Era

⁠E ele descobriu que era só ele o tempo todo, que sua dor não afetou a outra pessoa, que suas preocupações nunca valeram nada, que sua amizade não fez diferença nenhuma, então só tinha um lugar para ele ir: para o poço frio e vazio de onde nunca deveria ter saído... Mas poderia dizer: tentei até onde eu pude, até que não aguentei mais...

E naquele momento que eu implorei para ficar e você falou que era melhor ficarmos assim, eu aprendi que vergonha na cara vale mais que amor.⁠

⁠Cada detalhe que perdi, cada vez que você tirava algo de nós, cada pedaço seu que ia embora, era um pedaço meu que morria...

⁠E você vai fazer sua postagem falando de saudades e de como eu era especial. Postagem para os outros lerem porque eu não o poderei.

Saudades do tempo que tudo era motivo de riso. Já hoje são apenas lembranças, junta a ausência de você.

Sabe aquele menino que se escondia atrás dos outros, por medo de se aceitar e se afirmar como era? Sim, eu já fui esse menino, que não havia conhecimento sobre seu lado gay e nem permitia-se conhecer. Eu sempre tive apenas amigos heteros, ia para “N” festas de público heteronormativo. Muitas das vezes ia apenas pelos meus amigos, pois gostava de estar com eles, e era nesse tipo de festa que os mesmo iam. Eu nunca tive um amigo gay, eu não sabia direito o que era ser homossexual. Minha família é quase toda evangélica, e sempre fui ensinado que essa “coisa” era ruim, você ser e conhecer/chegar perto de alguém que fosse. É triste escrever isso, mas é a verdade.
Mas com o passar dos anos, cheguei ao Ceará, meus gostos foram aflorando, fui mudando e tendo conhecimento de outros grupos de pessoas que se tornaram amigos. E então comecei a me relacionar com pessoas da comunidade (calma não é a do celeiro) mas sim a LGBT, e vi o quanto era difícil agora colocar para fora o que eu havia reprimido. Depois de muitas vivências fui podendo ter base e conhecimento de mim. E hoje sei o que sou, sei o que acredito, e mais ainda pelo que luto. É fácil a gente julgar um discurso sem entender por que aquela pessoa teve aquele discurso. A vida é lotada de erros, e é diante deles que podemos começar os acertos. Antes de julgar, busque entender também, você já esteve naquele lugar ou em uma posição parecida. Nem tudo são flores, há espinhos no caminho também.

Para mim o amor sempre foi como música, gostava de ouvir. Era bom curtir, tinha seus momentos.
Mas não durava o tempo necessário.

Lhe ter ao lado era como injetar heroína nas veias.
Algo tão bom, e louco ao mesmo tempo.
Você era como morfina para minhas loucuras, mas também dor de cabeça.
Era uma mão via dupla em que eu amava me perder.

Eu já era pra está acostumado a partidas, as pessoas me deixarem.
Mas como a gente se acostuma a algo ruim? É meio difícil, sempre doí, sempre vai um pedaço nosso junto.
Até não mais existir nada..

Em 2019 Fiquei livre para seguir os passos da vida, e tudo que eu mais queria era que me prendessem num abraço.
Mas tive que aprender a voar.
Entendi que merdas acontecem para te deixar mais forte.
Que se não soma, é melhor sumir mesmo.
Que responsabilidade emocional não é pra todos.
2019 era pra ser o ano de mudanças e realmente foi...

Nesse desespero de ter alguém, esqueci o mais importante que era, antes de tudo ter amor próprio...

você me fazia viajar, sem mesmo sair do lugar.
Era louco isso

É, eu continua empurrando com a barriga algo que já não estava dando certo.
Acho, que era o medo que eu tinha de ter perder e ficar só...

Eu era imensidão, você tão pouco mar

O que era muito, agora não é nada.
E o pouco, tá fazendo falta...

E no que eu tentava não pensar, era o que mais eu pensava...

Seguindo entendendo que o que foi,
era necessário.
⁠

⁠Sinto falta de conversar contigo, e da alergia que isso me dava. Era como uma criança que ganha um brinquedo novo, e quer mostrar pra todo mundo.
Você me despertava emoções que nem eu sabia que poderia ter…
Quando falam que tem pessoas que despertam o melhor de nós, acho que estavam falando de você!

⁠Você era uma solução para tudo que eu buscava, era disposto a tentar e isso é perigoso.

E o mar, que já não se lembrava
de como era viver sem ondas,
clamou em silêncio por um instante de paz.
O viajante, perdido entre tempestades,
vislumbrou a luz —
um dia calmo, à deriva.
O sol tocava sua pele.
Mesmo ardente, não incomodava:
a pele endurecera,
esculpida pelos dias que passaram.
Mas aquele calor…
Aquele calor trazia memórias.
De dias serenos, de vidas inteiras.
E era tudo o que ele mais queria:
sentir de novo.