E Preciso Abandonar Certas Coisas
Beijo na testa. E eu achando que ele não tinha desistido. Que não teria esquina, nem curva nenhuma que me fizesse perdê-lo de vista. Que não teria grito alto demais, arranhão de raiva ou choro no silêncio que o fizesse dar meia volta e ir embora. Ele não tinha força nos braços pra carregar a gente, e me carregar sem amor ardente. As mãos suadas e aquela premissa de que ele era realmente um moleque. Dureza é voltar pra casa com os olhos borrados e contar pra minha mãe que ela tinha razão. Ele não saberia lidar com nada disso. É quando estabiliza, quando acontece a vira que a gente descobre quanto vale o jogo. Ele veio com um zap, e eu só tinha uma espadilha de nada. Não dava pra lutar sozinha se o nosso truco é jogado pra dois. Não dava pra continuar quando a aposta é doze e ele abandona o jogo no meio. Pior é constatar que não era blefe e que a mão dele era leviana. Resultado: na testa.
Eu tenho um pouco de medo disso. Não, não é dela. É disso que a gente tem. Que me sufoca, mas não é um sufoco forçado. Bate junto com a angústia e parece que o peso do mundo amolece as minhas pernas e elas ficam bambas. Os braços ficam dormentes com a disritmia do coração. E eu sou só mais um desses meninos que se mascaram de fortes. Com músculos, um pouco de barba e um tanto de solidão pra dar charme. Mas é quando estabiliza que a gente entende o rosto. Não tem ruga nenhuma e dá pra perceber que a gente é muito novo ainda. Tem muita coisa pra viver, e eu não sei lidar com as coisas quando elas saem do controle. A garganta fica seca quando eu percebo que as coisas estão indo por um caminho que eu não sei prever. Não tem mais aquela falta de ar, mas a atmosfera é leve com ela. Não precisa muito de pôr-do-sol pras coisas ficarem bem. E se eu perder tudo isso? Eu corro. Largo as cartas na mesa e vou sem nem olhar pra trás – porque se eu olhar, eu volto.
Você era o mundo pra mim, e decidiu não ser mais. Eu só queria um amor, e você queria o resto. Você queria pausar as coisas, e eu o controle remoto da TV. Você queria ter o controle, e eu me jogar de bungee jump. Você queria que eu ficasse, mas eu fui embora algumas vezes também. Você queria um final feliz, mas a gente só era feliz e eu resolvi não dar final. Eu só queria fugir e você queria misturar o meu discurso e me levar a algum lugar com nome e endereço conhecido. Você bateu a porta, mas eu também. Dava pra sentir a sua mão do outro lado da maçaneta – e por que você não me puxou? A gente girou junto e eu caí na minha cama, e eu também caí pra fora da vida. Eu fui crescer, mas você quis ficar. Quem é que vai substituir o seu rosto nas fotos do meu quarto? – e quem vai me mandar combinar o tênis com a bermuda direito? Eu vou correr, mas um dia eu volto. Se você voltar, eu corro. Bati a porta depois que você saiu, e não tem toc toc que me faça abrir de novo. Boa sorte com isso, e pra você também. Até mais, e eu te amo.
[E é nos desencontros da vida que a gente vê que uma cena qualquer é como o amor. Que não precisa ser bonita ou fazer sentido. Que não precisa ter motivo aparente ou fechar nas reticências. É nos diálogos entreportas, de portas batidas, de corações partidos que a gente vê que a maioria de nós quer a mesma coisa. Que a gente só quer um amor.]
Essas são as coisas que gosto em você, moço
Ei, moço! É que eu queria te dizer que gosto de você. Que gosto de sentir frio e saber que você é segunda, terceira e minhas outras tantas peles. Eu gosto de te ter por perto. Gosto de sentir teu cheiro quando sai do banho. Mesmo tendo aquela mistura toda de aromas, pra mim, é o teu cheiro que prevalece. E sentir aquela fragrância que é só tua me aquieta o coração e me traz um sossego que é de alma.
E eu gosto de te sentir nos poros todos, impregnado sob a minha pele.
Eu gosto do jeito que você tenta tirar a minha atenção quando paro tudo pra te olhar. Você precisa entender que te olho pra te decorar e te aprender, você precisa saber que te fotografo com meus olhos e isso não se nega a ninguém. Gosto do teu meio sorriso. Ele tem um ar de mistério, de algo que não estaria ao alcance do meu entendimento.
Apesar de você achar que não, eu consigo te ler.
Acho incrível tua habilidade de premeditar cada detalhe de um momento. Ainda não consigo entender a tua facilidade com os meus zíperes. Posso passar horas tentando fazer com que eles subam (ou desçam), mas eles parecem render-se ao teu toque, aos teus dedos e eu já fecho os olhos. Tenho que dizer como amo quando você me beija de surpresa. Me dá um frio gostoso na barriga que desacelera o mundo, aguça meus sentidos e desordena minhas pernas. Gosto de como você me faz perder o fôlego. Toca aqui e me sente ritmando contigo, sente? Sem perceber você faz com que meu fôlego fuja sem se preocupar com o caminho de volta. É assim que ele se perde de mim. Quando você me sorri eu já não tô nem aqui, mas me procura em Marte ou em você e me acha, acha e me traz pra mais perto.
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Moço, você consegue perceber que eu me moldei a você? Eu me moldei aos teus gostos, aos teus beijos e carícias, mas principalmente ao teu tempo e ao teu espaço. Essa inconstância que me corrói por dentro é a mesma que me desperta o anseio de ficar, me adaptar e te sentir em mim mais uma vez.
Ei, moço. Eu gosto de estar aí. De fechar os olhos, ouvir a música, sentir a luz que me acalma. E enquanto eu tô aí esperando a conclusão dos teus rituais, fecho os olhos e sinto que é teu cheiro se aproximando. Te farejo com os olhos. E eu vou cegando, todos os outros sentidos se aguçam e eu vou gostando ainda mais de estar e poder ficar aí.
Eu queria te dizer tudo isso, mas não consigo e nem mesmo sei explicar o motivo. Ao invés disso, te olho. Deixa eu continuar te olhando, te cheirando, te mordendo e admirando. É meu jeito de dizer que te gosto. Te leio e já me encaixo. Me moldo e me encaixo. Te leio e me adapto. Gosto desse suspense, da corrida e do alvo, que é você.
Aquele nosso sonho também ficou comigo. Está no fundo, para eu não correr o risco de usá-lo na primeira oportunidade, num desespero momentâneo. Ele é único e, portanto, devo ter cautela. Pensar bem antes de tirá-lo do fundo da mochila e trazê-lo à tona.
Carta a quem já me disse Adeus.
Eu não vou me desculpar pelo lado ruim, nem me perguntar por quantas vezes você pensou em ir embora antes de fazê-lo. Não vou me ater aos rabiscos, aos malfeitos, às partes tortas e a nenhuma dessas coisas que passam pela nossa cabeça assim que somos abandonados. Não vou te culpar por alguma crise de choro ou por alguma cirrose futura, nem espalhar aos quatro ventos alguma história que me torne vítima e tiranize você.
Eu vou sentir sua falta. Aliás, eu já sinto. Sinto que eu deixei escapar a minha melhor chance de ser feliz – e isso não é nenhum estado depressivo que se agrava e se repele automaticamente depois de algum tempo. É conformismo. Constatação das brabas. Daquelas verdades inconvenientes que são pregadas na parede do quarto feito papel de parede que a gente não escolheu. E nem adianta tirar porque a pintura vai descascar e esfarelar tudo. Vai sujar o chão. E as marcas de que um dia eu te perdi vão continuar ali – nas ruínas de um quarto velho e torto no segundo andar de uma casa desalmada qualquer.
Adeus serve pra gente reconhecer no rosto de quem vai embora alguma história da qual tenhamos participado. Os traços do outro vão sempre contar um pouco da gente – principalmente quando a gente ajuda a carregar as caixas, com o coração na mão. Você tinha olhos baixos e meio marejados, e eu sabia que era de saudades da brisa da casa de praia. Dos passeios de barco. Do céu estrelado. E me olhou com tanto carinho antes de me beijar a testa – e eu sei que isso significou muito pra você. Que você foi embora com o coração dilacerado. O meu, em 3/4 e o seu em 7/8. Grudou as mãos suadas antes de devolver as alianças. Mas parece que fez uma força extra-humana para tirá-las dos dedos – é que o costume molda a gente, ainda mais se é voluntário. Moldou o seu corpo. Desacostumou-se aos outros. Se rendeu a minha forma. Mas agora você vai embora quebrada, e eu também. Cada caco reunido com o pouco de força que a gente ainda tinha. E nós deixamos as fotos na estante. Pra lembrar que aqueles dois se amaram, e que amor que é amor não se acaba.
Você foi a melhor coisa que me aconteceu em muito tempo – e só Deus sabe como eu amei você. Do meu jeito, mas amei. Com pretensões, com modos de indicativo e imperativo, sem modo algum, com gentileza e cadeiras puxadas pra você cair diretamente nos meus braços. Com trinta e sete minutos de conversa antes do dentista, com pano e água gelada pra baixar a febre, com o coração na mão pra pedir desculpas depois de ter feito você chorar. Amor não se acaba, morena. Amor fica intacto no espaço e no tempo. A gente é que muda e faz dele fantasia. Abstração. O factual continua com a vida, mas o amor ficou guardado entre o dia em que você me disse que não entendia nada disso de amor, e o dia em que me deu Adeus. Suspenso no ar. Como se ele desacreditasse piamente naquele vocabulário extenso que englobou a nossa despedida.
Filmes de terror que falam sobre fantasmas só podem variar entre duas possibilidades: os incrivelmente assustadores e os incrivelmente trashs. Ou se executa bem a produção a ponto de fazer o espectador sentir calafrios e não conseguir dormir durante a noite, ou o fracasso da trama é assumido e o público possui livre-arbítrio para gargalhar durante cada uma das cenas mais horrendas (de mal feitas). E os términos, os tocos, os pedidos de tempo e afins dos nossos relacionamentos não são muito diferentes dos filmes de terror.
Aquele “talvez ainda dê certo, talvez eu tenha que me esforçar mais ainda, talvez amanhã a gente acorde diferente, talvez eu ame um pouco mais algum dia, talvez eu não queira me desprender depois de tanto tempo, talvez…” é o que faz com que a maioria conserve um fantasma que também transita entre as duas categorias de terror. Relacionamentos que começam impulsionados num talvez seguem assustadoramente cômodos e são tramas sem pé nem cabeça que acaba se tornando trash pra quem as vive. Os términos e tocos que são evitados com a perspectiva do talvez se orientam pelo medo de viver numa casa abandonada ou pela comodidade que o sofá da sala de cinema a dois inspira. Mal sabem eles que só conversam um fantasma de um sentimento e de um relacionamento mal resolvidos.
É mais original e indolor dizer o famoso “não” de uma vez – e daí você evita que comprem bilhetes para assistir àquele filme ruim que ganhou só duas estrelas da crítica especializada. É mais terrível e dolorosamente assustador assumir que acabou. Porque, se alguém assume, a sensação é como se um tiro à queima roupa fosse desferido de uma vez só bem no meio do cérebro. As conexões são desligadas e cada parte dos fios que ligavam a sua cabeça ao sentimento pela tal pessoa que está bem na sua frente vai sendo rompida. O coração dá aquela alternada entre on e off e esboça aqueles últimos espasmos antes de falhar de vez. Voilá! Morte e sangue fresco nas telas e a plateia chega ao delírio. Tudo bem. Não precisamos ser tão dramáticos assim. Mas o final do filme é claro: você vai se sentir um monstro de primeira classe e achar que o seu ouvinte é uma daquelas clássicas vítimas que não mereciam isso. E vice-versa.
O que nenhuma das partes parece entender claramente é que sentimentos zumbis só existem no plano de ação. Deixá-los semi-mortos é uma bobagem. Você ainda beija, você ainda liga algumas vezes por dia, você ainda anda de mãos dadas, mas ele já morreu faz tempo. Pelo menos pra um de vocês. Ou, como é no início de uma relação: você não sente nada, mas a outra pessoa te adora, faz de tudo por você, é bacana e você não quer ficar sozinho. “Talvez dê certo” e o eco do talvez se projeta pelo resto da relação. A sinceridade e a reflexão sobre o término ou sobre a falta de vontade de levar a frente uma relação com alguém é aquele tiro na cabeça que enterra de vez o zumbi. Só que ninguém quer sujar as mãos com sangue e prefere passar a vida fugindo da visão de um relacionamento já massacrado. E daí, você tem duas opções: ou trancar todas as portas para conseguir dormir durante a noite, ou começar a rir da sua própria trama de horror. E, se você não é fã de filmes do gênero, é melhor tomar cuidado: talvez você esteja preso a um fantasma e ainda não percebeu. Talvez.
"Se eu te pedisse desculpas e tentasse consertar as coisas agora, será que daria tempo da gente ser um pouco mais feliz? Você teria vontade e os vizinhos perceberiam e sua mãe perceberia e meus amigos perceberiam que a gente não se arruinou tanto assim..."
Por de trás de uma história, sempre tem um motivo maior. Essa é a sua, e você tem que ser forte o suficiente para driblar com sabedoria. Portanto, acredite em Deus, saiba que ele faz tudo perfeito!Não há nada de errado nesse mundo, pelo contrário, está tudo certo!Apesar do livre arbítrio que temos para escolher nossos caminhos aqui na terra, fomos nós, que decidimos um dia, passar por tudo o que passamos. (Obs. Não estou pregando religião. É apenas uma crença que acredito) Então, respire fundo!Busque maneiras de refugiar-se. Ler é um caminho bom, mas enxergar a vida por outros ângulo é ainda melhor. Tudo faz parte da evolução das almas. E acreditar que tudo vai acabar bem, é a melhor maneira de ser feliz. Amanse seus pensamentos através da fé, ela sim te guiará por um caminho de tranqüilidade e paz. Somos todos vitoriosos. Somos todos seres iluminados. É só o fato de existirmos, faz com que tenhamos a oportunidade de escrever um lindo final feliz. Você é do bem. Só precisa acreditar um pouquinho mais na vida. ( Não que voce não acredite,mas você sabe,NE?Só há uma maneira de ser feliz : CONFIAR NO DESTINO.
Eu acho que no fundo é o que essa gente toda quer. Aquele amor por acaso, sem grandes firulas ou novelas mexicanas, pra trocar o drama por carinho. Por isso que eu ainda tenho esperança, uma esperança simples de te achar numa dessas vezes em que tocam minhas campainhas.
Uma história de amor que nunca aconteceu
Vejo você do outro lado da calçada com um sorriso meio bobo que vai fazer as minhas pernas balançarem. É a primeira vez que te vejo, depois de trocar tantos bilhetinhos. Você vai chegar meio tímido, e eu vou te puxar pra perto. Não vai precisar de palavras. Você vai arfar por nervosismo ou preocupação, e eu não vou saber fazer a menor diferença. Te vejo ajeitando o cabelo com um gesto que vou amar, e depois vou imitar te arrancando risos e xingos. Eu já sinto saudade dessa cena como uma lembrança especial guardada nas velhas caixas de sapato. Como é possível sentir saudades do que nunca vi?
Sinto o cheiro do teu perfume de longe. É o mesmo que você usava na mesma esquina imaginária num dia em que nunca nos esbarramos pela primeira vez. Consigo imaginar perfeitamente porque as tuas letras sempre vêm transpirando lindezas. É o cheiro que eu vou associar a chegada, carinho e amor. Penso que vou me entregar ao prazer delicioso de passear pelo teu pescoço antes do nosso beijo… O beijo. Dá pra sentir a tua boca se movendo pelos cantos, fazendo rodeios e parando no ponto exato em que encontro a sua. O mundo vai parar, embora tudo pareça tão normal. Só a gente sente essas coisas de infinitos particulares.
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Escuto as nossas briguinhas. Ouço cada palavra em minha mente. Eu não vou suportar a tua bagunça e o teu jeito desastrado. E, no meio da confusão de gritos e palavrões, você vai largar aquele sorriso (sim, o mesmo sorriso bobo), e eu vou me esquecer de tudo. Você tem algo de infantil e delicado nos teus gestos, que eu só sei que vou querer te proteger e te colocar no colo… Escuto o teu pedido de desculpa e aceito imediatamente, mesmo sabendo que vai acontecer tudo de novo. E de novo. Essas briguinhas de amor serão ternas e eternas. É normal essa saudade do que nunca escutei?
Eu nunca te vi, te cheirei e te ouvi. Mas já te desenhei, colei o teu retrato junto ao meu e aprendi a amar esses sorrisos que vêm na minha imaginação. É dessas histórias que nunca aconteceram e que a gente sabe de cor. De coração. Quando você se afastar, eu vou guardar o teu gosto em mim. Uma pena que você não fique impregnado feito cigarro pelos meus cabelos e pelos meus tons. Nos dias nublados, vou me recordar com afeto do silêncio-tum-tum-tum-tum. E tudo volta a ser poesia.
Sim, estou com saudades das coisas que nunca vivi. Apenas porque dias nublados são sempre dias de recordações e poesia. E silêncio.
Tudo ficou meio quieto. Você também tá aí me imaginando junto de ti?
"Eu bebi pra ver se o mundo rodopiava na minha frente e me deixava de frente pra alguma versão de você que me quisesse."
"Foi nos seus lábios que eu encontrei o que eu não sabia que estava procurando esse tempo todo. Menina, bastou eu estar ali uma vez, pra eu ter certeza que era ali que eu queria estar o resto da minha vida. Meus lábios tem o molde dos seus e agora parece difícil me encaixar em outros."
Uma mulher chorando fazia eu me sentir como se estivessem me despedaçando de dentro para fora, uma arma que eu nunca revelaria a alguém.
Eu não conseguia parar de querer que a órbita dessa mulher se sobrepusesse à minha. Era um jogo estúpido e perigoso que eu estava jogando.
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