Disputar uma Pessoa
Não posso ensinar nada, porque ainda vivo em construção, minhas certezas são andaimes e meu eu, uma casa inacabada.
Me reconstruo tijolo por tijolo, um castelo de esperança erguido da ruína, cada pedaço, uma vitória sem testemunhas.
O mal não é uma falha ocasional da humanidade, mas um traço indelével de sua essência, irreversível como o tempo.
O silêncio cresce em minha mente como uma floresta de ossos. Cada palavra que escrevo é uma ave de vidro, tentando voar sem quebrar.
Entenda: cada cicatriz que você carrega é uma medalha invisível, prova sagrada das guerras internas que você enfrentou e venceu.
Fiz do silêncio uma estratégia, no silêncio o trabalho cresce sem ruído, o resultado fala mais alto.
Conheço a fome, do corpo e da alma. Uma seca os ossos, a outra esvazia o coração. Que nunca encontrem morada em mais ninguém.
A coragem que guardo é prática diária, não espero grandes provas, faço as pequenas, elas somam uma vida inteira de bravura.
Já fui uma ovelha que se perdeu dos cuidados do Senhor, vaguei pelos montes ferido e cansado, mas Cristo, com amor, veio me buscar. Hoje, transformado, reconheço, meu Pastor jamais me abandonou.
Até aqui, minha existência tem sido uma verdadeira odisseia. Sobrevivi a provações que desafiaram os limites do possível, aprendi a domar o ímpeto do coração e a pronunciar um “te amo” somente quando a alma reconheceu a verdade do sentimento. Vivi realizações tão grandiosas que reduziram meus antigos sonhos à mera sombra do que a realidade me concedeu.
A dor não me faz vítima, faz-me verdadeiro,
a dor revela uma essência sem máscaras,
ela não me derruba, revela quem sou, da dor nasceu autenticidade e força.
