Da Solidao Cecilia Meirele
Descubro
No teu corpo cálido
A textura do pássaro —
O teu corpo ave
Qualquer coisa de voo
Muita coisa do leve
Prestes a voar
O teu corpo breve —
rapidamente, a nudez deixou de ser notada
(tão frágil e transparente estava), ela surgiu
revoada branca de silêncios
e se apossou de tudo!,
o corpo, a cama, o quarto, o chão,
que tanto pode a força do invisível.
De região a fazer o bem,
mudar.
Aqui as coisas só vão na base
do milagre
Ou da força parida da vontade.
Eu penso que Jesus
Devia de nascer em Belém
Na Paraíba.
Nesta selva sem verdes,
carnes claras,
encontrei a paz da carne,
sentimento.
Reluzindo a pele em flor
é chamamento
de todas as ternuras
de meus dedos.
Quando fiz dos meus versos amargo estudo
Machuquei ensinamentos, meu passado,
Inventei de cortar com um machado
Doce rima, sons, metro, quase tudo
Que me fazia lembrar, tornei-me mudo.
Amigos
A doce lembrança
Eu e você quando criança
Fazendo uma aliança
Estruturada na mais pura confiança
Dois opostos
Dispostos!
Dois amigos
Eu, contigo!
E você comigo
Quanta saudade
Da sua irritante honestidade
E de sua imensa bondade
E de nossa linda amizade
Uma ligação
Toda recordação
Muita emoção
E uma afirmação
Você sempre estará no meu coração
Busquei inspiração
Consegui frustração
Sem saber o que escreve
Pois palavras não podem descrever
Decidi então!
Abrir meu coração
Pra lhe fazer uma declaração
E expressar toda minha admiração
Hoje você se encontra em sua missão
Cumprindo sua designação
Caminhando em uma única direção
Propogando a salvação
O amor e a compaixão
Sempre soube que se tornaria um mulherão
Diferente das demais que existem nesse mundão
De óculos e cachinhos
Distribuindo carinhos
Demonstrando afeição
Uma pessoa de opinião
Com um enorme coração
"Nos balaios de cipó carreguei a palma para o gado, descasquei as espigas de milho e botei as vagens de feijão de corda que colhi na roça. Eles são de serventia para o meu trabalho no campo”.
Mãe Zuza (1914-1990).
Cortei os cipós do mesmo tamanho e fiz dois montes, botando em forma de cruz com as mesmas quantidades. Entrelacei os dois montes no meio da cruz, deixando-os bem preso.
Partindo do meio dessa cruz, comecei a entrelaçar cada cipó, um a um, passando cada um deles por baixo e por cima, dando o formato arredondado ao fundo do balaio.
São esses os balaios de cipó que uso na lida no campo todos os dias.
Mãe Zuza (1914-1990)
