Desculpas Amor Nao Correspondido

É monstruoso dizer-se que o artista não serve a humanidade. Ele foi os olhos, os ouvidos, a voz da humanidade. Sempre foi o transcendentalista que passava a raios X os nossos verdadeiros estados de alma.

Não me agrada aconselhar, porque, em todos os casos, trata-se de uma responsabilidade desnecessária.

Não vos parece que certos pais querem castigar nos filhos a má educação que lhes deram?

Um homem não é infeliz porque tem ambições, mas porque elas o devoram.

As pessoas felizes não acreditam em milagres.

O homem nasceu para viver e não para se preparar para viver.

Quando é preciso escolher entre liberdade e erudição, quem não dirá que prefere mil vezes a primeira?

Quando me contrariam, despertam-me a atenção, não a cólera: aproximo-me de quem me contradiz e instrui.

A experiência não é o que nos acontece; é o que fazemos com aquilo que nos acontece.

Podemos muito bem perguntar-nos: o que seria do homem sem os animais? Mas não o contrário: o que seria dos animais sem o homem?

Quem não tem o espírito da sua idade, da sua idade tem todo o infortúnio.

Aprendi que uma vida não vale nada, mas também que nada vale uma vida.

A riqueza não consiste na possessão de tesouros, mas no uso deles.

O saber que não vem da experiência não é realmente saber.

Geometria dos ventos

Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia.

(Poesia feita em homenagem ao poema Geometrida dos Ventos de Álvaro Pacheco)

As melhores coisas na vida não são coisas.

A verdade não é a estrada para a riqueza.

Mais um ano. Mais um palmo a separar-me dos outros, já que a vida não passa de um progressivo distanciamento de tudo e de todos, que a morte remata.

Não é a fome, mas, pelo contrário, a abundância, o excesso de energias, que provocam a guerra.

Não, a vida não é uma festa permanente e imóvel, é uma evolução constante e rude.