E o Tempo da Travessia e se Nao Ousamos Faze-La
Você precisa de alguém para exibir, e eu,
bem eu só preciso de um pouco de amor,
por isso não estou com você.
“Engoli o choro e respirei fundo como se aquelas palavras não tivessem machucado.Sorri, um sorriso meio apagado.Aparentente eu parecia estar perfeitamente bem, mas só Deus sabe o quanto estava doendo aquele nó preso na garganta.“
Não faço bonito faço oque é preciso oque sinto eu sim me permito evoluir mesmo que seja preciso partir, e te deixar no mesmo lugar cômodo que sempre esteve.
Blasfêmia! Mentira! Acho que posso ouvir gritarem isso para Jesus. Não me surpreendo mais com os horrores do mundo, as violências, o descaso. O senso de justiça não existe mais. As pessoas se esforçam, trabalham e quando finalmente conseguem o que quer és roubado por um ser sem nenhum caráter. As exigências não param de chegar contra nós, nos culpando – Se você tivesse prestado mais atenção não seria roubada. – ou – Você estava no lugar errado, no momento errado. – Agora eu é que pergunto: E a segurança? Aonde ela foi parar? E o nosso direito de andar pela rua sem ser vitima de uma bala perdida? Não temos que nos encaixar na padronização da sociedade, ela é que nos deve. A classe média sustenta a pobre com impostos, mas se eles não são utilizados da maneira correta para o bem-estar da população é meio obvio que isso vai resultar em violência. Os assaltantes deveriam mudar de alvo, por que em quanto eles perdem tempo roubando o dinheiro de pessoas que “mal tem” os comedores de impostos estão comprando carro importado e casas fora do país. Patético! Desprezível! Grito hoje para o mundo em que vivemos e por quem somos governados.
A luz da lua
Não tenho mais criatividade para escrita, nem para trabalhos grandiosos ou qualquer coisa que use essas grandes idéias que nunca existiu, minha respiração pesa e às vezes até me dói o coração de tanto amor que tu deixaste aqui. Deves me perguntar ainda: Quem é esse tu? Talvez esse tu seja a lua sorrindo para mim, as ondas se quebrando e virando espumas, as flores piscando para o sol. E nós nos derramamos e viramos apenas um. Ainda somos nós? Talvez tudo tenha se desfeito e eu tenha virado “eu” e você voltou a ser apenas “você”. Quem sabe até nunca tenha sido nós. E o vós? Acho que nem aprendi a utilizá-lo ainda.
Naquelas tardes tão inesperadas e acorreria implorando para que eu andasse mais devagar, decidi escrever cartas para o meu amor. Cartas belas, cheias de poesias e palavras complicadas. A lua sabe ler? Acho que sim! E ao chegar em casa me esparramei e derramei-me em papéis pautados. As palavras fluíam e a luz da lua me abraçava. Eu olhava para o céu e via as estrelas dançando e me chamando para entrar no compasso delas. Meus olhos fixados no papel e as lembranças não tão boas assim só me forçavam a repetir:
“Ó minha bela lua,
Não me aperte tanto, querida amiga.
Folgue-me sem largar
E aprecia as palavras que escrevo em sua homenagem. “
Ainda escutava as canções cantaroladas pelas belas estrelas me forçando a suspirar ao olhar pela janela e lamentar-me por não ter a lua junto a mim para assistir aquele lindo espetáculo que por sinal estava ao nosso favor.
“E pulas para cá
Encaixa-se em mim e mostra-os
Que tu não és tão grande assim ”
Ao esperar resposta tua percebi que era loucura querer a lua do meu lado. Talvez só a sua luz e a sua beleza não fosse o suficiente para me completar por inteiro. Algo me diz que vazios não se completam apenas com lanternas, por mais lindas que fosse a cor delas. Precisa de concreto, algo que nos suporte, transforme.
Tudo implicava para que eu corresse atrás.
“Desistir talvez seja fraqueza,
Mas temos direito de escolher.
Sofrer ou me entregar a você? “
Se entregar a lua? Que besteira é essa? Eu já me sinto indo longe demais e nem preciso ser astronauta para alcançá-la. Voava entre as nuvens de algodão que a protegia e me sentia cada vez mais patética. Uma paixão tão impossível... Algo realmente lamentável para uma pequena como eu. Ela me pedia para ir embora e eu deveria soltá-la. Ela também não me largava! E o seu olhar de lua? Seu sorriso de lua? Enluarava-me por inteiro, hipnotizava e me deixava prostrada aos seus pés. Pés de lua, belos pés de lua.
- Minha querida, hoje tu tens feito algo melhor do que ontem?
- Não, tudo como sempre.
Eram respostas realmente admiráveis, curtas, talvez grossas e irônicas. A lua não se portava como tal. Mas o seu brilho no olhar cegava-me por uns minutos e quando voltava a mim eu estava a suspiros apaixonados. Nada de criatividade. As palavras fugiam e eu me dava conta de que não era um bom momento para bater-boca com o meu coração.
- Tudo bem, lua minha, não se grile.
- Alto lá! Talvez o que me tire à paciência seja essa tua falta de amor próprio. Adora esquecer-se de si mesma. Meus problemas são os seus problemas e essa tua mania de tornar-se simples é um erro.
- Erro querer ser igual a todo mundo?
- Sua luz brilha mais do que a minha.
- Nunca!
As palavras se afundavam e sumiam no silencio que a lua deixou ao virar as costas. Restava-me conversar com o meu “caderno das mentiras”, ele libertava-me, mas naquele dia não estava muito a fim de papo e me deixou focada nessa tal luz que a lua disse que eu tinha. Decidi não ouvi-la mais. Acabei deitando no chão de tanto rir da minha própria decisão. Que tal esquecê-la? Não, não a lua, mas sim a inútil decisão que tomei. Decidi então ouvi-la eternamente. Maravilha! Corretíssimo! Agora estava melhor. Libertei-me e permiti que os meus olhos fechassem entrando em um breve sono. Acordei querendo descrevê-la.
“Boca de Luar,
Olhar de Lua,
Suspiros... Longos e tensos suspiros.
Medo, muito medo.
Lua tem cabelo?
E se eu a imaginasse com um?
Negros, longos, belos.
E sua fala calma?
Seu comportamento tranqüilo?
E o seu brilho?
Perto de mim ela só sabia brilhar.
Passou de nova, minguante...
Ainda cresce, e fica cheia...
Isso! Cheia! Preenche-me assim. ”
Eu não dormiria depois de lembrar do quão bela minha lua é. Abri a janela e vi a chuva, caia em pingos grossos. Não conseguia vê-la, por mais que forçasse as vistas. Era apenas o começo de uma eterna tempestade.
Me recolhi e ao ver a luz do sol me levantei para ir ao encontro da lua. Sim! Eu era presenteada todos os dias e a via brilhar em plena luz do sol.
- Dormistes bem, querida lua?
- Sim, mas talvez não seja a hora para falarmos de sono, estou ocupada.
Isso me destruía. Quem ela estava a iluminar que não podia se preocupar comigo? A minha luz deve ter se apagado completamente.
Eu voltava a andar para o meu destino, sem nem saber o que eu realmente queria, achei até que estava ali apenas pelo brilho da minha bela e querida. Dei-me conta de que entraram pessoas novas na minha vida e tive que conviver. Fiz grandes braços amigos para quem sabe um dia me puxar do céu e prender-me a terra, mas era o que já deveriam ter feito naquele exato momento. Esqueceram e me deixaram lá flutuando. Abri a janela para tentar enxergá-la em quanto permanecia longe, mas mesmo com todo esforço não conseguia. A chuva piorava e ofuscava a minha visão.
- O arco-íris virá quando você menos esperar.
- Não quero o arco-íris, quero a lua.
E assim tentavam me convencer de que a chuva passaria. Voltei para minha escrivaninha apenas iluminada por uma mini-lanterna que se pendurava em um fio de náilon. Coloquei as mãos sobre os olhos e transbordei-me.
“Querida Lua, por que não vem enxugar essa lágrima que estás a deslizar? Queria tanto que pudesse ler-me com êxito. As dúvidas me consomem e sei que no momento o que eu mais quero é a sua compreensão. Minha cara lua consegue compreender-me? Sei que não. Nem tentas, por favor. Dói saber que não posso chamá-la de minha, afinal tu nascestes para brilhar em multidões. Tenho o desejo de jogar uma corda e amarrá-la a mim, o que achas? Não podes achar nada, é apenas uma lua, mas deve está pensando em mim como uma pequena idiota. Busco-te. Mas tudo indica que não terei muitos resultados. Não me pisas, não me cospes. Será que não seria mais confortável me remendar e me forrar de carinho? Estou gasta demais. Talvez você me use sem nem perceber. Talvez me arranque a pele, os fios de cabelos e os ossos. Não me sobrou nada, apenas essa luz que ainda você diz ver em mim. Bela, viva. Por que amar a sua luz dói tanto a cabeça e o coração? Por que não me abraça mais? Admite que me esqueceu? Te amar é um erro! ”
Deixei um papel cor de rosa o que me aprisionava e o que me acabava. Nada de resposta.
“Minha pequena esquecida, não posso enxugar lágrimas de dor. Preciso transformá-las em alegrias. Minha luz pode sempre te aquecer, só é pensar em mim. Não me perderá por que nunca te pertenci. Não te deixarei, por momento algum, mas entenderei se achares melhor evitar-me, pois creio que será melhor do que sentir dores de cabeças ao me amar. Sou morte, e a minha luz deve está causando repulsa por mais que evite dizer. Não sou mais “nova” e ofusquei-me diante da sua luz. Nasceu para brilhar em meu lugar e virar lua será fácil. Talvez eu queira dizer que te amo também, mas não na mesma intensidade, e na sua idade, minha pequena, tudo deve ser tão intenso quanto o negro dos seus olhos. Não chore, querida. Preciso que esteja sorrindo, nada é mais belo que o seu sorriso.”
O papel, junto com as palavras e todos os sentimentos verdadeiros foi desgastando até se rasgar e com toda certeza ser esquecido.
Ela conseguiu me ler.
Não voltares em mim, pois sou esquecimento, sou sofrimento, sou paixão. Isso estava escritos nos meus olhos toda vez que via o meu grande amor passar. Sentei-me em sua cadeira, naquela sala branca, fria, com um rádio tocando musicas de sua preferência. Expliquei-me, contei o que me chateava. E com seu olhar incrementado, de cor fascinante ela encarou-me. Curvou o corpo em minha direção e olhou nos meus olhos.
-Tudo bem, deixe-me ver o que posso fazer por você.
Encostou-se ao assento voltando a sua posição normal, e riu sarcasticamente. Eu sabia, ela tinha me lido. Estava escrito em mim que aquilo não era apenas boatos. Olhou para o lado e pegou o primeiro papel que ela tinha visto.
- Eu trabalho com nomes, podes me dizer algum?
Gelei. Não por causa do pedido, mas por que ela tinha me decifrado completamente. Dei os nomes.
- Muito bem, agora você pode ir e logo te chamarei.
Passei o dia bastante apreensiva e ela me chamou. Resolvemos o que tínhamos para resolver. Ficamos sozinhas na sala conversando e isso resultou em amizade.
-Só espero, querida, que a leitura tenha sido do seu agrado.
- Impossível te ler completamente.
Fechei a porta.
Algumas vezes parei para refletir sobre minha vida, nas experiências boas, nas ruins, que não foram poucas e de quantas vezes me deparei com situações em que parecia que tinha perdido todo sentido da vida, em que meus pensamentos quase deram um nó. Sofri muito por pessoas que cruelmente, acabaram com minha alto estima , que não deram valor aos meus sentimentos, a minha fidelidade, e a minha amizade, mas posso dizer, que isso me ensinou e me fez repensar como deveria viver; Viver sem me preocupar com a opinião dos outros sobre mim, e que tenho que fazer e viver de maneira que me sinta feliz, para que eu possa pelo menos esquecer, da minha infância que não tive, da minha adolescência que não pude viver por causa de pressões, e responsabilidades que estavam acima do que eu realmente poderia ter assumido, dos erros que cometi, e dos erros que poderia ter cometido, e dos sonhos que abri mão. As vezes me questionam por ser assim, mas as pessoas que me vê sorridente, e sempre passando uma imagem que tudo está bem, não sabe um terço do que passei, ou do que estou passando, com certeza tudo isso me estruturou, e de certa forma consegui me blindar, contra isso, posso ter mudado um pouco, mas é que tanto apanhar, eu aprendi a bater
Sem correções. Ela disse isso suspirando. Mas eu não tinha cometido erros? – Erros são tão naturais, mas para quem ama, eles são simples e nem sempre precisam ser reparados. – Me justificou.
Da primeira vez que você partiu, nem me importe, você não passava de uma pessoa a mais.
Da segunda vez, sabia que voltaria.
Da terceira, pensei que ia morrer.
Mas agora... acho que você vai pra não voltar e de brinde, vai levar uma parte do meu coração, e deixar a saudade e as lembranças na parte que me resta.
Pensando bem , eu me considero forte. Não conto minhas fraquezas nem para meus melhores heróis ; Deixo elas guardadas , quietas . Mas é fácil percebê-las . Certas palavras machucam e são a chave para uma tempestade interna.
Não me venha com "temos de conversar, aconteceu uma coisa". Uma coisa não simplesmente acontece. Você precisa apertar um botão pra isso tudo "simplesmente acontecer".
(Nada a perder)
Duas pessoas não resolvem dar uma escapulida sem antes um bom flerte, alguma negociação e um punhado de telefonemas.
(Nada a perder)