Disputar uma Pessoa
A morte surgia-lhe como uma consagração de que só os mais puros são dignos: muitos homens desfazem-se, poucos morrem.
A vida parece uma doença porque avança por crises e deterioração progressiva e tem melhoras e agravamentos quotidianos. Porém, ao contrário das outras doenças, a vida é sempre mortal. Não admite tratamento.
Para o cinema tudo se torna uma imensa natureza-morta, até os sentimentos dos outros são qualquer coisa de que se pode dispor.
É um argumento dos aristocratas, esse dos crimes que uma revolução implica. Eles esquecem-se sempre dos que se cometiam em silêncio antes da revolução.
Quando uma obra parece avançada para a sua época, é simplesmente porque a sua época está atrasada em relação a ela.
Muitos pensam que ter talento é sorte; não vem à mente de ninguém que a sorte pode ser uma questão de talento.
Não pode haver uma totalidade da comunicação. Com efeito, a comunicação seria a verdade se ela fosse total.
Uma literatura que não respire o ar da sociedade que lhe é contemporânea, que não ouse comunicar à sociedade os seus próprios sofrimentos e as suas próprias aspirações, que não seja capaz de perceber a tempo os perigos morais e sociais que lhe dizem respeito, não merece o nome de literatura: quando muito pode aspirar a ser cosmética.
