Deus Deu a Natureza a Capacidade de Desabrochar

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LEMBRANÇAS DE MORRER

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
- Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade - é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas.
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei. que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores.
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo.
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.

A verdade alivia mais do que magoa. E estará sempre acima de qualquer falsidade como o óleo sobre a água.

Sou livre para o silêncio das formas e das cores.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas. E me encantei.

Manoel de Barros

Nota: Trecho de entrevista "Manoel de Barros faz do absurdo sensatez" ao Jornal Estado de São Paulo (18/10/97)

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As coisas valem pelas ideias que nos sugerem.

Machado de Assis
Trio em lá menor. In: Várias histórias (1896).

Só quem ama tem disposição de ir além da superfície.

Conservadorismo significa fidelidade, constância, firmeza. Não é coisa para homens de geleia.

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

Nota: Trecho de "Não se mate": Link

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O pássaro é livre
na prisão do ar.
O espírito é livre
na prisão do corpo.

Carlos Drummond de Andrade

Nota: Poema "Liberdade"

Canção de ninar meu bem

Hoje a lua despiu seu véu
E flutua a dormir no céu
Na canção que de mim nasceu
Meu amado adormeceu
Meu amado adormeceu

Dorme, meu amor
Como no céu a lua
Tu serás sempre meu
E eu só tua

Dorme, amigo, que a poesia
É um mistério que não tem fim

Dorme em calma
Que assim, um dia
Dormirás para sempre em mim
Dormirás para sempre em mim

Vinicius de Moraes
Livro de Letras

Nota: Música composta por Vinicius de Moraes com Baden Powell.

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Nunca desista de seu sonho. Se ele acabou numa padaria, procure em outra.

Cala, meu amor

Entra, meu amor
Bom você voltar
De onde vem você
Cansado assim?

Vejo tanta dor
No teu triste olhar
Este olhar que, outrora
Se acendia só pra mim

Cala, meu amor
Fala, meu amor
É melhor você nada contar

Venha aos braços meus
Que os abraços meus
Vão finalmente te fazer calar.

Vinicius de Moraes
Letra da música "Cala, meu bem", composta por Vinícius de Moraes e Antonio Carlos Jobim.
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Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia Nacional, 1881.

Foi o tempo que investiste em tua rosa que fez tua rosa tão importante.

Veja Você

Veja você, eu que tanto cuidei minha paz
Tenho o peito doendo, sangrando de amor
Por demais
Agora eu sei a extensão da loucura que fiz
Eu que acordo cantando
Sem medo de ser infeliz

Quem te viu e quem te vê, hein rapaz?
Você tinha era manias demais
Mas aí o amor chegou
Desabou a sua paz
Despediu seu desamor pra nunca mais
Algum dia você vai compreender
A extensão de todo bem que eu lhe fiz
E você há de dizer: Eu agora sou feliz
Quem te viu e quem te vê, hein rapaz?

Vinicius de Moraes
10 Anos de Toquinho e Vinicius

Nota: Música composta por Vinicius de Moraes e Toquinho

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BOCA

Boca: nunca te beijarei.
Boca de outro que ris de mim,
no milímetro que nos separa,
cabem todos os abismos.

Boca: se meu desejo
é impotente para fechar-te,
bem sabes disto, zombas
de minha raiva inútil.

Boca amarga pois impossível,
doce boca (não provarei),
ris sem beijo para mim,
beijas outro com seriedade.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

O que as pessoas pensam a meu respeito, só diz respeito a elas!

E, aquele
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Sois belas, mas vazias. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus a redoma. Foi a ela que abriguei com o para-vento. Foi dela que eu matei as larvas. Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

Quanto maior a armadura, mais frágil é o ser que a habita...

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