Escrito na Areia
Nas ondas do mar
Que, na areia, morrem,
Raios do luar...
Nas águas que correm,
No doce do mel,
Estrelas do céu.
Na felicidade
Na claridade,
Barco de papel.
Numa pipa no ar,
Rosto de criança
Ir ao céu, voar
Toda esperança
Nessa verde mata
Queda da cascata
Riso tão feliz
Todo bom matiz,
O belo arrebata.
Um sonho de infância
Na calma do ninho
Na paz duma estância
Asa, passarinho.
Em tudo na vida
E também no amor.
No doce calor
No abraço fraterno
Carinho tão terno
Que impede uma dor.
Na voz tão serena
Que acalma quem chora
Na luz mais amena
Que a vida decora.
Nos braços da amada
Na bela alvorada,
Nos sonhos risonhos
Nos mais belos sonhos,
No rumo, na estrada...
Não deixa que escuro
Se torne meu mundo
Amor tão maduro
Maior e profundo.
Andando, comigo,
Não vejo perigo,
A vida se acalma
Inunda a minha alma
No amor de um amigo!
Declare ao céu, ao tempo e ao vento...
Declare ao sol,ao mar e a areia...
Declare a lua ao dia e a noite...
Declare ao mundo, ao espaço e ao infinito...
Como simplesmente amar é o dom mais bonito.
►Sobre a Areia
Com poucas palavras,
Eu me acomodei em suas pernas molhadas
Em seu corpo suado eu me aconchegava
Havia somente nós naquela parte da praia
E, quanto mais os seus lábios eu beijava,
Mais eles pediam pela minha boca salivada
E, ao tocá-los, sua pele arrepiava
Era lindo de se ver,
E impossível de me conter
Eu queria devorá-la com o meu desejo
O calor era tanto que parecia uma sauna
Meus dedos caminhavam por entre seu corpo inteiro
E apenas o céu estava nos vendo.
Os seus seios bronzeados
O seu biquíni marcado
Meus olhos estavam sendo presenteados
Aquele seu batom cor de morango
Meu coração estava soluçando
Cada movimento seu estava me estimulando
Assim como na savana,
Eu acabaria te atacando
Seus olhos pinheiros estavam me provocando
E meu limite eu sentia estar alcançando.
Fiquei encantado com seu corpo banhando
O sol fazia seu sorriso iluminar
Eu só pensava em como eu era sortudo, ou sei lá.
Talvez a culpa fosse do verão,
Mas eu estava ardendo de tentação
Estava louco para te ver nadar
Estava louco para te deslumbrar
Creio que você sentia meu desejo pelos meus olhos
Pois você se levantou dos lençóis,
Se alongou, e mergulhou, para minha alegria
A minha vista estava se tornando uma miragem linda
Meu dia não poderia ser mais encantador
Eu a acompanhei, e de repente me tornei um mergulhador
Nos beijamos abaixo da luz radiante
Naquele instante eu me senti como o próprio Oceano
Seus lábios eram meu descanso,
Seu abraço, meu descanso.
No paraíso eu me vi junto a você
Ao admirar suas lindas pernas, eu estava prestes a ceder
E eu sei que era este seu real objetivo
Assim como uma presa,
Por fim eu fui abatido
E, ao tocar seu corpo liso,
Me senti como um pirata, que conseguira o tesouro perdido
Me senti único, o amante dos dias frios.
Caminhamos com os pés descalços
A areia havia nos abraçado
E, não sei se é possível,
Mas acho que, por você, fiquei mais apaixonado.
Ame...
como se fosse ondas,
amando a areia,
como se fosse o luar
que ama a noite
na lua cheia
Ame...
não tenha nenhum receio,
ame, como o próprio fogo ama
e ele mesmo se incendeia
Somos de vidro, também de pedra, água e areia. Viajantes do tempo. O remente e o destinatário. Tudo o que jogarmos contra o vento virá ao nosso encontro. Somos o próprio reflexo que vemos no espelho e além dele. Somos a vida e a morte. O tudo e também o nada. Somos idealizadores. Sonhadores. Propagadores. Feitos de inocência num mundo de regras. Maldosos ou bondosos - no tempo exato.
Ora oferecemos riscos, ora somos a mais perfeita das ternuras. O ponto de encontro está em cada um de nós. Encontrar-se é o desafio. Entender-se sagrado é o caminho. Enxergar além de, é o que falta. Permitir-se acolher o irmão e entender que ele é tão frágil e tão forte como nós é a meta. Que ninguém é melhor do que ninguém, e no final das contas, somos pó. Nem sempre intactos. Nem sempre puros.
O importante é a busca, olhar para dentro de si e observar que o mundo é bênção, que somos filho da Graça e que temos a divindade dentro de nós.
olhei pro mar e a lua brilhava sobre ele
olhei para areia aonde as ondas se quebravam
Olhei para o céu aonde deus te guardava
Deitada sozinha na areia
esperei a onda chegar,
pedi para ela me levar,
mas ela mui graciosa me
abraçou e foi brincar...
Então entrei no mar
pedi para ele me levar,
mas o mar tambem não quis
e voltou ao azul marejar...
Desolada fiquei na areia,
olhando a onda brincar e
o mar azul a marejar...
Fechei os olhos e então pude
sentir, quando o mar com remorsos,
veio me buscar...
Abandono
O teu silêncio
E tua descoberta
Cobre todo o ser
E o mundo,
E um cais de areia
Em sangue,
Um aborto profundo…
No meio de toda essa bagunça, no meio de toda a areia movediça de mim mesmo; ainda pergunto baixinho se vem: “vem?”. E é tão urgente que digo. É tão urgente que grito: vem depressa me encontrar; vem me olhar; me sorrir; vem mostrar o sorriso que ainda está escondido, o sorriso calado, o convite para entrar na sua vida. Antes que seja tarde demais.
Estou despedaçado pela vala, e espalhado pela areia.
E eu te visto como um retalho, e eu que sou o ferido.
Preste atenção nas suas sórdidas imprudências.
Eu não tenho direito de vencer, eu apenas alcancei as batalhas
Estrela e areia
Em uma praia deserta
Um pequenino grão
De areia olhou o céu
E por uma estrela se apaixonou
A relação entre eles
É mistério....
Só sabe que depois disto
A estrela no mar nasceu
E quando a maré sobe
O chamego entre eles
E visível...para o amor
O céu é o limite.....
Decifra-me.
Eu sou a areia da ampulheta,
O tempo que se vai e não se aproveita,
A água que escorre entre seus dedos,
A vida que definha pelo esquecimento.
Eu sou a areia da ampulheta,
O sonho mal dormido que não teve fim,
O abandonado trocado pelo q é cômodo,
A erva daninha em seu jardim.
Eu sou a areia da ampulheta,
A criança abortada por falta de amor,
O silêncio do inocente perante a dor,
As mentiras ditas na cama ao calor.
Eu sou a areia da ampulheta,
Apenas complicação para sua vida,
Guardado em um canto de uma gaveta,
Deletado como mensagem não lida.
Eu sou a areia da ampulheta,
Metade confuso e complicado,
Metade alegria e tristeza,
O certo para o errado,
O errado para a certeza.
Simplesmente...
Eu sou a areia da ampulheta.
Ou decifra-me!
Ou por favor,
Simplifique e me esqueça.
De repente como num filme me vi pequena, brincando na areia, chutando a água. Nessa hora eu ri sozinha e depois chorei. Chorei de saudade desse tempo, onde éramos todos inocentes e as brincadeiras não machucavam, onde as pessoas não nos magoavam e os sentimentos eram valorizados de alguma forma.
Andança
Vim tanta areia andei
Da lua cheia eu sei
Uma saudade imensa
Vagando em verso eu vim
Vestido de cetim
Na mão direita rosas vou levar
Olha a lua mansa
A se derramar
Ao luar descansa
Meu caminhar
Cantando eu vim
Vou não faça tréguas
Sou mesmo assim
Já me fiz a guerra
Por não saber
Que esta terra encerra
Meu bem querer
E jamais termina meu caminhar
Só o amor me ensina
Onde vou chegar
Rodei de roda andei
Dança da moda eu sei
Cansei de se sozinha
Verso encantado usei
Meu namorado é rei
Nas lendas do caminho
Onde andei
No passo da estrada
Só faço andar
Tenho o meu amado a me acompanhar
Vim de longe léguas
Meu olhar de festa se fez feliz
Lembrando a seresta que um dia eu fiz
Contracanto:
Me leva amor
Amor
Me leva amor
Por onde for quero ser seu par
Estava suave o sol, o ar limpo e o céu sem nuvens. Afundado na areia, um caldeirão de barro fumegava. No caminho entre o mar e a boca, os camarões passavam pelas mãos de Zé Fernando, mestre de cerimônias, que os banhava em água-benta de sal e cebolas e alho.
Havia bom vinho. Sentados em roda, amigos compartilhávamos o vinho e os camarões e o mar que se abria, livre e luminoso, aos nossos pés.
Enquanto acontecia, essa alegria estava já sendo recordada pela memória e sonhada pelo sonho. Ela não terminaria nunca, e nos tampouco, porque somos todos mortais até o primeiro beijo e o segundo copo, e qualquer um sabe disso, por menos que saiba.
