
Gosto de Deus, porque foi Ele quem te fez.
naeno*
Existir porque se o destino de quem vive é morrer?
Eu não posso viver como se tudo em mim tivesse motivos para existir, se o brilho dos meus olhos não será notado para sempre, se minhas mãos com tom macio e delicadas não durarão eternamente. Não farei juras de sofrimento e jamais deixarei que minha alegria transborde a dor de outro olhar, porque os meus olhos estão calejados de tanto chorar.
Poderia eu viver como se fosse apenas mais um rosto entre a multidão se não é o que transpassa minha alma? Não viveria como uma criança que se contenta facilmente com um doce, um brinquedo velho e quebrado.
Se desde que comecei a enxergar as pessoas noto o quanto a hipocrisia gira em torno delas como suas roupas mal passadas.
Sinto nojo, vergonha, desprezo e medo, sim por tamanha desonra ao Ser que criou a espécie. Muitos chamam de Deus, outros apenas citam aquele.
Mas não é me diferenciar dos demais que me permito reprimir meu lamentar ao existir, não! É exalar do meu ser o amor que ainda sinto pelas palavras frias e dolorosas que saem da boca de um ser humano, indivíduo imperfeito e maquiavélico.
Negros são os dias, geladas são as noites que perduro meu ignorante raciocínio rumo a um abismo repleto de mim.
Onde são enterrados todos os pensadores, os poetas, os cientistas, os letrados, os matemáticos, os viciados, os inocentes, os fortes e os fracos.
Na morte é que encontramos a verdadeira explicação para tantos fios sem pontas.
É o caminho e o destino, da senhora, da criança, do mendigo.
Dos que choram dos que riem, dos que nascem, dos que morrem.
Minha insatisfação nada me comove nem tampouco me retrata junto aos que pouco reprimo entre si o desejo viver como se a vida fosse um mar de rosas.
Bastam-se com os direitos e deveres incontáveis encobrindo a vergonha e a decepção de serem mortos de fome, gananciosos de desmedidos.
Sem raça, religião ou cor, todos vêm de um só sangue, um só pecado, uma só finalidade.
A fragilidade é para todos os medo é para todas as fraquezas, as derrotas e as perdas, não há remédio que cure, não há palavra que conforte, não há mão que acalente, é do homem, é do ser, é da gente.
Não depende do querer, não depende do chorar e do morrer, depende de quem sou de quem é você!
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp