Cronicas de Pedro Bial para Despidida

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Uma breve argumentação

Vai desistir da vida ?
Deixa eu lhe falar:
Seu coração não desistiu de bater.
Seus rins não desistiram de filtrar.

Seus olhos não desistiram de enchergar.
Seus ouvidos não desistiram de escutar.

Suas pernas não desistiram de andar.
Deus não desistiu de te amar.

arrancou me do corpo
como quem despedaça flores
Tirou-me um beijo
como se quisesse me sugar
todo o desejo
de rapaz trabalhador

Fez de rimas, prosa.
Fez de mim, moleque, rapaz
Faz de todos, a cidade a cantar
Era Clarice, era Lispector
Era toda malandrice de seus olhos
a ninar

O rapaz trabalhador
Em suas curvas cair
Em seus versos, declinar
Prosas euforicas
de bafos etílicos
Feito homem
Feito rapaz

Morre o dia
Desperta Clarice
A noite é uma criança
A alegria é fugaz

Hoje uma amiga me dirigiu uma pergunta:
Por que as coisas sempre dão errado?

Respondi ela dizendo lhe que: as coisas sempre dão errado, porque talvez, ainda não tenhamos aprendido com o erro para que elas dessem certo.
Talvez devíamos pensar mais no porque de ter dado errado, porque é ali que iremos descobrir o que o erro quer nos ensinar.

A velha amiga Morte

Não devemos ver a Morte como inimiga, pelo contrário, devemos vê-la como um velha amiga. Aquela que irá nos trazer a chave para o grande mistério da vida, que não cabe a nós conhecermos antes de sermos levados.
Devemos acolhê-lá sem questionar. Aceitar o fato de que a nossa vida terrena terminou.
A tecnologia avançada, tendo a capacidade de tornar nossas vidas um pouco mais prolongadas, mas nenhuma tecnologia impedirá a chegada da velha amiga.
Ela, muitas vezes, chega sem avisar e sem fazer barulho. Nos leva tranquilamente, como se estivéssemos com sono e fossemos dormir... Só que para sempre

E é o que não tem perdão que mata. Quem é amado não tem o direito de fazer o imperdoável. Amar é grande demais para aguentar uma pequenez assim. «Esquece que me odeias e ama-me até ao fim», ouço, o peito molhado por dentro, uma mão inteira a espremer-me as entranhas.
Amo-te tanto que não te consigo perdoar.

Seus cabelos eram ondulados
Tipo, ondas.
Ondas de um mar
Que tinha uma maré fortíssima!
Tão brava e forte
Que fez eu me perder
Neste mar, oceano... Como quiser!
Inegavelmente, um lugar;
Que sem dúvidas, era lindo...
Com pouco glamour e muita beleza!
Mas, muito confuso...
Tanta confusão, que me fez perder
O bem mais precioso de um homem...
A razão!

A cada citação
É um aperto no coração
Pois sei que quero você
Mas o tempo não deixa eu te ver
Que crueldade
Me conta, para que tanta maldade?
Você é quem me faz feliz
Aquilo que condiz
Tudo o que eu queria para mim
Como dizem, com o tempo tudo passa
Espero que essa saudade
Me traga depois mais felicidade
E você esteja no meu peito
No meu coração, pois quero que vá embora essa solidão

SAUDADE
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Saudade é pedaço de berço e de espada…
Saudade é regaço que nunca partiu…
Saudade é cansaço na berma da estrada…
Saudade é abraço de alguém que sentiu…

Saudade é desejo da terra apartada…
Saudade é um beijo que o tempo cingiu…
Saudade é solfejo da pauta chorada…
Saudade é bafejo que não se extinguiu…

Saudade é carinho sem céu nem consorte…
Saudade é um ninho de pássaro ausente…
Saudade é caminho sem porto nem porte…

Saudade é verdade que às vezes nos mente…
Saudade é vontade de vida e de morte…
Saudade é saudade… Só sabe quem sente!...

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30/01/2018 (Dia da Saudade)
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📜© Pedro Abreu Simões - Poetautor ✍
(y) facebook.com/pedro.abreu.simoes

(IN)VOCAÇÃO

Chamai-me, chamai-me, vertentes da serra!...
Cantai-me, cantai-me, num cais de luar!...
Levai-me, horas boas, na luz que não erra!...
Levai-me, levai-me!... Não posso parar!...

Chamai-me, chamai-me, meninos da terra!...
Cantai-me, cantai-me, sereias do mar!...
Levai-me, andorinhas, p’ra longe da guerra!...
Levai-me, levai-me!... Não quero matar!...

Chamai-me, chamai-me, vertentes da serra!...
Cantai-me, cantai-me, sereias do mar!...
Levai-me, horas boas, na luz que não erra!...
Levai-me, levai-me!... Não quero matar!...

Chamai-me, chamai-me, meninos da terra!...
Cantai-me, cantai-me, num cais de luar!...
Levai-me, andorinhas, p’ra longe da guerra!...
Levai-me, levai-me!... Não posso parar!...

29/08/2016

© Pedro Abreu Simões​ ✍

in "TERRA UBÍQUA"

(y) facebook.com/pedro.abreu.simoes

TENTARAM CONTER OS POETAS...

Tentaram conter os poetas,
quando quiseram
engaiolar os pássaros
e domesticar as feras,
que nasceram para ser livres...

Tentaram conter os poetas,
quando tencionaram
avassalar os ímpetos das marés
e os ventos da montanha,
que não podem ser agrilhoados...

Tentaram conter os poetas...
Tanto fizeram...
Mas tudo foi em vão!...

A Poesia não se prende
às amarras da razão!

22/11/2014

© Pedro Abreu Simões

in MAR REVERSO (Ecos da Terra, do Mar e da Vida), Lisboa: CALÇADA DAS LETRAS, 2015. ISBN 978-989835262-0

Sozinho. Na vitrola toca um jazz. O rítimo descompassado comeca.
Acendo um cigarro. Mallboro, eu acho. Dou uma tragada. Mallboro, com certeza. Sento na minha poltrona. Reclino o encosto. Mais uma tragada.
Acabou o Fantástico. Céus, amanha é segunda . E eu estou acordado.

Estamos acordados. Eu. O Porteiro. A Viuva do 208. Aquele pequeno meliante no aguardo do próximo transeunte. A mulher da janela do prédio da frente.
A música acabou. Só escuto o chiado da vitrola. Vou virar o LP. Ou devo trocar? Vou trocar. Billie Holiday comeca a tocar.

Todos devem ouvir ao menos uma vez essa mulher cantando. Vou pegar outro maço de cigarros. Não! Charuto é melhor, combina mais com Billie Holiday.
Ah! Charutos sao como vinhos. Sao feitos para serem apreciados. E tudo que é apreciado não deve ser usado até o final. Deixarei a bituca pro Santo . Ou pras formigas e baratas . Nunca vi formiga indo atras de Charutos. As de Cuba devem ir.

Sozinhos. Estou sozinho e começa a tocar Gloomy Sunday. Comeca a me tocar. O tempo voa, ou para, não sei ao certo. Ja é de manha e acordo com gritos na sala de casa! "morreu?". "Uma fatalidade". "Deixou alguma carta?". "Não". "A vitrola tava ligada, o vinho estava pela metade, o maço no chão e o charuto junto com a pistola".A viuva só lamentava. O Porteiro estava preocupado com toda aquela bagunça. A morte de um vizinho é algo trágico e satisfatório. A dor do fígado alheio é sempre agradável, convenhamos.
Impossivel encontrar nas pessoas a pureza de um bom vinho, charuto e Jazz.
Nao pense voce que pensei em família e amigos. Não é por mal. É que essa trindade é a base do meu ide. Do meu ego. Não existe ser que foi capaz de suprir o meu intimo . Somos apenas carne e osso. Não precisamos de mais carne e mais osso pra alcançar o Nirvana . Fui ter um encontro comigo mesmo.

O livro

Era um sonho? Eram lobos, grilos, corvos, tartarugas, raposões, bichas de sete cabeças, unicórnios e dragões, dromedários e chacais e outros bichos que tais. Eram fadas, bruxas, príncipes, ogres, fantasmas, meninos, labirintos e palácios, minas, grutas e florestas. Eram ilhas e desertos, cidades do faroeste, gelos eternos e selvas e pirâmides do Egipto. Mas também havia escolas, casas ricas, bairros pobres, esquadras, polícias, ladrões e gente de muitas nações. Viajei em aviões, navios e foguetões, em botas de sete léguas e tapetes voadores. Naveguei em caravelas, desenterrei um tesouro, naufraguei nos mares do sul, vi escravos agrilhoados, lutei com piratas, vilões entre pragas, maldições. Vi o Pinóquio e a Alice, o Polegarzinho, o Ulisses, o Simbad e o Ali Babá, Cinderela, Peter Pan, Iracema e Iratan, o lindo Palhaço Verde, a gorda Dona Redonda, e a fina Salta-Pocinhas. Vi a Emília e o Visconde, Dona Benta, Narizinho, Capuchinho e a avozinha, o Tom Sawyer, o Jim Hawkins e a muleta de John Silver Quando o sonho terminou e as pálpebras abri, tinha ao meu lado uma estante com todos os livros que li.

Insónia


Na tua ausência, amor,
tem dias que nem um vento se sente. É como se a aragem entrasse pelas ventas do mundo, e no vão entre mim e ele, restasse um vazio. Um nada.

Na insípida madrugada, o desconcertante censo de vazio.
Acordado, fecho os olhos, e dentro de mim vou tateando na escuridão, lembranças que esbarram no peito.

Serenatas longínquas que o vento traz, embalando a insónia, feito ondas de um Atlântico.
Bailado de vida, vai vem de memórias e sentidos.

Na hora em que o mundo adormece, é quando o silêncio grita mais alto na saudade de um tempo que foi e não volta.

Constante, é este condensar o pensar nesta forma estranha de estar.⁣
Vivi no teu peito, e na despedida de um beijo, morri.

Silencie seu mundo
Se leve mais a sério
Vá mais fundo
Resolva seu mistério

Se ame mais
Deixe de ser refém
Viva na sua paz
Aprenda a ser ninguém

Viva sua vida
Tenha sua fé
Vá ao lugar certo
Não seja ralé

Faz morada pra felicidade
Seja sempre uma bondade
Crie sua criatividade
Tente voltar pra cidade

A vida é uma só
Tem alguém pra você não ficar só
Ande, não pare
Guarde, não fale

Você dá mais certo consigo mesmo
E claro, com aquele que acredita
Lembra que tem alguém que pagou o preço
E vem de encontro, guarde suas fitas

Saudade


Saudade, ⁣⁣⁣
É bigorna forjada⁣⁣⁣
No canto da aorta.⁣⁣⁣
É âncora enferrujada;⁣⁣⁣
Veleiro à deriva⁣⁣⁣
Nas brumas do passado.⁣⁣⁣
É cílio empedernido⁣⁣⁣
Na frente da córnea.⁣⁣⁣
Cisco no olho,⁣⁣⁣
Adaga no peito;⁣⁣⁣
É lamento de guitarra⁣⁣
Que chora, quando tocada. ⁣
Ausência do que já foi,⁣⁣⁣
Crepúsculo de um dia ensolarado.⁣⁣⁣
Saudade, é o que restou.⁣⁣⁣
É o que sinto de mim,⁣⁣⁣
É o que sinto de nós!⁣

Ilha


Na rebentação em fúria⁣⁣
Lembranças antigas despertam⁣⁣
Em ciclones e tormentas.⁣⁣
⁣⁣
Maré alta, noite inteira⁣⁣
Clama ventos, que a norte chegam⁣⁣
⁣⁣
Bramindo desassossegos⁣⁣
Protestos por Selena ausente,⁣⁣
Em édredons, escondida⁣⁣
⁣⁣
Eu e a ilha, somos um só⁣⁣
Fustigados num inferno⁣⁣
Em tempestades de inverno⁣⁣
⁣⁣
Estrondos retumbantes⁣⁣
De memórias que chagam mentes⁣⁣
Na calada dos silêncios⁣⁣
⁣⁣
Até que Selena apareça⁣⁣
Para que o vento se acalme⁣⁣
E, enfim, eu adormeça.⁣⁣
⁣⁣
Eu e a ilha, somos um só!⁣⁣

A maior conquista é a viagem.

O prazer da vida, não pode estar apenas na conquista das nossas metas, mas sim no caminho até lá. Caso contrário o individuo estará condenado a longas, infelizes e intermináveis jornadas, para uma curta, breve e fugaz realização na chegada.

A vida é o maior viagem, e a morte a última chegada, então...

Viva os caminhos, não as chegadas!

Olhando-me no espelho ⁣


Olhando-me no espelho entendo⁣
que muito mais que ver uma face⁣
é abrir as portas da alma⁣
e olhar ela nos olhos.⁣
É sair de mim pra mim⁣
resvalando nas linhas do rosto⁣
abrindo-me feito um livro⁣
sendo eu o leitor de mim mesmo.⁣

Olhando-me no espelho entendo⁣
que sendo nada fui o tudo⁣
quando tive de me ser.⁣
É aceitar-me branco ou negro⁣
cinza, prata, cobre, ferro⁣
e ali, naquele reflexo⁣
ver-me por inteiro.⁣
Não um recorte de quem fui!⁣

Olhando-me no espelho entendo ⁣
que a vida aconteceu.⁣
Que passou por mim feito vento ⁣
num vendaval de intempéries⁣
e que sendo eu barro,⁣
até fui moldado⁣
mas nunca perdi o rastro⁣
da terra que sou.⁣

Olhando-me no espelho entendo⁣
que nunca fui mais que ninguém⁣
só tentei ser o mundo⁣
para quem tatuei no peito⁣
assinados como os meus.⁣


TEMPO⁣

Há no tempo do tempo um tempo ⁣
em que o tempo conspira.⁣
Passa ligeiro num sorriso.⁣
Passa manso em agonia.⁣
Aflito para.⁣
Ansioso não anda.⁣
É tristeza que não avança.⁣

Há no tempo do tempo um tempo ⁣
em que o tempo é mistério.⁣
Mestre de ocasião oportuna.⁣
Ensejo de pergunta.⁣
Dono de certezas.⁣

Soberano de passados e futuros.⁣⁣
Regente de presentes gaiatos.⁣⁣
Concubino do universo, ⁣
é algoz da minha saudade.⁣⁣
Vaga que traz, onda que leva.⁣

Há no tempo do tempo⁣
Um tempo que é mágoa,⁣
dor e olvido.⁣
Tempo de luto.⁣
Tempo de cura.⁣

" À MINHA MÃE ( RITA)



Mãe!
Eis-me aqui agora, tão sorridente!
O filho que do teu ventre saiu
Hoje correndo montes e vales
E o teu sacrifício foi maior e persistente


Mãe, é nesta alegre poesia
Que eu louvo a tua heroicidade
As tuas mãos rasgaram-se na machamba
Buscando com suor , o pão de cada dia
E acendeste a luz de felicidade
Que ilumina o caminho dos teus filhos


Mãe ,sobreviveste a fome e a guerra
Com multidão de filhos no teu colo
Andaste sofrendo de terra em terra
E na baliza da vida dura, marcaste um golo


Mãe, minha mãe venerada
Não estudaste quase nada
Pois, no teu tempo tudo era guerra
Mas, considero-te de verdadeira Doutora
Que escreveu com sangue,coragem e perseverança
O destino mais jovial de esperança


As estrelas espelham o teu sorriso
E é nesta alegre poesia
Com todas as comparações e metáforas
Bem-haja mãe e multiplique-se alegria
E os teus filhos rendem-te heroicidade


À te minha mãe!
Para sempre serás digna de merecimento
Cada lâgrima por te espargida, merece agradecimento
Bem-haja minha mãe ( Rita )!


Janasse, Xadreque Pedro
21-08-2015, Milange-Zambezia