Ela é...

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Nem todos sabem a beleza de saber lidar com a tristeza. Ela sabe. Ela ouve a música que seu coração pede e modela seu ritmo ao seu estado de espírito. Ela dança a coreografia de seus sentimentos, e todos podem ver.

A verdade é que amamos a vida não porque estamos acostumados a ela, mas porque estamos acostumados com os momentos, mesmo que poucos, de euforia que o amor nos traz.

Mulher quando se apaixona, fica meio idiota né? Ela ri de tudo e pra tudo. O sorriso fica mais puro, mais sincero. Sem contar que mesmo já tendo um brilho especial, ela consegue brilhar mais ainda.

Ela acreditava no meu futuro. Se algum dia desejei a glória foi por saber que isso a faria feliz.
A medida que vão desaparecendo aqueles a quem amamos, diminuem nossas razões para conquistarmos uma felicidade que não poderemos fruir juntos.

Assim como a necessidade reúne os homens espontaneamente, o tédio faz o mesmo depois que ela é removida.

Bella: Você pode ter a minha alma. Eu não a quero sem você, ela já é sua!

Mas ela já o amava tanto que não sabia mais como se livrar dele, estava em desespero de amor.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Ela foi embora, e eu fiquei bêbado por três dias e três noites. Assim que recuperei a sobriedade, soube que meu emprego já era. Nunca voltei lá. Decidi limpar o apartamento, aspirei o chão, escovei as esquadrias das janelas, esfreguei a banheira e a pia, encerei o chão da cozinha, matei todas as aranhas e baratas, esvaziei e lavei os cinzeiros, lavei os pratos, areei a pia da cozinha, estendi toalhas limpas e coloquei um novo rolo de papel higiênico no banheiro. Devia ser a veadagem chegando, pensei. Quando ela finalmente voltou para casa acusou-me de ter trazido uma mulher aqui, pois parecia tudo limpo demais. No íntimo, eu seguia me dizendo que todas as mulheres do mundo não eram putas, somente a minha.

Basta que ela comece a gritar a verdade na cara de todos. Ninguém acredita no que diz e todos a tomam por louca!

Se ela fosse mais inteligente poderia apagar o passado com palavras novas.

Clarice Lispector
O lustre. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Sabe aquela pessoa que só te procura
quando ela precisa de você?
Pois é:
você não precisa dela. :)

Como é que ela pode esperar que seus filhos sonhem em chegar às estrelas se não podem erguer a cabeça e olhar para elas?

Totalmente indiferente ao destino, a natureza só se ocupa do destino da esécie. Perante ela todos os seres são iguais. A existência do mais pernicioso micróbio é cercada de tantos cuidados quanto a dos maior gênio.

E embora ela sorria, tem algo que ela simplesmente esconde.

"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia.

Clarice Lispector
Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto O búfalo.

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A sua história não é nem melhor nem pior do que a de ninguém que está aqui. Ela só é a sua história.

Ela é estranha. Tem olhos hipnóticos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém.

Encontrar-se consigo própria era um bem que ela até então não conhecia. Acho que nunca fui tão contente na vida, pensou. Não devia nada a ninguém e ninguém lhe devia nada. Até deu-se ao luxo de ter tédio – um tédio até muito distinto.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Ela: Até onde você iria para me ver?
Ele: Depende.
Ela: Depende de quê?
Ele: Até quando você me esperaria chegar?

O pior é que ela poderia riscar tudo o que pensara. Seus pensamentos eram, depois de erguidos, estátuas no jardim e ela passava pelo jardim olhando e seguindo o seu caminho.

Estava alegre nesse dia, bonita também. Um pouco de febre também. Por que esse romantismo: um pouco de febre? Mas a verdade é que tenho mesmo: olhos brilhantes, essa força e essa fraqueza, batidas desordenadas do coração. Quando a brisa leve, a brisa de verão, batia no seu corpo, todo ele estremecia de frio e calor. E então ela pensava muito rapidamente, sem poder parar de inventar. É porque estou muito nova ainda e sempre que me tocam ou não me tocam, sinto – refletia.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.