E Sempre assim toda a Noite a Saudade Aperta
XLIV - Acordo de Noite
Acordo de noite subitamente,
E o meu relógio ocupa a noite toda.
Não sinto a Natureza lá fora.
O meu quarto é uma cousa escura com paredes vagamente brancas.
Lá fora há um sossego como se nada existisse.
Só o relógio prossegue o seu ruído.
E esta pequena cousa de engrenagens que está em cima da minha mesa
Abafa toda a existência da terra e do céu...
Quase que me perco a pensar o que isto significa,
Mas estaco, e sinto-me sorrir na noite com os cantos da boca,
Porque a única cousa que o meu relógio simboliza ou significa
Enchendo com a sua pequenez a noite enorme
É a curiosa sensação de encher a noite enorme
Com a sua pequenez...
As vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois.
Uma noite eu tive um sonho...
Sonhei que estava andando na
praia com o Senhor, e através do
Céu, passavam cenas de minha vida.
Para cada cena que passava, percebi
que eram deixadas dois pares de
pegadas na areia; um era o meu e o
outro do Senhor.
Quando a última cena de minha vida
passou diante de nós, olhei para trás,
para as pegadas na areia, e notei que
muitas vezes no caminho da minha vida
havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também que isso aconteceu nos
momentos mais difíceis e angustiosos
da minha vida. Isso aborreceu-me deveras,
e perguntei então ao Senhor:
"Senhor, Tu me disseste que, uma vez que
eu resolvi Te seguir, Tu andarias sempre
comigo, todo o caminho, mas notei que
durante as maiores atribulações do meu
viver havia na areia dos caminhos da
vida, apenas um par de pegadas.
Não compreendo porque nas horas
em que eu mais necessitava de Ti, Tu
me deixastes".
O Senhor respondeu:
Meu precioso irmão,Eu te amo e jamais
te deixaria nas horas da tua prova e
do teu sofrimento.
Quando vistes na areia apenas um par
de pegadas, foi exatamente aí que
EU TE CARREGUEI EM MEUS BRAÇOS.
"Volte para mim, Gongyla, esta noite,
Você, minha rosa, com sua lira lídia.
Algo te rodeia eternamente com prazer:
Uma beleza desejada.
Até mesmo suas roupas roubam meu olhar.
Estou encantada: eu que outrora
Protestei para a deusa nascida em Chipre,
Para quem agora imploro.
Nunca me deixe perder essa graça
Em vez disso, traga você de volta para mim:
Entre todas as mortais, a única
Que mais desejo ver."
Essa noite eu quero ir mais além, eu não devo nada pra ninguém. Vamos dar um tempo pra nós dois que a saudade vem melhor depois...
Estou careta, não bebo, não tomo drogas, não estou mais na noite; estou tratando de mim de um jeito que nenhuma babá trataria. Nunca tinha ido a um médico até os 30 anos... eu não sabia que tinha um corpo e que ele podia falhar um dia.
Gostaria, querida, de ser inesperado
Como a madrugada amanhecendo
à noite
E engraçado também, como pato num trem
À noite quando me separo das coisas,
E me aproximo das estrelas ou constelações distantes —
Erro: porque o distante não é o próximo,
E aproximá-lo é enganar-me.
Quando Você Voltar
Vai, se você precisa ir
Não quero mais brigar esta noite
Nossas acusações infantis
E palavras mordazes que machucam tanto
Não vão levar a nada, como sempre
Vai, clareia um pouco a cabeça
Já que você não quer conversar.
Já brigamos tanto
Mas não vale a pena
Vou ficar aqui, com um bom livro ou com a TV
Sei que existe alguma coisa incomodando você
Meu amor, cuidado na estrada
E quando você voltar
Tranque o portão
Feche as janelas
Apague a luz
e saiba que te amo...
Quando de noite ele me chamar para a atração do inferno, irei. Desço como um gato pelos telhados. Ninguém sabe, ninguém vê. Só os cães ladram pressentindo o sobrenatural.
Um dia, ela descobriu sozinha que era duas! A que sofre depressa, no ritmo intenso e atroz da noite e a que olha o sofrimento do alto do sono, do alto de tudo, balançada num céu de estrelas invisíveis, sem contato nenhum com o chão.
É noite pura e linda. Abro a minha janela
E olho suspirando o infinito céu
Fico a sonhar de leve em muita coisa bela
Fico a pensar em ti e neste amor que é teu!
D’olhos fechados sonho. A noite é uma elegia
Cantando brandamente um sonho todo d’alma
E enquanto a lua branca o linho bom desfia
Eu sinto almas passar na noite linda e calma.
Lá vem a tua agora. Numa carreira louca
Tão perto que passou, tão perto à minha boca
Nessa carreira doida, estranha e caprichosa.
Que a minh’alma cativa estremece, esvoaça
Para seguir a tua, como a folha de rosa
Segue a brisa que a beija… e a tua alma passa!
"Porventura tem a amizade um coração tão fraco, que numa noite ou pouco mais se muda?"
"É preferível não ter amigos do que os ter mais nocivos que inimigos."
"Por que precisaríamos de amigos, se nunca tivéssemos necessidade deles? Seriam as criaturas mais inúteis do mundo (...) e se assemelhariam a esses instrumentos agradáveis que permanecem nos estojos, guardando consigo suas harmonias."
"Tem amigos quem nunca aos outros importuna."
"O amigo comprovado, prende-o firme no coração com vínculos de ferro, mas a mão não calejes com saudares a todo instante amigos novos."
"Sempre que a amizade adoece (...) lança mão de fórmulas forçadas."
A noite/1
Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta. (p. 90)
O diagnóstico e a terapêutica
O amor e uma das doenças mais bravas e contagiosas. Qualquer um reconhece os doentes dessa doença. Fundas olheiras delatam que jamais dormimos, despertos noite apos noite pelos abraços, ou pela ausência de abraços, e padecemos febres devastadoras e sentimos uma irresistível necessidade de dizer estupidezes.
O amor pode ser provocado deixando cair um punhadinho de pó de me ame, como por descuido, no café ou na sopa ou na bebida. Pode ser provocado, mas não pode impedir. Não o impede nem a água benta, nem o pó de hóstia; tampouco o dente de alho, que nesse caso não serve para nada. O amor e surdo frente ao Verbo divino e ao esconjuro das bruxas. Não há decreto de governo que possa com ele, nem poção capaz de evitá-lo, embora as vivandeiras apregoem, nos mercados, infalíveis beberagens com garantia e tudo. (p. 91)
A noite/2
- Arranque-me, senhora, as roupas e as dúvidas. Dispa-me, dispa-me. (p. 92)
A noite/3
Eu adormeço às margens de uma mulher: eu adormeço às margens de um abismo. (p. 94)
A pequena morte
Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer e uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce. (p. 95)
O devorador devorado
[...] os amantes se comem entre si de ponta a ponta, todos todinhos, todo-poderosos, todo-possuídos, sem que fique sobrando a ponta de uma orelha ou um dedo do pé. (p. 97)
(O Livro dos Abraços)
Era noite e fiz um movimento descuidado dentro do sonho; virei bruscamente de mais a esquina e choquei contra a minha loucura.
Por isso creio
Cada noite no dia,
e quando tenho sede creio na água,
porque creio no homem.
Creio que vamos subindo
o último degrau.
Dali veremos
a verdade repartida,
A simplicidade implantada na terra,
O pão e o vinho para todos.
Travessia
Quando você foi embora
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito,
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha,
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto,
Muito tenho prá falar
Solto a voz nas estradas,
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra,
Como posso sonhar
Sonho feito de brisa,
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto,
Vou querer me matar
Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte,
Tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver
Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa
Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa,
Substitui o calor.
P'ra ser feliz tanta coisa é precisa.
Este luzir é melhor.
O que é a vida? O espaço é alguém pra mim.
Sonhando sou eu só.
A luzir, em quem não tem fim
E, sem querer, tem dó.
Extensa, leve, inútil passageira,
Ao roçar por mim traz
Uma ilusão de sonho, em cuja esteira
A minha vida jaz.
Barco indelével pelo espaço da alma,
Luz da candeia além
Da eterna ausência da ansiada calma,
Final do inútil bem.
Que, se quer, e, se veio, se desconhece
Que, se for, seria
O tédio de o haver... E a chuva cresce
Na noite agora fria.
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