Deixa me Ir
Poderemos ir adiante naqueles momentos de fraqueza, e quando acharmos que já vivemos e passamos por tudo nesta vida, ou conjecturarmos que já trilhamos caminhos o suficiente, Deus mudará os seus planos e nos colocará em novas estradas.
Se fosse fácil não teria graça, nascemos para aprender a ir atrás de nossos sonhos, e não para conquistarmos sem esforço, afinal ganhar sem lutar não tem gosto de conquista.
O lado bom de ter pesadelo, é que não importa como você estava antes de ir dormir, você sempre vai agradecer por ter acordado.
Maturidade é aceitar que uma hora teremos que ir embora... quardar nossas experiências, lembranças e cicatrizes numa caixa preta no fundo da alma e partir, sem ao menos olhar para trás!
"Eu entendo por que algumas pessoas são rasas. Afinal de contas, 'só quem está disposto a ir para o fundo do mar pode se afogar'.
Mas como é que você vai apreciar a beleza da profundidade se não está disposto a mergulhar?
Quem partiu para o plano espiritual não pode retornar para viver entre nós, mas um dia nós também iremos para lá e nos encontraremos.
"O luto começou antes da morte. Começou ali, no silêncio, enquanto ela deixava ir tudo o que a vida estava arrancando."
Tens que ir?
Lá fora a chuva cai.
No quarto, fumaça de caracol.
Paredes se comprimem
diante de nós dois.
Face a face, deleito-me
no momento tão mágico
que deixa à deriva
os problemas do dia.
Por que tens que ir?
Se te quero só pra mim?
Se só você é meu sim?
Por que tens que ir?
Se ao coração não mente
e sempre te senti?
OLIVEIRA, Marcos de. Tens que ir?. In: OLIVEIRA, Marcos de. Tristeza por
Borboletas. Porto Alegre: Alcance, 2012. p. 12.
Desapegar
Às vezes é preciso largar…
deixar ir o que já foi cais,
mas hoje só âncora pesa.
Romper os laços do ontem,
fechar as portas sem pressa.
Caminhar pela ponte antiga,
mesmo que rota, esquecida
com os pés firmes no presente
e o coração livre da ferida.
O que antes foi abrigo,
agora é muro, é prisão.
O afeto que já curou,
hoje machuca em vão.
Então, agradecer em silêncio,
o que um dia foi abrigo e flor,
mas que agora é folha seca,
sem perfume, sem cor.
Despedir-se com ternura
dos nomes, dos sonhos, da ilusão,
e lançar-se no novo que chama
com verdade e direção.
Sorrir para a luz que nasce,
acolher o que faz sentido,
tornar-se mais leve e inteiro,
mais gentil consigo mesmo,
mais vivo, mais decidido.
Porque viver é, sobretudo,
saber que o tempo transforma,
e que é preciso soltar o velho
para que o novo se forme e se informe
com liberdade, com alma, com forma.
