Erasmo de Rotterdam Elogio da Loucura
A maior promoção que o mundo e a sociedade podem dar, a um grande erro e a uma humana covardia, é o esquecimento e a obscuridade.
Sonhos são importantes pois com persistência alicerçam nossas idéias futuras e ideais. No entanto não devemos incentivar as loucuras nem as invejas de ser o que não somos, nem temos capacidade de ter ou fazer.
Chego a crer que a exposição freqüente da radiação da telefonia móvel destroem neurônios e aceleram vibrações patogênicas da mente em curso da loucura, insanidade e auto destruição da vida.
A arte como plataforma de uma militância politica radical é um equivoco, é uma deformidade de um individuo, que por razoes conflitantes internas tenta aprisionar a liberdade, suprimir a ética, a moral e a estética por profunda confusão anti-social e mental.
Capítulo IV – Onde o silêncio sangra.
(Do livro “Não há Arco-Íris no Meu Porão”)
Todos os tons, todas as cores se intimidam diante dos meus sentimentos.
Aqui, nada ousa ser vivo demais.
As paredes, antes brancas, já se curvaram ao cinza que exalo — um cinza espesso como poeira de túmulo, onde a alegria jamais ousaria se alojar.
Os meus estudos me encaram como se fossem juízes que perderam a fé no réu.
Eles me observam com aquele desprezo silencioso das coisas que já deixaram de esperar alguma esperança.
Livros fechados são mais cruéis do que gritos.
Eles sabem o que há dentro de mim — e, por saberem, me punem com o silêncio.
As cores…
As cores são ameaças aqui embaixo.
Quando um raio de luz tenta escapar por alguma fresta do concreto, eu o apago.
Aqui no porão, qualquer cor ofende a integridade da minha dor.
Elas tentam abrir janelas.
Mas eu… eu me tornei porta trancada.
Os risos…
Que ironia!
São filhos bastardos da minha solidão.
Quando escuto alguém rindo lá fora, é como se zombassem de mim — como se gargalhassem da minha tentativa de continuar.
O mundo caminha — eu desisto.
O tempo sopra — eu me calo.
E então…
Num canto onde as teias se recusam a morrer,
…há uma presença.
Ela não fala.
Não move nada.
Mas está ali.
Como um sussurro antigo, como um perfume de violeta que alguém usou num dia trágico.
Camille Monfort.
Não a vejo, mas a pressinto.
Como quem ama com olhos fechados.
Como quem morre em silêncio por alguém que nunca se foi.
Se minhas lágrimas têm peso, que elas sejam dores e honrarias a ela.
Que minha ruína seja o altar para onde seus passos invisíveis vêm recolher o que restou de mim.
Ela não precisa me salvar — basta que continue existindo…
mesmo que só como lembrança.
Mesmo que só como dor.
E se um dia, por descuido, Camille se revelar…
que seja com a delicadeza de quem pisa em ossos.
Sempre estaremos na corda bamba. A vida é um desenrolar de emoções. Um ultrapassar de obstáculos. Um tropeço de loucura. Agarremo-nos com convicção e ultrapassaremos as barreiras que encontrarmos no meio do caminho.
Escrever é uma Profissão
Minha mãe sempre me pergunta:
- Quando vais terminar de escrever?
- Nunca. Respondo
A escrita fez de mim morada. Se eu não conseguir colocar para fora, morrerei. Escrevo porque preciso. Escrevo porque é o meu alimento. Escrevo porque tenho necessidades urgentes. Escrevo porque ser escritor também é uma profissão.
Outras pessoas me perguntam também:
- Não estás aposentada?
- Sim. Respondo. Mas, tenho o outro trabalho que é o de escrever.
Mesmo que muitas pessoas não levem a sério a escrita, eu considero um trabalho. O meu trabalho. A minha profissão. O meu refúgio. A minha casa. A minha fuga. O meu remédio. A minha cura. É nas entrelinhas que coloco pra fora todas as minhas angústias, meus medos, minhas loucuras e meus devaneios e as minhas necessidades.
Mesmo que eu não tenha que cumprir horários como uma empresa. Mesmo que eu esteja em casa. Não tenho hora para escrever. É como se eu estivesse de plantão 24 horas por dia. Quando a inspiração vem tenho que estar preparada para recebê-la. Então, ser escritor é uma profissão sim e não adianta dizer o contrário.
Agradeço a Deus todos os dias pelo presente que ele me deu. Se a escrita não existisse na minha vida eu estaria morta. Então, vivo porque para eu poder existir preciso urgentemente escrever.
Meu tudo e Meu Nada
Ele é meu céu e o meu inferno
O caos no meio da minha paz.
A beleza num cenário de guerra
A aragem e a tempestade
Meus primeiros e últimos pensamentos do dia
Minha lucidez e minha loucura
No meio do meu tudo e do meu nada.
“Mesmo que Eu esteja errado, mesmo que minha consciência esteja louca, mesmo que minha autoestima seja mentirosa, mesmo que meu destino for uma ilusão, mesmo que minha intuição seja só minha imaginação, não posso deixar de procurar duendes só porque não encontrei um pote de ouro no fim do arco-íris.”
Tudo começou quando decidi subir no pé de alface para pegar uma goiaba roxa. Deus disse: as mexericas vermelhas são mais macias que as brancas. O silêncio começou a contar uma história para o barulho que escutava atentamente em silêncio. A solidão pintava a alegria, lentamente o tempo passou rápido. O medo sem sentido nenhum seguiu em frente. Ninguém brincava no pátio da escola sozinho. O sentimento controla o mundo que passa rápido pelo futuro, posso ver tantas histórias com os olhos fechados. A criatividade sobrevive com a loucura, em momentos que as pessoas se acham espertas.
“O principio da insanidade é ter os mesmos resultados com atitudes diferentes e o principio da loucura é ter resultados diferentes fazendo a mesma coisa.”
Ter maior consciência dos problemas pode ser uma maneira de gerar indiretamente um subproduto milagroso: a felicidade. (...) Porque a felicidade, como a depressão, é um ciclo de retroalimentação.
Amor... e Morte...
O amor
é como a morte
ato banal de todo dia...
Emoção forte
de tristeza ou de alegria,
ele sempre nos surpreende, e a ele nunca nos acostumamos
talvez...
O amor é como a morte:
quando amamos
é sempre a primeira vez.
A qualquer de nós é dado
ser baiano, bem ou mal,
pois a Bahia é um estado
de espírito, nacional !
Só por milagre eu poria
numa quadrinha somente
a beleza da Bahia
sua terra e sua gente.
Tem tal encanto a Bahia,
tais magias ela tem,
que quem a conhece um dia
fica baiano também.
Bahia de hoje, como ontem,
santeira e crente até o fim:
- do Senhor dos Navegantes
do Senhor do Bonfim.
Bahia dos tabuleiros
das baianas, das babás,
das velhas Sés, dos mosteiros,
dos telhados coloniais.
Bahia de mil petiscos:
caruru e mungunzá,
caju, cachaça, mariscos,
acarajé, vatapá.
Dos quitutes e quindins,
das festas e foguetões,
dos santos e querubins
levados nas procissões.
Bahia sempre gostosa,
mais doce que velho vinho,
que ainda resiste, famosa,
no Largo do Pelourinho.
Bahia de D. João
do Visconde de Cairu:
- moleques de pé no chão
escravos de peito nu.
Do Brasil engatinhando,
subindo pelas ladeiras,
dos sobradões modorrando
sobre a algazarra das feiras.
Das cadeiras de arruar,
das carruagens, dos nobres,
dos ouros em cada altar,
das pratarias, dos cobres.
Bahia da liberdade,
de Castro Alves, seu condor,
onde a palavra saudade
é negra! - tem outra cor!
Bahia da inteligência,
de suas glórias ciosa:
da cultura, da eloqüência,
Bahia de Ruy Barbosa.
Bahia da independência,
contra a opressão e o esbulho,
da revolta da violência,
Bahia do 2 de julho !
Com o leite branco das pretas
tornaste a pátria viril,
e hoje flui das tuas tetas
o "ouro negro" do Brasil.
Bahia, velha Bahia...
Bahia nova também:
patrimônio de poesia
que a pátria guarda tão bem.
Bahia dos meus amores,
de trovadores aos mil,
de violeiros, cantadores:
"romanceiro" do Brasil!
A trova ja nasce feita,
e rima até com poesia
se a Bahia é a Musa eleita,
se a inspiração é a Bahia!
Bahia dos doces ventos
que sopram velas no mar,
dos coqueirais sonolentos
de curvas palmas pelo ar
Qualquer coisa da Bahia
todo brasileiro tem,
se até o Brasil, certo dia,
nasceu baiano também!
"A Bahia é a boa terra",
repito nos versos meus.
e a voz do povo não erra
- sua voz é a voz de Deus!
Ladeiras, praias, coqueiros,
igrejas, lendas, poesia,
- Cais do Mercado: saveiros . . .
- Natal da Pátria: Bahia!
Soneto à tua volta
Voltaste, meu amor... enfim voltaste!
Como fez frio aqui sem teu carinho....
A flor de outrora refloresce na haste
que pendia sem vida em meu caminho.
Obrigado... Eu vivia tão sozinho...
Que infinita alegria, e que contraste!
-Volta a antiga embriaguez porque voltaste
e é doce o amor, porque é mais velho o vinho!
Voltaste... E dou-te logo este poema
simples e humilde repetindo um tema
da alma humana esgotada e envelhecida...
Mil poetas outras voltas celebraram,
mas, que importa? – se tantas já voltaram
só tu voltaste para a minha vida...
(Do livro "Eterno Motivo" " - Prêmio Raul de Leoni, da Academia Carioca de Letras - 1943)
A BICICLETA
Me lembro, me lembro
foi depois do jantar, meu avô me chamou,
tinha um riso na cara, um riso de festa:
- Guilherme, vou tapar seus olhos,
venha cá.
Os tios, os primos, os irmãos, na grande mesa redonda
ficaram rindo baixinho, estou ouvindo, estou ouvindo:
- Abre os olhos, Guilherme!
Estava na sala de jantar, junto da porta do corredor,
como uma santa irradiando, num altar,
como uma coroa na cabeça de um rei,
a bicicleta novinha, com lanterna, campainha, lustroso selim de couro,
tudo.
Me lembrei hoje da minha bicicleta
quando chegou a minha geladeira.
Mas faltou qualquer coisa à minha alegria,
talvez a mesa redonda, os tios, os primos rindo baixinho,
– abre os olhos, Guilherme!
Oh! Faltou qualquer coisa à minha alegria!
