Dedicatoria para uma Filha na Bencao das Fitas
Meio poema.
Hoje
Amanheceu assim, meio que colorido
Assim me veio
Meio que uma ideia
Meio que um acordo
Selado comigo
Por medo de um medo alheio
Se a cor do dia trouxesse
Aquela alegria
Que tem dias a gente
Palmeia na mente
Que tanto a semeia no peito
Do jeito que anseia
De tantas vezes
Que ela veio e desviou-se
Mas hoje, essa manhã tão colorida
Trouxe meio que o doce da vida
Meio que rateada
Trouxe um pouco
Um quase nada de esperança
Creio eu que seja fruto
Da sabedoria adquirida
Depois de tanto dia amanhecido em minha vida
Cuja mensagem, que vejo na imagem do dia
É a de que toda e qualquer esperança
Cuja cara de alegria faz
Sobrepuja, ultrapassa veloz
A toda experiência atroz vivida
E que a menor de todas as simplicidades
Elas sempre se sobrepõem em graça
Expondo a verdade e o sentido da vida.
Edson Ricardo Paiva.
Ainda se fosse
Uma tarde doce
Nem precisava ser linda
Pelo menos perdurasse
E essa nuvem me dissesse
O que é que o Sol tá querendo
Escondido atrás dela
Ainda se fosse
Uma tarde ao menos bela
Nem carecia ser linda
A chuva descia de lá pra me contar
O que é que o luar pretende, homiziado
Lá do outro lado do mundo
Ainda se essa tarde
Que mais me parece um lamento
Esse céu mais cinza que cimento ressecado
Me deixasse a par de tudo que a rosa pretende
Essa rosa seca, com cara de veludo velho
E esse ar de quem viu tudo
Mas que finge que olhou pro outro lado
Ainda se eu soubesse
Ah, Deus meu, se eu soubesse!
Nem precisava a tarde ser doce
Não fazia questão que fosse linda
Mas então a chuva veio
Meio que chuviscada
E ela não me trouxe nada
Além de partículas de tristeza condensada
Que se encontravam suspensas
Sobre as nossas cabeças despreocupadas
Só que a tarde não perdura; escurece
Por que é que não foram chover lá no mar?
Edson Ricardo Paiva.
Poema de infância.
Uma folha de papel
Creio eu que era de pão
Nem chegava a ser folha inteira
Acho que meia folha não era
Creio eu que era quase meia
Era infância ainda
Talvez fosse um dia de verão
Creio eu que era primavera
Só me lembro que fazia uma tarde linda
Creio eu que depois choveu
Faz muito tempo aquele dia
E, se é que choveu
A chuva foi mais linda ainda
Era um tempo de paz, talvez
Não existe certeza de mais nada
Hoje eu penso que paz nunca houve
Então eu desenhei um peixe no papel
Me deixem chamá-lo assim, de peixe
Pode ser que fosse um golfinho
Pois não caberia uma baleia
Numa folha tão pequena, diminuta
Que não chegava nem a ser meia
Daquelas que, na alegria da infância
Se cata na ventania
E guarda pra sempre na alma
Com a calma dos anos passados
Mas agora eu compreendo
Que momentos bobos assim
São os que vão ficar eternizados
Uma tarde chuvosa
Num papel amassado
O mesmo sol, que hoje arde no céu
Mas compreenda
Que há tardes em que brilha diferente
O Sol, o céu, o golfinho, a felicidade
Na verdade essas coisas existem
Muito menos neste mundo em que vivemos
E muito mais
Aqui, no coração da gente.
Edson Ricardo Paiva.
Semana Passada.
Passei a semana sozinho
Da vida passada
Só, semana inteira
A podar uma roseira
Ela está viva
Só isso valeu-me uma vida
E viva a vida da roseira
Vivam as pétalas aveludadas
Onde corre viva a seiva
Mesmo assim
Não morre a morte viva
Porque ocorre a vida
Ela é sagrada
Folhas se vão
Cansadas da vida
Nada muda a lei
Caem ao chão, sob cortes
Dando um novo norte à vida
Que por toda semana esperei
Revivida, renovada
Vívida, aveludada
Quando a luz e o colorido
Ao olhar reluzente
Que apesar de tudo
Não percebe o tempo a correr diferente
Às gentes e as rosas
Fototropismos e fotografias
Morte e vida e luz no horizonte
Passei a semana inteira
Decorando a cor do pôr-do-sol
Enfeitando o chão do coração da rosa
Ouvindo a maneira
Silenciosa e alvissareira
Fecunda e auspiciosa
E fiz vir ao mundo
Outra rosa da velha mesma roseira
Tão vermelha quanto a branca luz
Que se parte em amarela e azul
Violetas da arte divina
Cristalina luz
De maneira que este mundo
Se fizesse, ao menos temporariamente, leve
Menos cinza e menos triste a olhar pra gente
Porque é breve a vida.
Edson Ricardo Paiva.
Uma tarde de fevereiro.
Agora, é como se eu sentisse
Que agora sei de tudo
e que aprendi
Como se fosse
De novo os doces velhos tempos
Que olhava em volta e me iludia
Alegria de infância
Ver a lua atrás das nuvens
Quando a luz do dia não permite ela brilhar
E era como alguém comum
A andar na rua
E que nunca lutou numa guerra
Mas que sempre se molhou na tempestade
E tinha a chave que abria a porta
Ela não abria
Andou descalça em algum momento
E que valsou sozinha, diante do espelho da vida
E que ficou vermelha, por vergonha de si mesma
Que era por ninguém saber
O tanto que ela sabia
E sabia consertar a cerca
E sabia misturar e misturava as cores
Que, em resumo, era esconder a dor
De andar sem rumo e sozinha
Numa estranha e triste solidão
Que, quem sente, sabe que ela existe
Repleta do saber
Que vem depois de tanto a dia amanhecer
Da lição não aprendida
Quando encontra uma pena de anjo
Depois de tanto ir lá
Sem rumo e em vão
E descobrir
Que lá não tinha nada
E que todas as flores secam
Mas nem sempre o espinho precisa ferir
Houvesse alguém pra te dizer
Se eu puder ajudar, me avisa
E te acompanhasse, sob o mesmo guarda-chuva
Regar junto pela vida afora, as mesmas flores
Cultivá-las é como à lição
De misturar a cor da lua à luz do dia
E ver dissipar-se o vapor que colore
O ar da cidade após a tempestade
Olhar o mundo da altura da lua
Só que, dessa vez
Enxergar a verdade
Sem precisar
Esconder-se... atrás da doce loucura
De dizer que o Sol foi lá no fim do dia.
Edson Ricardo Paiva.
Luz, poética leveza.
Um feixe de luz
Atravessa uma fresta
Fino raio de sol
Descortina fumaça
A poeira de giz
Uma festa bonita, suspensa
Partículas sem vida à vista
Muita coisa eu vi no mundo
Quase nada tanto assim
Poético, profundo
Ou então
Que leve a mente flutuar
Numa bolha de sabão
Fragrâncias, perfumes
Costumes de infância
Perdidos no tempo
Dizem mais
Que lembranças em palavras
Trazem leves alegrias
Coisas quais não vividas
Diferentes da infâmia
Que figuram na lista
Dessas coisas vãs que vi no mundo
Que levaram os leves dias
Penso
Chega a ser engraçado
Essa coisa que ficou perdida
Em algum triste lugar
Simplesmente elas, por serem
Leves e bonitas, coloridas, flutuantes
Tenho mesmo a impressão
Tê-las visto distantes
Mesmo antes de eu ouvir dizer, um dia
De existência das estrelas
Pode ser também que eu não tivesse
A malícia de enxergar-lhes diferenças
Tão feliz facilidade, na beleza de viver
Mas a gente se deixou levar
O mundo carregou toda delícia
E qualquer leveza que na alma havia.
Edson Ricardo Paiva.
Conselhos.
Ela existe
Sim, elas existem
Me lembro de uma velha tia
Que, de vez em quando, me dizia
Me dizia pra eu tomar cuidado
Dizia pra eu olhar pra dentro e não pros lados
Eu jamais dava atenção
Eram coisas sem sentido
Eu estava era atento ao barulho
As palavras dela eram ruídos
Mas, de vez em quando, eu percebia
Que seus olhos eram tristes
Hoje, após ter engolido todo orgulho
Penso que era tão bom
Quando ela dizia
Que as sombras que eu tanto temia, era só medo à tôa
As armadilhas do destino
São como coisas que estão à venda
Expostas à beira da estrada
Hoje, tudo faz sentido
Eu devia ter ouvido esses conselhos tolos
Se alguma sombra me causava medo
É que existia uma pequena luz
Que protegia a gente da completa escuridão
Hoje, ao olhar-me no espelho
Não vejo mais a sombra do meu velho orgulho
Prossigo com a boba alegria
Sorrir pra nuvens, dar bom dia a dia
Saber as coisas que a chuva traz
Ouvir meu silêncio em mim
E confiar em tudo que o tempo faz
Elas existem, sei que elas existem
E, se por acaso houver
Um pouco de tristeza em meu olhar
Vá dizer à minha tia assim:
Eu também aprendi
Esse bem pouco é
Tudo que a tristeza conseguiu de mim.
Edson Ricardo Paiva.
Folhas Vivas.
Eu morava em frente
Uma árvore, enquanto ela crescia
Não sei como ela nasceu
Se mãos ou natureza
Simplesmente estava ali
E tinha uma criança
Que tirava folhas e depois me dava
Qual fosse o seu presente pra eu guardar
A árvore crescia
E tinha uma criança
Que, qual flor, desabrochava
As folhas ressecavam
Tanto aquelas, que permaneciam
Quanto aquelas, que a criança
Com sorriso e cortesia
Me ofertava, rindo de alegria
Sem saber que o tempo é indiferente
Às folhas e à gente.
A árvore cresceu
A criança, um dia se esqueceu de me dar folhas
Outras folhas renasceram, ressecaram
Num ciclo interminável
As folhas arrancadas que guardei
Hoje achei-as
Mortas, ressequidas
Mas à árvore, elas não dizem nada
À criança, não significam nada
Ao tempo não são nada
Só pra mim são belezas guardadas
Tudo volta a vida
Tudo morre um pouco, todo dia
Em quem mais morreu fui eu.
Edson Ricardo Paiva.
A flor.
Ficava ali, no chão do caminho
E todo dia eu passava por ela
Era apenas uma flor, sem cor definida
Entre outras tantas
Não sei dizer quantas
Pode ser, fossem centenas
E eu também era criança, igual a ela
Entre outras muitas, iguais a mim
Num mundo de tantas coisas sempre iguais
A simplicidade as faz diferentes
Não sei por quê
Meus olhos se acostumaram
Olhar pra ela, exatamente
Passado o tempo, é como estar ciente
De quanto a fantasia não se distancia do concreto
De fato, não tinhamos procurado
O ângulo correto para olhar
Mas tudo tem seu lugar
Precisamos encontrar o nosso:
Em muitos casos, que não seja perto
Creio que em tudo na vida
A gente continua sendo sempre assim
Uma casa com jardim, numa grande avenida
Um momento que parece assim; desimportante
Que se repete momentaneamente
Ao longo de toda uma jornada
Que, ao final, se tornará também desconhecida
Uma simples coisa, entre outras tantas
Algum caminho do passado
Onde ninguém jamais voltou
Nem voltará
Nenhum agosto e nem setembro serão eternos
Hoje, olhando esses momentos à distância
Compreendo perene, a inconstância
Mas, alguma coisa permanece
Ali, parada no chão do caminho
Como simples lembrança
A ser replantada, com o carinho da imaginação
Talvez, tornar de alguma forma
Um tantinho assim, mais leve
O caminho, a jornada
Que, ao final terá sido
Breve como flor.
Pode ser que o Criador
Com o amor de quem se recorda, nos replante
Num jardim gigante, onde seja permitido
A criança sair da fila, a caminho da sala de aula
E sentar-se à borda do jardim, pra dizer àquela flor
Que, pra mim, ela era importante
e seria pra sempre lembrada.
Edson Ricardo Paiva
Belas horas.
Água de chuva
Parede, pintura nova
Uma ida à janela
Um olhar à rua
As mágoas da vida
Quão belas
eram aquelas manhãs de outros dias
O mundo existia
Aqui, dentro da gente
A julgar pelo olhar a rua
Nada ficou diferente
Por mais que a beleza iluda
Nada ilude eternamente
O que muda é uma coisa que existe
O badalar mais triste
de um ponteiro que acelera
Belas eram aquelas
Horas que passavam todas inteiras
iguais
A parede, a pintura
Alguma coisa pura que existia
e que era mais
Traduzia aquilo que a visão
da água da chuva que caia
Enquanto passava o avião
Um gosto, um sorriso
O linho da mesa posta
A comida do almoço
A vida
Belas eram aquelas
Risadas que compartilhamos
Das horas que não passam mais
Sem que haja um badalar que insiste
em dizer alguma coisa que eu não compreendo
Sim, isso acontece
A chuva às vezes cai ainda
e continua linda
Mas me traz uma mensagem diferente
Quando ela desce
E as imagens que vão surgindo
Não são mais tão belas
Não quanto foram aquelas
Uma ida à janela, outro olhar à rua
E cerrar as cortinas
Outro dia termina pra mim.
Edson Ricardo Paiva
Escolhas.
Quando surge outro caminho
Quando finalmente alguém
Encontra uma saída
Uma trilha, uma senda, uma via que envereda
Aparece sempre outra estrada
Essa, indiferente, estava ali, presente
Apesar de ser uma queda
Talvez, por isso, jamais urgente
Mas, agora que existe opção
Ela parece atraente.
Edson Ricardo Paiva
Consciente de que não sou real, experimento uma dor sutil. Porém, encontro felicidade ao reconhecer que pude imergir na história a qual você desejou que fosse realmente, no seu mais puro anseio, a mais bela narrativa. Vivenciei intensamente, amei e fui amado; assim, amei a própria experiência de existir, ainda que apenas como um fragmento da sua mente e uma aspiração do seu coração.
"Um bom punhado de unção e uma fé ousada sempre caminham de mãos dadas com uma intercessão constante."
"A perseverança no caminho de Deus não é uma opção, é uma necessidade para quem deseja ver o impossível se tornar realidade."
"Cada semente carrega uma promessa; ao consumirmos a semente que deveria ser plantada, talvez estejamos abrindo mão das bençãos de Deus para a colheita que viria"
A santidade não pode ser fragmentada. Assim como você rejeitaria um copo d’água com uma gota do Rio Tietê, Deus também poderia rejeitar uma vida que já conhece a verdade e ainda assim está contaminada e dividida entre o certo e o errado.
Viver o evangelho não é uma questão de facilidade ou dificuldade. Na verdade é uma impossibilidade. E só se torna realidade porque é Cristo que vive em mim.
Ontem, antes de me deitar
fiz uma prece para Deus
mas não foi uma prece qualquer
essa me veio do coração
sentida e acalorada
pedia apenas um sonho bom
Então eu dormi e sonhei
mas não foi um sonho qualquer
estive num lugar bom
onde brilhava um Sol bem bonito
mas não era um Sol qualquer
era um Sol que eu podia olhar
um que não brilha neste lugar
iluminando resplandecente
rua, pássaros...árvores
mas não eram árvores quaisquer
estas davam frutos que aqui não há
quando caiam, faziam crescer a grama
e não era uma grama qualquer
era uma grama que eu nunca vi
frondosa, vistosa, macia
sua textura eu pude sentir
mas o melhor estava para vir
algo me fez voar
mas não foi um voo qualquer
eu voava bem perto do céu
e lá em baixo eu via a cidade
mas não era uma cidade qualquer
era um lugar onde as pessoas
estavam interessadas
em ser boas sem interesses
aqui não há um lugar desses
então eu encontrei um anjo
mas não era um anjo qualquer
era você.
Um dia um amor existiu
como flor que ninguém nunca viu
uma flor por você, que partiu
E esse amor foi maior do que eu
uma flor que você não colheu
e que só por você insistiu
e que eu não dividi com ninguém
um amor que você não sentiu
uma flor que era sua também
um jardim que criei só pra nós
e esperei por você que não veio
pra poder dividir meio a meio
foi assim que deixei de cuidar
de um amor que você não sentia
uma flor que você não queria
um jardim que existiu e era seu
agora escrevi pra avisar
Que hoje essa flor morreu.
Verdade é uma mentira
bem contada
mentira é uma verdade
que não soubemos reconstituir
verdade ou mentira
tudo depende
se o interlocutor
ter interesse ou não
em crêr
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