E Sempre assim toda a Noite a Saudade Aperta
A saudade
A indiferença,
A ingrata crueldade!
Num coração sem piedade e essência
Constrange
Meus olhos choram sem clemência.
Eu choro,
Lamentoso!
Pranteio.
Eu choro
Um choro choroso!
E nas cordas da minha viola
Um choro chorado e doloroso.
E num canto isolado
Soluçando um canto embargado,
O tristonho
Cavaquinho.
Revelando meus sonhos
Muito jururu canta seu Chorinho!
Ao ouvir meu pranto estriduloso
Até o sabiá chora apertado!
O chororó não canta
Mas chora um berreiro chorado.
É quando a viola
E o cavaquinho
Em meu imo,
Troveja um choro
E um Chorinho
Divinamente encantado.
Infância. Muitas histórias. Muito me orgulha. Muito me deixa saudade por ter sido perfeita aos meus olhos.
Esse cheiro de saudade
Esse aceno de adeus
Aspirando a novidade
Choram alto, os sonhos meus
Esse novo de novo me envolve
Que ronda, exige e põe a prova
Desistir, agora, não resolve
Tal ao pecado que te leva à cova
Impiedoso, te cobra atitude
outro mundo, outros planos
E todos com uma vida amiúde
que erram e pecam como profanos
Se não posso opinar, nem escolher
Se não posso mudar, nem retrucar
Pois que aconteça o que tem que acontecer
Só não prometo aceitar sem doer, nem chorar.
O tempo passa e em vez da saudade ir junto com o tempo, ela continua, insiste em ficar e a aumentar cada vez mais e mais.
ESPAÇO (soneto)
Tragando a vastidão do cerrado profundo
A solidão num canto, a saudade devassa
Saudade do afeto que no peito arregaça
E que vagueia na dor, lamentoso mundo
E na esteira sem fim da tristura sem graça
Ei-la embalada na sofreguidão de moribundo
Recostado no abismo sepulcral sem fundo
Do pesar, e encruado suspiro que não passa
Poeto. Me elevo em busca de um conforto
Vou pelo estro de encontro a outro porto
Pra aurorear a sensação com cheiro de flor
E nesta emoção que se tornou um lastro
No vazio. Cheio de pranto no árduo rastro
Cato a poesia para abrir espaço pro amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19/07/2020, 15’10” - Triângulo Mineiro
É a ausência presente
Que nos mata:
De saudade por querer
Aquilo que, de tão distante,
É praticamente impossível
De obter.
É a presença da ausência
Que nos consome:
Faz do presentea ânsia pelo passado
A dor dilacerante, que machuca,
Por algo que nos foi tirado.
É o ausente
Que vive em três dimensões:
No passado, quando deprime;
No futuro, quando preocupa; e
No presente, ao ser ausente.
Saudade
Saudade é o nome
daquilo que mora em silêncio no peito,
e faz barulho no olhar.
É ausência que pesa,
lembrança que toca,
tempo que não sabe voltar.
É quando a memória abraça,
mas o corpo sente falta.
Quando o riso vem fácil,
mas o coração falta.
Tem cheiro que chama,
voz que ecoa,
detalhe bobo que emociona à toa.
É querer ver de novo,
mesmo sabendo que não dá.
É conversar com o pensamento,
é esperar sem esperar.
Saudade é o espaço entre dois tempos,
entre o que foi
e o que talvez nunca volte a ser.
Mas mesmo doendo,
ela mostra:
aquilo que existiu valeu viver.
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O tempo é uma roupa com saudade do algodão.
Entre eles havia o silêncio que antecedeu o big bang.
A porta estava aberta, mas ele não sabia mais sair.
Ele chorava a despedida, mas sua amada segurava sua mão.
Ele era uma bomba atômica com a aparência de um filhote de gato.
Ele era um feto em estado permanente de gravidez.
Ele construía uma escultura na areia como se fosse de bronze.
Ele tinha palácios, mas as camas eram feitas de espinho.
Ele tentava dizer, mas não tinha gesto nem cordas vocais. Estava paralisado como uma estátua.
O amor era tão profundo que a não reciprocidade anunciava a morte do sujeito que ama.
O tempo passou, a saudade apertou. O tempo passou, a dor se curou. O tempo passou, uma verdade ensinou: somos todos passageiros do tempo.
🌫️
Às vezes, nem sei se é saudade do lugar…
ou de quem eu era quando morava lá.
Só sei que, mesmo rodeada,
sinto falta de algo que ninguém vê.
A ausência é o sal da vida, sua essência. A saudade é a expectativa do doce, quando ao paladar se apresenta o amargo. Ausência e saudade são faltas, que o ser humano suporta com resignação, de uma esperança que resultou inútil.
O tempo que não passa é uma fruta que não amadurece. É simbologia da estagnação, que leva à apatia e ao desespero. Todos os tempos fluem com a ação. A inação é a quebra da força vital.
Silêncio do cansaço é quando a retina se gasta com imagens que se repetem. O silêncio da contemplação é quando o silêncio pele um pouco de calma, para apreciar suas criações.
A memória é uma pulga que salta até quarenta vezes o seu tamanho. A memória é aquilo que ficou daquilo que passou. É um baú de lembranças que ao mesmo tempo alegra o coração ou o faz sangrar.
Lento é um nome poético para o vento, pois o vento é fluido e se vai de um canto a outro sem pressa. O vento calmo. Mas o vento pode ser potência destruidora, quando se embravece e brinca de arrancar casas e telhados.
Meu nome é solidão. Brinco com corações humanos, bombardeando-os de um silêncio absurdamente desconcertante. Meu objetivo é ver o homem se bastar.
O destino tem a cor dos meus olhos castanhos. Tem o amendoado dos meus olhos e me convida a rir ou chorar, no baile da sociedade ferida.
Se o amor fosse um labirinto seria o labirinto do Minotauro. O Minotauro encontraria-se em estado de paixão e seria incapaz de ferir até que a paixão passasse. Seguiria-se a realidade nua e bruta.
Ela nasceu nas fontes de água e morreu no deserto sem árvores. Ela era a antítese entre a abundância e a escassez. Renasceu como uma criança desconfiada, com a alegria do muito e o medo do nada.
Entre o céu e a terra havia um abismo que uma estrela cadente deveria atravessar, para o seu nascimento terreno. Era uma estrela em estado de epifania e nada podia temer. Era seu destino implacável.
VERSOS DE SAUDADE (soneto)
Vou de versos em saudade, sofrente
As trovas choram lágrimas, suspiram
Soluça. A solidão e o pesar, inspiram
Vertente. Nublando o verso da gente
O poetar de nostalgia, uma serpente
Ondeando o ritmo com um amargor
Envenenando o verso com sua dor
E na versificação uma dor clemente
Adeus, uma poesia que estrangula
Adeus, agonia que o pesar formula
Enfeitiçando a prosa tão cruelmente
Aperto, enjoo, o verso sem medida
Nesta saudade poética tão abatida
Enchendo o soneto de rima ardente.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 julho, 2025, 13’51” – Araguari, MG
Coisa linda, não posso te esquecer.
Teu sorriso acende meu peito, viraste saudade antes de ser lembrança,
morando em mim como uma doce canção que toca no silêncio do meu coração. Teu olhar mora em mim...
— Fram Lima —
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