Demorei mais Aprendi
Quero voltar pra África, mãe...
Quero voltar pra Mãe-África ...
Não quero mais saber de canavial,
Não quero mais saber,
De cana ou de engenho,
Não quero mais saber,
De presentes do senhorzinho...
Vi meu irmão no tronco,
Meu pai na plantação,
E meu irmão mais novo,
Tem olhos claros e cabelo louro...
Mãe, sinhá anda esquisita pro meu lado,
Senhorzinho deu-me de presente
Um cordão de ouro,
Ando sentindo enjoos,
Não sei do que se trata
Mas acho que não é coisa boa
Será que tem a ver com os banhos
Que tomo com o senhorzinho na lagoa?
Mãe o que é miscigenação?
Senhorzinho falou algo parecido,
tirou o meu vestido
E disse que era parecido com paixão...
O ASTRO, A OSTRA E AS OUTRAS
Uma gota é uma mentira a mais num mar de ilusão,
meu coração é conta-gotas de qualquer paixão
O que me ilude alude ao astro, à ostra, ás outras...
a luz que vem de cima reluz no astro
O que se ergue de baixo pra cima é o mastro,
veleja minh’alma feito embarcação
O mar é tão imenso penso, penso, o mar cabe no meu coração
A ostra é alimento,o astro é sentimento, as outras eu não sei não...
Caymmi caymmiria bela filosofia:
“quão belo é o mar...”
Versos singelos, apologia a imensidão,
E a ostra tão pequenina lá no fundo do meu ser
A ostra é uma estrela de quinta grandeza que vive a me aquecer
Saldade é essa coisa salgada que me diz nunca mais...
Saudade é esta coisa doce que se avoluma
e te traz pra bem perto de mim...
EMBARCAÇÃO
Nem tanto assim,
Os meus delírios são só meus,
É um refúgio,
Nada mais que enganar a ilusão,
Eu aprendi a ser assim fugidio,
Mais fugaz, que vagabundo e vadio
Pra escapar da paixão,
E se as vezes me sinto sozinho...
É solitude não é solidão,
Nem tanto assim...
Este deserto é plantação,
Nos descampados eu tenho o meu teto,
Nos absurdos percebo o que é sábio,
Bússola e astrolábio é este vazio,
Neste deserto sou embarcação...
MAIS DE MIL ANOS
Quando ela se nivela ao horizonte,
Como se o seu corpo
fosse uma gangorra, sob as luzes solar
eu penso que as cores do crepúsculo,
são adornos divinos,
para momentos bem íntimos
quando ela se espreguiçou
como se o mundo dormisse mil séculos
meu latim perdeu o sentido
meus músculos dormentes
meus ósculos dementes
pediam seus cálidos lábios
usei de meios espúrios
fiz promessas lhe ofereci a penha
com o templo lá em cima
e todos os sacramentos,
seus cálices de ouro e pedras preciosas
transbordando de um amor sublime
então ela se inclinou
e tingiu tons de pink e lilases
nos travesseiros de nuvens
e nos balançamos por mais de mil anos...
introspecção
O que é mais triste que uma noite fria e chuvosa? Mendigos nessa noite...
O que é mais triste que despedidas? A solidão
O que é mais triste que uma criança faminta? A sua mãe
PREFÊRENCIAS
Gosto muito de você...
Gosto tanto de você...
Gosto mais de você
Do que o sol se pondo...
Gosto mais de você
Do que ficar compondo...
Gosto mais de você
Do que fla x flu em decisão no maracanã
Do que das manhãs
Ensolaradas de Nova Iguaçu,
Do que sorvete de cupuaçu...
Gosto mais de você
Do que mocinha de minissaia
Gosto mais de você do que banho de praia
Gosto mais de você
Do que das lembranças de Del Castilho,
Do que do shopping lá do Iguatemi
Do que um mergulho lá no piscinão
Gosto mais de você
Do que domingo na Quinta
Do que do fantástico de antigamente
Do que da Ana Paula Padrão
Gosto mais de você
Do que doce de jaca
Do que soltar pipa
Do que lingüiça na feijoada
Gosto mais de você do que das letras do Chico
Do que dos poemas de Drummond
Do que da sensibilidade pungente de Cecília
gosto mais de você do que pensar que eu sou uma ilha...
faz um vento frio, tão frio...
daqueles que tira a noção,
sinto um vazio mais vazio
que a própria solidão;
talvez isso seja não ser mais ninguém,
talvez eu seja exatamente isso,
este não ser exatamente nada,
mas este frio é um sinal
de que enquanto eu sentir esse vento
uma força superior conduz esta nau...
sempre tive medo
de confissões mais íntimas,
cumplicidade de palavras doces
e acreditar nesse pulsar voraz
deste velho coração ...
Ela disse bom dia
Com ar de simpatia
Ou só por dizer
Logo mais me diria que bobeira
Acho que disse asneiras
Vai chover
Se chover eu lembro do seu rosto,
Se não chover eu lembro
Do seu jeito
De qualquer jeito vou lembrar de você
Amanhã você passa de novo
E me diz algo novo ou não diz
Mas à sua passagem
Tudo é a mais bela paisagem
E o mundo é feliz
SOBRE PAIXÕES LACÔNICAS
logo mais, vagalumes, lumes vagos
as estrelas caem sobre as amendoeiras
e as ilusões derramam seus êxtases
sobre paixões lacônicas
a vida torna-se cônica,
a dor torna-se crônica;
ninguém acredita em crepúsculos...
vou beijar minhas ilusões com a mesma ternura
vou contar minha história
de amor com a voz da loucura;
o amor é eterno, o amor é infinito;
vai prosseguir nessa estrada que sou eu mesmo
com o mesmo romantismo nos beijos
e abraços de outros amantes,
mais, ou menos românticos;
mais, ou menos loucos,
para perceberem ou não as estrelas
caírem sobre as amendoeiras...
O que me faz pensar
que a solidão até faz bem
é perceber que as coisas mais profundas
afloram nos momentos solitários...
deixa eu te olhar só mais um pouco,
ainda sei sonhar e amanhã é sexta-feira
e a minha semana não tem sábado nem domingo
a vida não pode diluir-se assim
como se fossemos abstratos,
e essa paz, essa paz que abriga agora a tua alma,
essa paz tem que ser dividida
deixa eu te olhar e assimilar esse vermelho
porque a minha paz tinha a palidez dos dias invernosos
e a frieza glacial dos polos
deixa eu te olhar, e essa manhã nos teus olhos
clarear os meus caminhos
AS ILUSÕES NÃO RESISTEM ÀS NEBLINAS
mais tarde o meu olhar fica novinho
depois de passar este rio,
depois de derramar este lago
fica tudo lavado,
todo lixo vai no pranto,
todo encanto desbota na luz do luar,
As ilusões não resistem às neblinas...
já chovi tanto este passado,
já alaguei capital e municípios,
e eu que sou um cara de princípios...
fico filosofando...
conjecturando... sem querer acreditar
as ilusões não resistem às neblinas,
as ilusões não resistem às neblinas
e eu não tenho arcas nem barcas....
nem sei nadar...
TEMPORAL
Mais triste que uma tarde chuvosa
Ela respingava suas tristezas
Nas incertezas dos pingos da chuva
Mas se chovia ela se alegrava
E cantava Ben Jor: "chove chuva..."
E, se alagava, ela secava
Mas o que encharcava o seu ser
Nem era chuva de chover
Agora tente entender: neblina era querer
Chuvarada era fantasia
Mas relampejava e trovejava
Um temporal com ventania...
mais belo que uma mulher despida,
só uma mulher despida na horizontal;
mais belo que uma mulher despida na horizontal,
só uma mulher vestida na vertical;
pois nada é mais belo que o prazer de despi-la e deitá-la
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