Dedicatória para uma Criança

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Ser como criança é ter um coração aberto para acreditar no impensável, crer no impossível e confiar no incompreensível.

Uma criança é empirista antes de ser racionalista, uma pessoa madura é racionalista antes de ser empirista.

Não se esquecer que


um dia já foi criança,


e que dependeu de um adulto


para chegar até aqui,


pode fazer um mundo novo,


Trazer viva essa lembrança


sempre que uma criança


precisar é sinal vivo


que ainda há esperança


de seguir adiante.

Mexeu com criança, viro bicho!

As cores que o tempo levou


Quando eu era criança, o mundo parecia pintado à mão.
O céu tinha cheiro de tarde quente,
e o vento parecia brincar comigo.
As cores eram vivas — não só nas coisas,
mas dentro de mim.


Agora, aos vinte e dois, olho o mesmo céu
e ele já não me devolve o mesmo brilho.
As cores continuam lá,
mas meu olhar parece cansado de reconhecê-las.
Talvez não sejam as tardes que mudaram,
mas a forma como eu as sinto.


Na infância, o tempo era eterno.
Hoje, ele corre — e leva embora o encanto das coisas simples.
Mas às vezes, quando o sol se despede devagar,
eu fecho os olhos e finjo ser criança de novo.
Só pra ver o mundo com aquele mesmo coração colorido.

Enquanto houver uma criança com frio, fome e medo; não há possibilidade de acreditar que existe ética!

Se você não consegue explicar algo de maneira que até uma criança de 5 anos entenda, então quem não entendeu nada foi você.

Minha ilusão de Junho.


A criança insegura beijou
Soltou muito ar
não brincou de tocar
Não sabia o que fazia
E nem os seus olhos fechou.


Foi em Junho, eu me lembro,
No guarda-roupa de sua casa.
Minha mão parou em teu ombro
E na tua boca me senti em casa.


Eu gostei da sensação
Chorei de emoção
Jurei que contigo teria um casamento
Mas agora lembro de ti com dor
E ressentimento.


Porém te amo, meu varão
Mas te amar foi ilusão.
Ao mundo com dor testemunho
Tu foste Minha ilusão de Junho.

A paz é uma criança brincando na rua,
A violência é o adulto com fúria brutal.
Ambientes diferentes,
E o combate feito no lugar errado.

Senhor dai me sabedoria para ser adulto sem jamais deixar de ser criança.

Amém!

⁠Jardim


Doce criança chorosa,
Doce e antiga parte de mim,
antigo afeto à memória,
de quando brincávamos no jardim.


Não existia motivo
e nem hora,
olhar nos olhos
não era difícil para mim.
Se envergonharia ao me ver agora,
me afogando em rótulos
e desânimo sem fim.
Minha mente,
procurou conforto outrora
e me lembrou de quando
brincávamos no jardim.

Quando eu era criança, minha mãe quando via alguma coisa mal feita dizia: "Isso é coisa de Brasileiro"
Eu não entendia isso, hoje entendo ao passar por Ocupações e Favelas!!!




PS: Nascemos aqui no Brasil, mas nosso DNA é da nostra bella Italia!!!


* * *

O mundo da criança é formado por aquilo que o adulto mostra e fala. Por isso, cuidado com as palavras. A criança poderá se tornar um adulto que contempla a beleza da vida ou um adulto que acredita que toda beleza não passa de uma miragem enganosa e sem valor.

Quando criança, pensei ser piada. Ou mais uma forma de prender a atenção das pessoas, ficção. Porém, hoje posso ver, sem sequer procurar, pessoas plugadas a tomadas, esperando suas vidas carregar.
Pensei que teria que viver muito mais pra presenciar, pessoas sendo trocadas por máquinas, sinonimadas a contatos na lista que contabiliza amizades, mas, aparentemente, estava errado. E creio ainda que, pela forma como segue, ninguém de fato percebeu estar assistindo o passar da vida pela tela do telefone.

Às vezes, a gente só quer voltar a ser criança, ganhar brinquedos, comer muitos doces e não engordar e não ter que se preocupar com nada.

Tão seu, quanto...




Vozes da imaginação gritam comigo pedindo asilo aquela criança que ainda se encontra perdida,


Insisti em molhar as rosas e mesmo assim elas murcharam,


Foi uma tolice parecer vulnerável quando o medo era insuportável,


Eu não sabia que a cada passo dado para trás naquele momento seriam uma projeção para dias melhores no futuro,


Caído no meio das rosas minha armadura começou a ser golpeada tanto pelo sol que se transformou em ouro,


E no acaso da perdição um amor inconfundível tomou conta de mim, logo voltei do inferno com um coração gentil,


Nada é tão seu quando tudo a perder é tão fácil.

O que existe de melhor do que ser criança?

A inocência, o riso fácil, a leveza de viver sem os medos que o mundo insiste em ensinar. Ser criança é o primeiro passo rumo à liberdade.

É descobrir o mundo com curiosidade, transformar o simples em mágico e enxergar beleza até nas pequenas coisas. É ser feliz com o que já nasce dentro da gente.

Quem dera pudéssemos guardar um pedacinho dessa fase pra sempre, pra lembrar que a vida pode ser leve, colorida e cheia de encantos, mesmo depois que a gente cresce

Sob o manto do sentir, a dualidade me veste:
Eu sou a criança que teme o trovão discreto
E o insensato que na fúria da onda investe.
Medos bobos me tecem, coragens me dão o veto.

Deixe a criança que habita você correr solta de vez em quando — ela lê o mundo em cores que a razão ainda não aprendeu a nomear.

A Menina e o Cachorro


Uma criança brinca com um cachorro
no meio da praça.
Na Praça do Patriarca,
foi lá que eu vi.
Entre cinco e seis anos de idade,
tinha a criança.
Igualmente jovem era o animal.


A garota abraça, beija,
se desmancha em carinhos...
O cachorro retribui lambendo animado
o rosto da menina.
Os dois caem,
rolam no chão.
A menina ora por cima do cão,
ora por baixo.


Alguns pedestres param,
observam, riem, tiram fotos,
maravilhados com a beleza da cena.
Outros, apressados,
submersos em seus problemas,
incapazes de enxergar o mundo à sua volta,
passam sem nada perceber.


Uma mulher se aproxima,
afaga a cabeça do cachorro.
A menina se levanta,
fica de pé, imóvel, séria.
Em sua seriedade,
o esboço de um sorriso enigmático,
quase imperceptível,
me fez lembrar Mona Lisa.


Com o olhar fixo na mulher
acariciando o pequeno animal,
a menina parecia esperar sua vez
de também receber carinho.
A mulher, no entanto, se levanta,
faz um último carinho no cão, arruma a blusa,
ignora a criança e vai embora,
diluindo o sorriso de Mona Lisa da menina,
que a acompanha com o olhar desapontado.


E eu, que a tudo assistia, pensei:
— Infelizmente é assim que nós estamos agora!


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Nascida em meio à pandemia, em 2020, esta crônica em versos descreve uma cena real: uma garotinha em situação de rua e seu cachorro, na Praça do Patriarca, em São Paulo.