Dizer eu te Amo e coisa seria
Eu fui abrindo espaços para você entrar, deixando tudo no lugar. Aqui, não deixei resquícios de ninguém, só o que era meu!
Meu mundo!
Meu cheiro!
Meu sorriso escrito nas entrelinhas e nas paredes antigas dessa casa que sou.
Eu, que já atravessei tantas tempestades, que já tive que nadar contra a maré da esperança, que já olhei na cara da morte e que já tive azar e sorte. Hoje estou aqui, para me redimir dos erros que contra mim mesma cometi e para pedir perdão das incontáveis vezes que me puni. É que eu não entendia bem, que viver é erro e acerto, que finais podem ser o novo começo e que o agora é o único instante que cabe em minhas mãos.
Nildinha Freitas
Eu e você
Um amor pode nascer na esquina que divide duas avenidas, enquanto o semáforo insiste em não abrir. O coração pode perder o compasso mesmo estando separado por três mil quilômetros de distância e a gente pode sentir que o espaço temporal não separa, sentir até o cheiro do Prada, do 212 e da pele suada, depois do prazer.
É que o amor pode se fazer morada dentro de um olhar que escuta a gente e dentro do abraço que reinicia quem somos.
O amor pode nascer em meio a dor das perdas forçadas e pode preencher espaços, lacunas, sem invadir e fazendo a gente transbordar.
É que o amor causa aquela sensação que minha poesia não sabe dizer o nome, mas...
Nildinha Freitas
Eu não nasci para ser um segredo de alguém. Quem quiser estar ao meu lado tem que ter o prazer em dizer que caminha comigo.
Nildinha Freitas
Ah, amar eu amei!
Eu sempre olhei às pessoas como se elas fossem perfeitas, e não são. No máximo, se quiserem, estão buscando evolução.
Ah, amar eu amei.
Eu sempre me dei por inteira, sem ressalvas e acreditei sem questionar nas "verdades" que me contavam, nas lágrimas que caiam como se fosse dor e era, pois não estou aqui na posição de um julgador.
Ah, amar eu amei e não tenho medo de dizer: amei e ainda amarei, pois meu coração é um solo fértil pronto para germinar amor.
Nildinha Freitas
Agradecimento
Eu agradeço por ter acordado neste dia lindo e por meus ouvidos ouvirem o cantar dos pássaros.
Eu agradeço por sentir este vento me descabelando, por pisar na areia e poder me energizar com a força da terra.
Eu agradeço pelas minhas mãos, estas que escrevem o que o meu grato coração sente.
Eu agradeço pelos meus pés que caminham em direção ao melhor de mim.
Eu agradeço pelos meus olhos e por poder enxergar além da epiderme.
Eu agradecerei por tudo, enquanto eu estiver a viver, mesmo tendo a certeza que o meu corpo um dia vai morrer, mas eu, eu sou eterna, sou uma viajante imortal.
Nildinha Freitas
Quem mais me feriu devo mais gratidão, fui eu que aceitei e não coloquei limitação. Eu disse sim, quando deveria ter dito não, mas eu me perdoo, eu não era a mesma, nem sou, nem sei se serei.
Se eu já errei? Errei, mas me reconstruí, fiz verso e prosa das dores que senti; e de perdão em perdão posso perder muita coisa, mas nunca meu coração.
Nildinha Freitas
Eu sou uma pedra lapidada, fui me transformando ao passar do tempo e parei de cantar o lamento. Viver também é dádiva, não é só sofrimento.
Nildinha Freitas
Eu cansei destes"amores" unilaterais, onde só uma pessoa quer, onde só uma corre atrás.
Cansei de ser a presa, cansei de ser algoz e cansei de amarrar e de desatar os nós.
Nildinha Freitas
O poema de ALICE
Eu queria ter conhecido Alice, mas só ouvi falar do timbre de sua voz e que sua alma nua era linda igual a noite de lua. Eu queria ter sido amiga dela, ter escutado o seu sorriso e ter sorrido com ela, gargalhando de piadas que nem todo mundo entende.
Eu queria ter sentado numa mesa de cafeteria, ter bebido um café com Alice, conversado sobre vida após vida e sobre morrer não dói. Falar sobre mudanças, evoluções e sobre a coragem de assumir-se quem é, mas não deu, a gente não se conheceu. Ela arrumou a bagagem, a bagunça que ainda insistia ao seu redor e fez a viagem sem a gente se ver.
Fico com as memórias que dela ouvi dizer e só de saber que ela resistiu, eu aprendi a amar essa Alice que não vive em um país das maravilhas, mas que vive, ainda que não a vejam com olhos carnais.
Nildinha Freitas
Eu já parei de contar as mágoas, os medos e parei de contar os meus segredos para todo ouvido ouvir. Não devo espalhar minhas verdades por aí.
Nildinha Freitas
Eu já pisei em lugares que em meus sonhos jamais imaginei tocar.
Eu já vi gente se matando por quase nada e por egoísmo querendo me matar.
Eu já chorei, mas hoje, sou sorriso, sou rocha, sou mar.
Nildinha Freitas
Eu não lembro mais a cor dos seus olhos, nem o cheiro de sua pele. Esqueci, completamente, o timbre do seu sorriso. Esqueci a história que a gente viveu e eu não lembro como a gente se conheceu.
É estranho saber que nossa história aconteceu e que com o tempo o amor morreu.
Nada ficou em você e nada ficou seu, no que é meu.
Nildinha Freitas
Eu precisei de muita coragem para ser quem sou.
Coragem para assumir que sou um ser humano incrível. Coragem para assumir minhas limitações, meus medos e principalmente, precisei de coragem para entender que eu precisava ser melhor e ainda preciso.
Precisei de força para assumir o papel principal dessa história, só minha, e hoje carrego cicatrizes que me fazem entender o quanto sou forte.
Nildinha Freitas
Eu tinha tudo para não gostar de poesia, de verso, de prosa, de viver e de seguir.
Eu tinha tudo para desistir!
Eu tinha tudo para ter esperado a morte, pacificamente, deitada no chão e olhado ela chegar vestida de soberania, mas morrer não é para mim! Estou escrevendo nas pedras para sobreviver ali, no meio do que um dia foi dor.
Nildinha Freitas
Eu me recuso a ser vencida, por isso eu sinto a vida em todas as suas nuances, pois não existe nada, além do instante presente, do agora, e por hora, a beberei até a última dose.
Nildinha Freitas
Uma lua só minha!
Dedico a Dar
Uma lua só minha foi o que eu sempre busquei no céu.
Essa lua que foi o meu teto nas noites em que eu dormi ao léu.
Essa lua já era só minha quando eu a notava e ninguém a via. Eu parava e sentia seu brilho, sua brisa a me tocar, enquanto o mundo todo corria sem ter tempo dela notar.
E quando eu me senti sozinha, uma lua só minha eu já tinha e tenho, e ela também me terá.
Nildinha Freitas
Renascimento
Dedico para Willie Vilar
Eu já me matei muitas vezes e já me mataram, mas eu levantei do lugar onde me coloquei e que também me colocaram.
Morri, confesso! Mas renasci inteira e sabendo que o que passou ficou lá enterrado, no lugar que um dia eu estive para aprender quem eu sou, e quem são os que acreditei serem e não foram.
Nildinha Freitas
Eu já morri tantas vezes que a morte não me amedronta mais.
Não temo mais o escuro véu que me separa do estar aqui, ou em outro lado.
Eu já morri tantas vezes que já não sinto temor, tremor e nem a sombra que apaga meus olhos e os deixam sem alma.
Eu já morri tantas vezes que a morte essa amiga estranha não me leva mais na hora que bem entende.
Agora, nesse momento exato, já sou eu quem diz se quer ou não morrer.
Vivo!
Viva!
Nildinha Freitas