Crônicas sobre a Morte
Você é uma ponte
que me conecta com a realidade,
É chegada que me arrebata
e partida que deixa saudades.
É a luz que irradia
quando tudo se apaga ao meu redor.
É o aconchego de um abraço sem fim,
a surpresa que materializa uma possibilidade,
É a esperança de um reencontro
onde revivemos momentos inesquecíveis,
Ou apenas o desabafo
na forma de uma pretensa poesia sem rima.
Pode parecer absurdo, mas se queremos, insistimos ou cobramos demais, exageramos.
O excesso é o que passa da medida, o que excede os padrões que consideramos ideais ou normais, é o exagero.
Quando nos entregamos demais, sem reciprocidade, corremos o risco de não fazer falta.
Embora isso não devesse ser aplicado nos relacionamentos, a falta ou escassez é o que gera a necessidade.
Então, no relacionamento a atenção, o afeto, o carinho, o ciúme ou a cobrança precisam de equilíbrio entre a escassez e o excesso, entre o amor pelo outro e por nós mesmos.
No passado líderes religiosos
tinham um estilo de vida reservado, se manifestavam nos limites das suas congregações e se inspiravam na leitura e interpretação das escrituras, em orações e jejuns. Atualmente, não resistem aos holofotes e nutrem o seu espírito com boatos das redes sociais.
O total é uma parte
De processos químicos
Surge uma poesia
De substâncias e carne,
Sem vida, sem afeto,
Cria-se o afeto
e dá-se a vida
Do amor como uma droga
Cria-se o amor como amor
E desse amor, surge a maldade
E da maldade, a violência, como tal
Da necessidade surge o vício
E desse vício, surgem os vícios
A injustiça pelo reducionismo
É fruto da química
É fruto da vida
Que por sua vez,
Se origina do inexplicável
Da matéria, surgem os sentimentos
Que dependem da psique
que depende da matéria
Tudo é matéria, nada é vida
A vida é matéria igual.
E dessa matéria enlouqueço
Por saber que não há vida
Por saber que não há amor
Mas substâncias e um metabolismo
Que produzem uma lamentação
Lamentação esta que é matéria
Mas também algo mais
É humano...
Reflexão: Agonia
Acordei cedo disposto a ver o sol nascer, a notícia foi uma rajada, agonia do morro, um alerta geral, foram décadas, entre a adolescência e o crime, alegrias, sofrimentos, cenas dramáticas, armas automáticas.
Sinto minha mente carregada, o coração gelado, você partindo pro outro lado. Ontem mesmo, eu estava olhando seu último post, me veio uma reflexão, olhando nossa última troca de ideia, senti meu crânio furado mas de boa, tá na hora, a viajem se deu inicio, só lembranças é o que fica nessa cidade sem lei. Terror em São Paulo alguém me explica o motivo.
Como você dizia meu mano, maloqueiro, só monstro, sem brincar de cara e coroa eu sonhei com o crime, mas raciocine, qual que pá, a periferia segue sangrando mas a periferia tem seu lado bom, a imagem brasileira, mas eu suspeito é a lei da periferia, ó quem diria.
Wgi, é muita treta de norte a sul, de oeste ao território leste você vai estar na memória, sempre em alto valorização, na regra 1 ou quebrando regras é a nova era, você é capaz, eterno maloqueiro, inimigo dos carniceiros na linha de frente.
Você sangue b em vida ou de encontro com a morte, não tem outro nem o ser humano e suas contradições, nem a rede esgoto com sua mensagem subliminar, vai apagar o seu legado.
Tipo de pai pra filho ou amigo de infância a dor é semelhante um tiro de oitão, como você cantou o rap não é moda, 121, basta violência, basta ruas de sangue, é rap nas quebradas, o rap é o verso, e foda-se as criticas e seus poderes.
Mas, como eu queria acreditar, que era primeiro de abril, que fosse uma estratégia, que a solução fosse um advogado bom mas é real, por isso a mãe áfrica chora, o movimento hip hop chora, geral chora.
No resumo, não sei se teve descaso do hospital geral, se teve consciência humana, não é isso, acostumamos com histórias de sangue, mas estamos na sintonia, salve rap, salve o garoto do gueto, salve Wgi, e cada um escreve o que pensa.
Por: Marcio Niasa, em homenagem a WGI do Consciência Humana que nos deixou em 23 de junho de 2024
Te vejo no olhar das seis
sucumbindo
a tudo que tenho
sem ter nada
para conquistar no futuro.
Te vejo no olhar das sete
contando os dias
como se amanhã
estivesse garantida
a existência do futuro.
Te vejo no olhar das oito
porque ainda sou capaz
de me iludir
acreditando que o futuro virá.
Fico cega à espera do futuro.
Futuro não há.
Nós vamos morrer. Então, vamos viver.
Essa é a única certeza que temos desde o dia em que nascemos: a morte. Passamos a maior parte da vida tentando ignorar esse fato. Vivemos como se tivéssemos todo o tempo do mundo, adiando planos, guardando sentimentos, esperando por um momento ideal que pode nunca chegar. Mas a verdade é que o tempo não espera por ninguém. Cada dia que passa é um dia a menos, e no fim, o que realmente importa não é quanto tempo temos, mas o que fazemos com ele.
Então, por que não viver de verdade? Por que não dizer “eu te amo” sem medo? Por que não perdoar e seguir em frente? Por que não tentar algo novo, mudar de rumo, sair da rotina? Passamos tanto tempo presos a preocupações, a problemas que nem sempre importam tanto, que esquecemos de aproveitar o presente. Guardamos palavras para depois, acumulamos ressentimentos, evitamos riscos e deixamos os dias passarem sem propósito. Mas e se não houver depois? E se esse for o único momento que temos?
A vida é feita de escolhas. Podemos escolher viver intensamente ou apenas existir, passar pelos dias no piloto automático, cumprindo obrigações, repetindo padrões, sem jamais nos permitir sentir a verdadeira alegria de estar vivos. Mas será que vale a pena viver assim? Será que, no fim da vida, não vamos nos arrepender mais daquilo que não fizemos do que dos erros que cometemos?
Não sabemos quanto tempo nos resta. Pode ser muito, pode ser pouco, mas independentemente disso, devemos aproveitar cada instante. Viver não significa apenas respirar e sobreviver; significa sentir, experimentar, amar, errar, recomeçar. Significa olhar para trás e saber que aproveitamos cada momento da melhor forma possível.
Então, pare de esperar. O momento certo não existe. A vida acontece agora, neste exato instante. E se há algo que você deseja fazer, faça. Se há algo que precisa ser dito, diga. Se há um sonho guardado, corra atrás dele. Porque, no fim das contas, a única coisa pior do que a morte é perceber que nunca realmente vivemos.
A última vez que vi mamãe, antes de falecer.
Foi de uma suavidade impressionante.
Não vi em seus olhos medo ou desespero.
Vi em seu olhar tranquilidade,
era como se eu contemplasse
um anoitecer calmo e tranquilo.
O tempo não me permite chamar aquele
momento tão singular e significativo de último.
Último é coisa finita, que se acaba.
Não posso chamar de último um momento que ficou
para sempre guardado em meu coração.
Não posso chamar de último
um momento que é eterno.
VOCÊ SE FOI E ME DEIXOU PERDIDO
(RÉQUIEM A NATAN)
Assim que você partiu, meu mundo ruiu.
Minha vida virou de cabeça pra baixo.
Estraçalhado, despedaçado.
Fiquei em pedaços.
Perdi a cabeça.
Minha cabeça foi para um lado
e meu corpo para outro lado.
Eu me tornei um quebra-cabeças,
com peças espalhadas por todo canto.
Um quebra-cabeças difícil de montar.
Aliás, difícil não!
Impossível de montar.
Sabe por que é impossível?
Porque está faltando uma peça.
Esta peça é você, meu coração
Batalhas: que nunca deixem de existir;
Derrotas: que sempre me aprimorem;
Vitórias: que sejam mais que derrotas;
Inimigos: que me ensinem e aprendam comigo o valor das batalhas;
Amigos: que sejam verdadeiros e estejam comigo custe o que custar;
A Morte: que não me alcance tão fácil;
A Vida: que seja uma constante de tudo isso que é viver.
Vida fácil é aquela que já não é
É aquela que já se foi um viver
Pois vida mesmo é luta constante
Viver é possuir um divino dom
É estar, é ser, é tudo poder fazer
Quando não se luta intensamente
Assim quando não há pelo quê
Mesmo existindo, mas sem fazer
Como se nada mais ser possível
A morte é um fato consumado
Quem dera pudesse acordar estes
Que tiveram a sentença resolvida
E tirar-lhes da vida fácil em curso
Para ver viverem a luta do fazer
Dançando ao eterno som da vida
Com Clancy Gilroy, Midnight Gospel
O corpo é o limitador do verdadeiro entendimento que apenas a meditação pode oferecer, a morte para o renascimento completo junto ao sistema de coisas, um metaverso maior que o seu, o universo. Fugir da realidade para evitar a dor em existir, de amar, apenas tardará o entendimento de que viver o agora é estar conectado com tudo o que existe, passado e futuro no mesmo espaço tempo, transcendendo os limites da imaginação, da mente, ao se aproveitar aqui e agora.
Poema: Quando Minha Irmã Morreu
Quando minha irmã morreu,
o tempo não avisou que seguiria em frente.
A vida lá fora pulsava,
mas aqui dentro, o relógio parou.
Quando minha irmã morreu,
aprendi a andar de novo,
mas tropecei tantas vezes na ausência
que ainda sinto as cicatrizes.
Guardei a dor no bolso,
engoli o choro em meio aos abraços,
porque o mundo não espera
e a vida cobra sorrisos.
Quando minha irmã morreu,
o silêncio dela gritou no meu peito,
suas coisas fofas pesaram nos meus braços,
e o vazio ocupou cada canto da casa.
O tempo diz que já passou,
mas ele não sabe de nada.
Aqui dentro,
ela ainda mora no quarto ao lado.
A vida é bela e breve como os orvalhos.
Vivemos a vida como se ela fosse interminável. Mas entre a mesmice e a velhice é um pequeno intervalo de tempo. Olhe para sua história: não parece que você dormiu e acordou nessa idade? Para as pessoas superficiais, a rapidez da vida estimula a viver destrutivamente, sem pensar nas consequências dos seus comportamentos. Para os sábios, a brevidade da vida convida-os a valorizá-la como um diamante de inestimável valor.
Ser sábio não significa ser perfeito, não falhar, não chorar e não ter momentos de fragilidade. Ser sábio é aprender a usar cada dor como uma oportunidade para aprender lições, cada erro como uma ocasião para corrigir caminhos, cada fracasso como uma chance para recomeçar. Nas vitórias, os sábios são amantes da alegria; nas derrotas, são amigos da interiorização. Você é sábio? Viaja para dentro de si mesmo? A grande maioria de nós provavelmente conhece no máximo a antessala da própria personalidade.
Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. João 10:10
"Não creio que o céu seja interessante apenas por ser eterno. Aliás, de nada adiantaria estar lá sem a companhia de Deus e de pessoas queridas. Viver de verdade envolve bons relacionamentos. Além do pecado, nada provoca mais nossa morte do que a negação de conviver em harmonia com Deus e uns com os outros. Que tal experimentar hoje estar mais próximo de Jesus e das pessoas que você ama?"
Um dia, a jornada tem fim
cerra o estirão e aquele alvorecer
o perfume viçoso das flores, assim,
em um piscar de olhos
escolher e ser
a lembrança ainda tem, a falta sim,
ainda
e na berlinda o tempo que leva cada suspiro
cada sonho, sentido, sensação, enfim,
envelhece quem permanece
na prece, sugiro:
boas memórias, coração, pois,
um dia a jornada tem fim
e o que fica é a boa ação
e nada de ruim, nem dor
para uma favorável canção
então, cante o amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Dezembro 2024 – Araguari, MG
SONETO SOLENE
Memorar. Um ano. Que importa o ano? Talvez
somente para lembrar os suspiros de tua ida
do silêncio invasor na casa após a tua partida
pra morte, igual, desfolho outonal em palidez
Fatal e transitório, a nossa viveza é vencida
pelo sopro funesto, ao sentimento a viuvez.
Julho, agosto, setembro, vai-se mês a mês
ano a ano e outro ano a recordação parida
Da saudade filial, que dói numa dor doída
de renovação amarga e de vil insipidez
que renasce na gelada ausência sofrida
No continuar, o vazio, traz pra alma nudez
chorada na recordação jamais esquecida...
Neste soneto solene: - a bênção outra vez!
Luciano Spagnol
julho, 2016
Cerrado goiano
Um ano de morte de meu pai.
A HORA
Morrer, Senhor, de súbito, eu quero!
Morrer, como quem vai em sua glória
Despedir-se do mundo em ato mero
De repente! Na bagagem só memória
Morrer sem saber, estou sendo sincero
Rogo, por assim ser, a minha tal hora
Morrer simples, sem qualquer exagero
Onde o olhar de Deus a minha vitória
Morrer, sem precisar ser feito severo
Das estórias que fique boa história
Fulminando sem lágrimas e lero lero
Assim espero, digno desta rogatória
Morrer fruto do merecimento vero
De ser ligeiro, cerrando a trajetória
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Paráfrase Augusto Frederico Schmidt
SONETO DA PERDA
Nuca eu quisera desejado tal saber
Dizer com a dor um adeus querido
Erigindo com o dano choro balido
Fugindo com a harmonia do viver
Dó é arrancada do pesar instituído
Saudade deplorada de não mais ter
Que somente lembranças há de ver
E lágrimas no suspiro do vil contido
Some, e põe o amor tão triste... Ser
Sorriso suspenso, prazer em gemido
E a noite tão distante do amanhecer
Nunca ninguém pela perda ter podido
Dói tanto, tão dolorido, a permanecer
Que no sentido, o desalento é definido
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
FUNERAL
Quando eu morrer, atenção
É do mar o rumo da cidade
E não o cerrado a direção
Saudade
As mãos enterrem em Madureira
O coração levem para Ipanema
Na Coelho Neto a alma por inteira
Suprema
No aterro joguem a minha admiração
E meu sotaque mineiro anexado
Na Igreja da Glória, minha oração
Largo do Machado
Os ouvidos deixem na São Salvador
Degustando os chorinhos de domingo
Sepultem a cabeça na pedra do Arpoador
Gringo
Na "SAARA" depositem minha ambição
Em Botafogo os olhos na sessão de cinema
Do Redentor as cinzas que restaram
Poema
O juízo abandonem aos seus
Que desvivam como viveram
Assim seja, o espírito em Deus
Adeus
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
09/04/2016, 18'00"
Cerrado goiano
(Parafraseando Mário de Andrade)