Desejo Morte

A morte é a pessoa feminina de Deus.

Afasta esse medo pueril da morte. Sou eterna e invariável, como tu és mortal e te transformas. Sou a vida, e os teus tormentos e a tua existência não me dizem respeito.

A morte troça das palavras; a doença teme a palavra, mas a morte está-se nas tintas.

A tragédia da morte consiste em que ela transforma a vida em destino.

O passado está escrito na memória e o futuro está presente no desejo.

Noite de desejo!
O amor penetra e ilumina
Quando a luz se apaga...

O comércio é a arte de abusar do desejo ou da necessidade que alguém tem de alguma coisa.

trincam uva a uva
os teus lábios tão vermelhos
desejo contido

Se Deus quisesse que o amor fosse eterno, teria feito que se mantivessem as condições do desejo.

A lei é sombra, pudica e hipócrita, do desejo de vingança da sociedade. Se, por uma razão ou por outra, as paixões se condensam, os ódios se acendem, deve-se aplacá-los, aquietá-los, acalmá-los. Desafogar o aborrecimento sem exceder. Os tribunais são os lugares decentes da vingança. Não para encaminhá-la ao alvo correto, mas para impedir que ocorram movimentos perigosos...

É necessário que o desejo seja irritado por obstáculos [...]. O homem que nada deseja é, certamente, mais infeliz do que o que sofre.

É de um espírito económico da alma reservar uma parte do desejo até ao fim.

O desejo de amar da mulher indica menos a ternura do coração do que o desejo de ser adorada.

Só se tem uma coisa bem nossa, é o desejo.

O amor é um desejo de beleza.

E nunca o tormento acha um céu e nunca o desejo acha uma terra. É por isso que a poesia existe.

O desejo da ordem é a única ordem do mundo.

O desejo da glória literária é de todas as ambições a mais inocente, sem ser todavia a menos laboriosa.

E virá um dia em que nos falta uma única coisa e não é o objecto do nosso desejo, mas o desejo.

A primeira manifestação de consciência nascente é o desejo de morrer. Esta vida parece insuportável, e inatingível qualquer coisa. O desejo de partir deixa de ser vergonhoso: chegamos a rezar para que sejamos conduzidos da velha cela, que tanto odiamos, a uma nova, que ainda não aprendemos a odiar. Há nisso um traço de fé, pois sempre esperamos que durante a mudança de uma para a outra o Mestre haja por bem passar no corredor, contemplar o prisioneiro e dizer: 'Jamais fechem essa porta de novo, pois ele deverá vir quando eu o chamar' ",