Elogios Nao me Elevam

O mundo não poderá tomar um novo caminho se não conseguir uma união íntima da técnica e da moral.

Desde aquele dia
não movi as peças
no tabuleiro.

Aquilo que vem ao mundo para nada perturbar não merece nem contemplações nem paciência.

O mundo, que não é causador de nenhum bem, é cúmplice de muitas infelicidades; depois, quando vê eclodir o mal que ele maternalmente chocou, renega-o e vinga-se.

A arte não imita, interpreta.

Aquele que na vida partiu do zero para não chegar a nada, não tem que agradecer a ninguém.

Na verdade um livro que não merece ser lido duas vezes não é digno de ser lido nem uma vez.

Cospe-se num bandido menor, mas não se pode recusar uma espécie de consideração a um grande criminoso.

A imaginação não é mais do que a pessoa arrebatada nas coisas.

Só é realmente belo aquilo que não serve para nada; tudo quanto é útil é feio.

Não desculpo de modo algum aos homens de ação que não vençam, uma vez que o êxito é a única medida do seu mérito.

É falso que a igualdade seja uma lei da natureza. A natureza não faz nada igual; a sua lei soberana é a subordinação e a dependência.

Faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço. Esta é a verdadeira sabedoria.

Aqueles que nós definimos como os nossos dias mais belos não são mais do que um brilhante relâmpago numa noite de tempestade.

A melancolia não passa de um entusiasmo que arrefece.

Não é justo usar a força contra a sabedoria.

Não se esqueça que o amor, tal como a medicina, é só a arte de ajudar a natureza.

A SOMBRA SOU EU

A minha sombra sou eu,
ela não me segue,
eu estou na minha sombra
e não vou em mim.
Sombra de mim que recebo luz,
sombra atrelada ao que eu nasci,
distância imutável de minha sombra a mim,
toco-me e não me atinjo,
só sei dó que seria
se de minha sombra chegasse a mim.
Passa-se tudo em seguir-me
e finjo que sou eu que sigo,
finjo que sou eu que vou
e que não me persigo.
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou sempre às portas da vida,
sempre lá, sempre às portas de mim!

Urbanização

Tudo o que vivêramos
um dia fundiu-se
com o que estava
a ser vivido.
Não na memória
mas no puro espaço
dos cinco sentidos.
Havíamos estado no mundo, raso,
um campo vazio de tojo seco.

Depois, alguém
urbanizou o vazio,
e havia casas e habitantes
sobre o tojo. E eu,
que estivera sempre presente,
vi a dupla configuração de um campo,
ou a sós em silêncio
ou narrando esse meu ver.

Para os políticos, a verdade e a mentira não são importantes. Então eu nunca poderia tornar-me um político.