Dizer Adeus com Vontade de Ficar
Se realmente quiser descobrir o sentido da vida, lamento te dizer que você estará condenado a perceber que só há um lugar a procurar: dentro de você.
Vou te dizer uma coisa importante sobre os mortos, os "fantasmas". Tenha medo dos vivos, em especial dos quietos, que se esgueiram, pois estes tem acesso real a você.
Sinfonia em Silêncio:
Eu poderia dizer que te amo, a frase antiga e leve,
Mas nos meus lábios, hoje, um peso novo se inscreve.
Outrora, a melodia fluiu, singela e sem temor,
Mas teu compasso acende em mim um sentimento maior.
É mergulhar em sono denso, onde a alma se abandona,
E o coração, enfim liberto, confessa que a paixão detona.
Um cárcere de afectos rotos, rendido ao teu poder,
O amor, enfim, me alcança fundo, não posso mais correr.
É pegar a estrada aberta, sem pressa e sem destino,
E no horizonte vasto, sentir-me um peregrino
Lavado em luz e cores puras, um éden a alcançar,
Onde cada suspiro teu me ensina a respirar.
É a ânsia de viver a vida em cada instante raro,
Guardar no peito cada segundo, teu sorriso tão claro.
Para então, por breves pausas, o tempo adormecer,
Em cada piscada perdida no momento de te ver.
Meus sentidos te pressentem, um radar delicado,
Em cada célula, a tua aura, um tremor extasiado.
Teu toque acende em meu corpo uma febre voraz,
E a euforia me consome, em um incêndio audaz.
Meu coração, qual rio bravo, em fúria desmedida,
Faz meu sangue ser torrente, por toda a minha vida,
Ao som da tua voz que ecoa, canção que me desarma,
Desfazendo as fortalezas, incendiando minha alma.
Não posso aprisionar em "amo" a vastidão que sinto,
É um oceano sem margens, um universo infinito.
Por isso, em cada gesto, em cada olhar profundo,
Eu te vivo em silêncio, neste amor sem segundo.
Só sei ser assim, em cada fibra do meu ser,
Um poema vivo em teu encontro, eterno amanhecer.
Quem eu sou?
Eu não sei dizer.
Sou uma alma perdida,
Sou alguém que não sabe de nada.
Sou alguém que quer saber de tudo.
Sou alguém solitário?
Ou sou alguém que se importa demais?
Me importo com o que dizem?
Me importo com o que pensam de mim?
Não sou ninguém,
Só alguém perdida,
Que não sabe o que é amizade direito,
Que não é madura, mas tenta ser.
Sou alguém que muita gente não aprova.
Me criticam.
Mas por quê?
Como ter liberdade,
Se a cada vez mais somos julgados?
Como ter direito,
Se alguém chega e tira tudo de nós?
Como vamos recompensar,
Se a pessoa ainda está presa ao que fizemos?
Se sou uma nova pessoa,
Por que pensam no meu antigo eu?
Se sou livre,
Por que não me sinto assim?
Perguntas que ninguém tem todas as respostas,
Mas teremos sempre elas.
E se hoje fosse minha última chance de dizer “eu te amo”? A última vez que veria o céu tingido pelo pôr do sol, que sentiria o cheiro do café, ou ouviria o riso de quem amo?
Talvez eu olhasse mais nos olhos. Talvez perdoasse mais depressa. Talvez deixasse de lado as urgências pequenas para viver o que realmente importa. Porque, no fundo, a gente vive como se tivesse todo o tempo do mundo, mas o tempo… não nos pertence.
E se hoje fosse minha última vez, eu não guardaria palavras, não adiaria abraços, não economizaria afetos. Deixaria marcas leves nos outros — dessas que aquecem o coração quando a saudade chega.
Talvez eu sorrisse mais. Talvez agradecesse mais. Talvez me despedisse com dignidade e presença, em paz comigo e com o mundo.
Porque, se hoje fosse mesmo o fim, eu gostaria que minha vida tivesse sido, acima de tudo, cheia de sentido.
A gente vai embora
A gente vai.
E não leva nada,
só o que ficou por dizer.
Mentiras,
vaidades,
status —
tudo fica.
Ficam também os objetos
que nunca emprestamos.
Mas o afeto…
esse é o que deixamos.
É a única coisa
que de fato
damos.
VIDA
vida
o que pode se dizer
sempre tentando não morrer
sempre tentando não saber
o que é a morte
sorte
de quem não vive isso todos os dias
medo de uma bala perdia
acertar bem no meio do seu peito
e você ver o desespero
de todos a sua volta
e procurar
um motivo para não chorar
para não pensar
que todos os seus sonhos estão indo embora
para nunca voltar
Há quem escreve um livro inteiro, e só consegue dizer meias palavras. E há quem num simples gesto diz um livro inteiro.
Síndrome da boazinha
Porquê se sujeitar à situações que não concordo?
Pra que dizer sim, quando não é o que quero dizer.
Fiz tanta coisa para não desagradar,
Tentando caber e me adequar
Num espaço que crio e é tão apertado,
Um espaço que chega a faltar o ar.
Não gosto de ser inconveniente,
Evito longos conflitos.
Parece que quero controlar o que o outro pensa e julga ao meu respeito,
Me submeto num personagem passivo,
Saio do palco e vou pra plateia.
Por muito tempo essa capa me servia (era mais fácil)
Hoje eu a repudio.
Me pergunto, por que tudo isso?
Valeu a pena anular o meu ser?
Não quero mais me submeter a nada,
Parei de fingir a boa moça.
Não vou forçar um sorriso.
Não quero dizer bom dia, para quem não me olha nos olhos.
Nem me preocupar com a opinião alheia.
Cansei de ser boa, ops, boba!
Cansei de ser o que não sou,
Para me sentir amada e dessa forma,
Evitar a dor da despedida.
Quero tanto ser livre
E por muitas vezes, me sinto amarrada.
Falo tanto de amor,
Mas esqueço de me amar.
Falo tanto de mudança,
E no fim, nada muda.
Me movimentei tanto pelo outro,
Que soltei a minha mão.
Hoje tento me buscar de volta.
Cansei de ser a “boazinha”
Parei de estar na linha.
Sociedade, sua opinião não me importa.
Me tenho e não sigo mais sozinha,
Só, me sinto forte.
E não quero mais sucumbir, à síndrome da boazinha.
13/08/2024
Ao Psicodrama
Quero dizer que aprendi a deixar o meu eu se sobressair,
O suficiente para perceber o tamanho de potência.
Me desafiei, fui para o palco, sai da minha plateia.
Nem sempre me saio bem,
Mas também, nem devo!
Quando uma mulher silencia é porque o homem não merece o seu desgaste de dizer tudo o que ele precisa ouvir.
Antes de dormir, só queria te dizer que meu corpo sente tua falta, mesmo sem nunca ter te tocado.
A tua presença vive em mim como um perfume que não sai, como um calor que me percorre.
Nas minhas noites, é você quem deita comigo — nas fantasias mais intensas, no silêncio mais íntimo.
Queria te ter aqui agora, colada em mim… te olhando nos olhos, enquanto meus lábios exploram tua pele devagar, como quem descobre um segredo.
Essa é minha confissão da noite.
Agora dorme… mas me leva contigo nos teus sonhos.
Tem coisas que eu queria te dizer com a boca, mas acho que tua pele entenderia melhor.
Imagina isso: a gente no silêncio de um quarto, e eu encostando a testa na tua, só pra sentir tua respiração se misturando com a minha.
Sem pressa. Sem palavras. Só meu toque traduzindo tudo o que sinto.
Teus olhos fechando devagar, teu corpo reagindo antes mesmo do meu toque descer pelas tuas costas…
É nesse momento que eu me perco em você. E te encontro também.
Porque o que eu quero contigo, Dayana, não é só o agora. É criar lembranças que façam teu corpo estremecer só de lembrar de mim.
Da próxima vez que te ver vou dizer assim:você gosta de poemas?,talvez você fale:sim,porque?,e eu irei responder:é por que você falando é uma poesia.
