Epígrafes de Rubem Alves

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São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven – como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa…

Rubem Alves
Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Planeta, 2021.

"Felicidade é precisamente isso: a coincidência daquilo que se deseja com aquilo que é".

(Em: Leandro - "Concerto para corpo e alma" – Página 111 – Editora Papirus – Campinas – São Paulo – 2012)

"Quando o meu amor luta contra o sofrimento e a morte, Deus luta também. E quando eu choro o sofrimento e a morte (...), Deus chora também. O amor dEle é infinito".

(Em "Leandro" - Extraído do livro "Concerto para corpo e alma" – Página 111 – Editora Papirus – Campinas – São Paulo – 2012)

Tristeza e comunhão Os que bebem juntos da mesma fonte de tristeza descobrem, surpresos, que a tristeza partilhada se transmuta em comunhão.

(em “ostra feliz não faz pérola )

As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.

Rubem Alves
Religião e Repressão. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

“Ensinar é um exercício de imortalidade.
De alguma forma continuamos a viver
naqueles cujos olhos aprenderam a ver
o mundo pela magia da nossa palavra.
O professor assim, não morre jamais.”
“O corpo é o lugar fantástico onde mora, adormecido, um universo inteiro…
Tudo adormecido. O que vai acordar é aquilo que a Palavra vai chamar…
As palavras são entidades mágicas, potências feiticeiras, poderes bruxos que despertam os mundos que jazem dentro dos nossos corpos, num estado de hibernação, como sonhos…
A este processo mágico pelo qual a Palavra desperta mundos adormecidos se dá o nome de educação."

Livro "A alegria de ensinar"

“... O Pensamento é uma coisa existindo na imaginação antes de ela se tornar real.
A mente é o útero. A imaginação a fecunda. Forma-se um feto: o pensamento. Ai, ele nasce...!”

“.... Devemos perdoar a nós mesmos.
Não haverá condição de perdão para o outro, senão limpar o caminho que está dentro de você. Quando você perdoa o outro e não perdoa a si pelos erros cometidos, esses se transformam em culpa e o caminho continua fechado para todas as pessoas envolvidas, principalmente para você...! ”

Não, não é verdade que o sofrimento torna melhores as pessoas. O sofrimento frequentemente embrutece, tira a sensibilidade, tira a esperança, torna cruéis as pessoas. Um Deus – ou força cósmica – que usasse o sofrimento para evolução seria muito curto de inteligência – não saberia aquilo que os homens aprenderam: que a única força capaz de fazer as pessoas ficarem melhores é o amor.

Literatura é mostrar conchinhas.

"Os que têm medo sonham. Porque tenho medo da cidade grande onde me perco eu sonho com cidade grande que posso amar. É uma utopia. Não existe. Mas não tem importância. Valéry perguntou: “Que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem?” O que não existe socorre. Oscar Wilde, que sabia do socorro das coisas que não existem, escreveu: “Um mapa do mundo que não inclua o país da Utopia não merece nem mesmo um olhar, pois ignora o único país ao qual a Humanidade constantemente chega. E quando a Humanidade lá atraca, fica alerta, e levanta novamente as âncoras ao vislumbrar terra melhor…”."

As flores dos flamboyants, dentro de poucos dias, terão caído. Assim é a vida. É preciso viver enquanto a chama do amor está queimando...

Saudade...
A Saudade se parece muito com a fome
A fome também é um vazio
O corpo sabe que alguma coisa está faltando
A fome é a saudade do corpo
A saudade é a fome da alma...

⁠aprendo que o amor nada tem a ver com apego, segurança ou dependência, embora tantas vezes eu me confunda. Não adianta querer que seja diferente: o amor é alado.

Somos donos dos nossos atos, mas não somos donos dos nossos sentimentos. Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos. Podemos prometer atos. Não podemos prometer sentimentos. “Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida vou te amor...” Lindo e mentiroso. Não se podem prometer sentimentos. Eles não dependem da nossa vontade. Sua existência é efêmera. Como o voo dos pássaros...

Rubem Alves
Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2008.

Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas.

Desejo pertence aos seres que se sentem privados, que não
encontram prazer naquilo que o espaço e o tempo presente lhes oferece.

A cultura não surge no
lugar onde o homem domina a natureza

Há propriedades que, para se fazerem sentir e valer dependem exclusivamente
de si mesmas, por exemplo, antes que os homens existissem já brilhavam as
estrelas, o sol aquecia, a chuva caia e as plantas e bichos enchiam o mundo.

Coisas que nada significam podem passar a significar, por meio de um artifício.