Emmanuel Marinho Pao Velho
Idade.
Nem sei quando comecei a perceber os efeitos da idade, mas ela sempre esteve na minha cara.
Quando a gente é jovem o tempo passa mais devagar ou mais depressa de acordo com o que se tem para fazer ou é obrigado a fazer.
As aulas parecem durar uma eternidade e as férias acabam num piscar de olhos.
Quando a gente é novo parece que demora chegar aos dezoito anos para tirar carteira de motorista e entrar em balada e isso parece ser o mais importante da vida.
Depois, tem a fase em que todo mundo vive falando que a gente é muito novo para isso e para aquilo e de repente, resolvem que a gente é velho e está na hora de trabalhar.
Não há quem não tenha tido uma vontade louca de casar quando jovem demais para isso e logo depois, principalmente os homens, vivem fugindo do casamento porque é sinônimo de responsabilidade.
Lembrei-me de um ditado que dizia: A gente nasce, cresce, fica bobo e casa.
Mulheres sempre mentem a idade. Sempre! Antes dos dezoito aumentam e depois diminuem progressivamente de acordo com o bom ou mau resultado das plásticas.
Algumas como uma amiga, insistem em dizer que não escondem a idade mas eu bem sei que a minha amiga já passou dos quarenta declarados e isso faz mais de vinte...
Há bem pouco tempo eu ouvia os mais velhos falarem de dores por todo o corpo que chegam com a idade e achava um exagero. Hoje eu vejo que não há nenhum exagero, e essa, certamente é a menor das dores da idade.
Ainda vou descobrir porque andam propalando que essa seria a melhor idade...
Você só percebe que você pode ser um boçal quando a sua ex começa a namorar com um cara que você acha boçal...
Há coisas que a gente precisa lembrar e coisas que a gente precisa esquecer.
A grande dificuldade é que ás vezes a gente lembra do que deveria ter esquecido.
E nessas horas, a ordem dos fatores altera e muito o produto.
Triste Guarujá.
Boa parte do prazer de olhar o mar, andar no calçadão da Praia de Pitangueiras e curtir essa beleza com que o Guarujá foi presenteada por Deus está se perdendo pelo desprazer de sentir o cheiro de fritura emanado dos carrinhos de comidas, que são verdadeiros restaurantes nas areias.
Esse cheiro se espalha pela areia e atinge os prédios que são barreiras que impedem a dissipação.
Uma ligeira olhada mostra que se vende de tudo na praia sem o menor controle.
É triste olhar para cadeiras e guarda-sóis velhos, rasgados e desbotados, bicicletas largadas na areia, barracas de todos os tipos, de sermos obrigados a que conviver com atendentes mal vestidos que cheiram bebida barata, carros velhos e podres estacionados de qualquer maneira na avenida da praia, e finalmente saber, que tudo isso nos é impingido por pessoas privilegiadas por alvarás distribuídos sem critério, transferências e licenças obtidas por favores políticos e perceber nitidamente que jã não basta dizer que Guarujá não é a mesma.
Está irreconhecível e tristemente nivelada tão por baixo que certamente provocará com o tempo novo êxodo que vai rebaixar ainda mais a outrora Pérola do Atlântico.
Extremamente ruim.
Sinto arrepios quando escuto a palavra extremamente.
Parece que o locutor vai direto ao fim do assunto, sugerindo que nada é mais importante do que ele acaba de dizer.
E assim é se lhe parece, se o cara já disse o mais importante é melhor parar por aí mesmo.
Essa palavra é extremamente chata.
Erros, acertos, vitórias e fracassos.
Ninguém é totalmente experiente se não coleciona erros e fracassos, dentre seus acertos e vitórias.
Os caminhos mais conhecidos são os mais fáceis, mas são as trilhas perigosamente desconhecidas que conduzem às grandes descobertas.
Dar e ouvir conselhos não é para qualquer um, é preciso ter humildade, maturidade e inteligência para aproveitar o que é bom e descartar as armadilhas.
Não é a quantidade de acertos que determina o resultado, mas o uso que se faz dessa experiência.
A vida é uma experiência única, continue tentando, errando ou acertando, porque é tudo que nos resta, afinal.
Viver ou conviver com as diferenças é diferente de nivelar seus anseios por baixo.
Virou moda apregoar que devemos aprender a conviver com as diferenças.
Muitos confundem a obrigação absoluta e verdadeira de não ser racista, ou em aceitar a pobreza como realidade e não como fatalidade e tentam impingir, em quem evoluiu, a obrigação de viver na ignorância e conviver harmonicamente com os mal educados.
Classes sociais não são uma invenção dos ricos nem uma obrigação de submissão dos pobres. Assim como se classifica a escolha de um profissional da saúde para integrar os quadros de um hospital, pela capacidade em entender os problemas e e atender aos pacientes, a classificação social serve para estudar o grau de evolução de uma região, de um povo e da humanidade.
A expressão “ave de pena rara voa junto” não significa que a gente escolhe com quem vai andar porque se veste da mesma forma. Só voam juntas aves da mesma espécie, que migram para um mesmo lugar porque têm os mesmos anseios, envergadura e capacidade de voo para alcançar o seu destino.
Vejo com preocupação a reserva de quotas para negros, índios e outras minorias, numa tentativa honesta de levar e elevar, mais e mais gente dessas raças a um bom patamar de cultura e educação.
Ao mesmo tempo, vejo que estão prejudicando quem não faz parte das minorias, prejudicados na igualdade de condições entre todos os indivíduos em busca de um ideal.
É inaceitável tentar obrigar quem já evoluiu a regredir para fazer parte de uma maioria ignara, em nome da convivência harmoniosa.
Isso não tem nada de inteligente, de louvável, nem é fantástico.
Quem não tem passado não terá futuro.
Virtuosos tardios são aves raras.
Quase sempre os grandes talentos e os vencedores aparecem nos tenros anos como crianças precoces, jovens formadores de opinião, adultos empreendedores e velhos surpreendentemente ativos e profícuos.
Analisar o currículo de qualquer pessoa é fundamental para uma boa escolha.
A ficha suja não é o único sinalizador de que o indivíduo não serve para administrar o seu dinheiro que está em mãos públicas.
Também não se fie na opinião de qualquer ignorante.
O voto consciente continua a prejudicar menos do que o dos ignorantes. São eles que dependem mais do poder público, são eles que sofrem mais com as péssimas escolhas.
Os filhos serão o que os pais querem que eles sejam e as administrações serão retrato da sua falta de participação nos rumos políticos da comunidade.
Vamos acabar com os políticos corruptos. Não vote nos ladrões conhecidos. Vote no novo para o bem do povo!
Há muitas maneiras de escrever.
Mas não é possível escrever antes de ter lido muito a respeito do assunto.Às vezes seus dedos parecem não conseguir acompanhar o pensamento e o texto sai rápido, claro, explícito.
Outras vezes você tem aquilo que parece e pode ser uma boa ideia mas as palavras demoram a surgir e é preciso refletir a cada toque.
Todo texto tem que ser lido várias vezes para ser o que você realmente quer dizer.
Ao escrever você fala com você mesmo e quando resolve publicar fala para uma uma plateia que concorde ou não com as suas ideias pode gostar da forma como ela foi colocada.
Escrever é um dos raros prazeres que não custa nada mas depende muito do investimento que você fez anteriormente.
As lembranças são como as mulheres, a gente não as escolhe, elas é que escolhem a gente...
Por um instante volto cinquenta anos em alguns segundos e me vejo sentado numa carteira de uma sala de aulas no colégio interno de Campinas, em costumeiro castigo pelo mau comportamento.
Esse castigo, que nem lembro, talvez tenha sido por uma briga no páteo ou alguma malcriação ao padre catequista, responsável pelo cumprimento das tarefas que todo carma tem que expiar.
Era nessa sala que aos domingos enquanto os demais assistiam a um filme bem antigo, no cinema, que comportava mais de mil alunos, nós, “no castigo” fazíamos alguma tarefa como decorar poemas ou copiar livros inteiros, o que demandava várias canetas esferográficas e muitos cadernos brochura.
Foi por causa do mau comportamento que eu fui interno, foi por causa dos castigos que eu li e copiei vários livros, por causa do padre catequista que eu expiei muitos dos meus pecados.
E hoje, depois de mais de cinquenta anos me veio essa lembrança nítida de que os caminhos estavam escritos, que o castigo merecido e bem aplicado teve resultados positivos e que são as mulheres escolhem a gente, mas somos nós que escolhemos os caminhos ...
Rsss..
A visão distorcida da realidade coloca no prepotente arrogância, onde deveria existir a humildade de ser ignorante e mal educado.
Arrepender-se do passado é negar a própria existência.
A experiência não é o que nos acontece mas o que a gente faz com o que acontece.
O conhecimento não é o que você aprende mas como você aplica esse conhecimento na vida.
As frases acima não são minhas ou eu me apropriei das mesmas palavras que qualquer pessoa poderia usar para para descrever as próprias experiências.
E o que é o saber e a experiência senão vivermos nós mesmos o que os outros já sentiram e já viveram?
O saber não está na originalidade mas na aplicação do conhecimento disponível, para que nós vivamos a nossa própria vida com a originalidade dos nossos sentimentos.
Falar mal dos outros.
Tem gente que vive falando mal dos outros.
E se você prestar atenção verá que os outros são muitos, quase todo mundo que você conhece.
Quem fala “mal de todo mundo” certamente está falando, falou o vai falar mal de você.
Tem muita gente procurando alma gêmea e só encontra alma penada.
Minha querida Amanda Palma daria uma excelente escritora.
Aliás, Amanda Palma é excelente em tudo que pensa, imagina e faz.
Um dos seus grandes méritos foi encontrar um cara maravilhoso e humilde como eu para dividir os prazeres da vida, emoldurado pela minha beleza interior, exterior na Europa, de Mercedes, de avião ou de navio.
Então... (como dizem os de parco vocabulário), o título do texto foi fornecido por Amanda Palma sugerindo que eu escrevesse alguma coisa a respeito,uma vez que ela tem uma penca de amigas encalhadas.
É verdade, várias amigas da Amanda Palma não encontraram a alma gêmea e vivem se lamuriando de tempos em tempos por trocar a pseudo cara metade por ainda menos do que metade.
É... tem mulher que tem dedo podre para homem.
Pensam que encontraram o príncipe encantado e acabam acordando com o ronco dos sapos.
Amanda é maravilhosa mas acho que essa ela não vai perdoar e eu vou ter que dormir na sala...
Arrependimento eficaz
Errar é humano, persistir no erro é burrice e o arrependimento eficaz deve ser sempre considerado como algo que evitou maior dano, prejuízo e a punição deve ser proporcionalmente reduzida.
Mas tem gente que parece que não aprende.
Dia desses contei aqui a história de uma funcionária que furtou o telefone celular de uma cliente que havia esquecido no provador da loja.
Leia ( http://www.marinhoguzman.com/2014/03/celulares-caros-transformam-jovens.html?spref=fb ).
A funcionária achou o aparelho e sua obrigação seria entregar à gerente que tentaria identificar a cliente. No caso, poucos minutos depois de esquecer o telefone a cliente voltou à loja e demonstrou seu desagrado com a notícia de que o aparelho não havia sido encontrado.
Bem, a funcionária depois de algum tempo e possivelmente aconselhada pelo namorado me procurou e chorando contou o ocorrido e entregou o aparelho. Disse-me que eu poderia mandá-la embora, que ela faria um pedido de demissão e que eu por favor não levasse o caso adiante, que ela não gostaria de encarar as demais funcionárias por vergonha.
Fui informado que a cliente havia deixado o nome e telefone para o caso de o telefone ser encontrado, ligamos e o devolvemos.
Chamei a funcionária e disse que a sua atitude tinha sido correta, que um jovem está sujeito a cometer erros e que a punição não deveria manchar a sua vida. Expliquei que o arrependimento havia surtido efeito e que eu já já havia pedido às demais funcionárias que não tocassem, por piedade no assunto para não constrange-la ainda mais.
O episódio foi minimizado e parecia ter sido esquecido até que o contrato de noventa dias da funcionária terminou, assim como a temporada, que havia sido o motivo para sua contratação e ela foi dispensada.
Recebi a citação para a reclamação trabalhista da tal funcionária, recheada
de acusações e mentiras o que demonstra que ela não aprendeu a lição, que o aparente arrependimento deveu-se ao alerta do namorado de que o telefone tinha GPS, que na loja existem câmeras de segurança e que portanto o furto seria descoberto com as todas as consequências legais.
Eu não me arrependo de ter dado a chance à jovem, mas ela vai ter a oportunidade de arrepender-se de não ter aprendido a lição.
Répteis, anfíbios e batráquios.
Não há muito a fazer nas longas madrugadas, a não ser dar vasão às reflexões lúbricas e filosóficas e eu não poderia perder a oportunidade de discorrer sobre cobras, sapos, pererecas, anfíbios e batráquios se lembrasse claramente a classificação das espécies.
Minha amiga Gisèle Marrese escreveu com propriedade que para escapar dos falsos príncipes o negócio é não beijar os sapos.
Pela colocação rápida e precisa, logo me veio à mente mulheres que beijam sapos e homens que veneram pererecas e as amigas venenosas que andam por aí roubando príncipes consortes, caçadores de viúvas e mocinhas ricas inocentes, essas uma espécie em extinção.
E como uma coisa leva à outra, mergulhei na ideia, de que alguém como eu, que comeu quase tudo na vida, inclusive rã, deveria dedicar algum tempo ao assunto.
Isso posto, bocejei, olhei para o relógio e resolvi deixar o assunto para outro dia porque daqui a pouco preciso começar mais uma jornada de trabalho e cobra que não anda não engole sapo.
Boa noite ou bom dia, porque vocês meus amigos, lendo tanta bobagem merecem toda a minha consideração.
Rsss...
Crianças que fazem crianças e ainda continuam crianças.
Chocante!
As imagens postadas nas redes sociais por garotas de quatorze e quinze anos com suas “princesinhas”.
Duas crianças na mesma foto, dois seres indefesos dividindo a mesma imagem e o que é pior o mesmo futuro nebuloso de quem certamente dependerá muito mais dos outros, do que podem fazer por si próprios.
E tem mãe que acha bonito, avó que demonstra orgulho de ser avó com pouco mais de trinta anos, pais de pouco mais de dezoito anos que não podem pagar pensão e nem ao menos dar um tostão.
Escolhas mal feitas, juventudes perdidas, futuros visivelmente problemáticos. Má formação intelectual e familiar que ocasionarão outros episódios de desagregação familiar com seus corolários de abandono, violência e repetições da indesejável maternidade precoce.
O Estado furta-se da responsabilidade pela ineficiência dos seus mecanismos de ensino e saúde, pela má composição dos Conselhos Tutelares que são eleitos sabem lá Deus como, tudo devidamente desaparelhado pelo roubo de verbas por políticos corruptos eleitos pelo eleitorado despreparado.
Numa faxina parcial nos arquivos rasguei cerca de 40 anos em menos de 40 minutos.Fotos e escritos que foram muito importantes hoje não significavam mais nada.
