Contos William Shakespeare Amor
William Contraponto: Lucidez Entre Versos e Palavras
A poesia de William Contraponto nasce da urgência de pensar, não como quem busca respostas, mas como quem se recusa a calar diante do absurdo. Seus versos não se rendem ao consolo nem à beleza fácil: são lâminas que cortam o véu das aparências, faróis acesos no nevoeiro da linguagem. Em sua obra, cada palavra é escolha ética, cada silêncio é crítica, cada poema é um gesto de lucidez.
Filho do questionamento e irmão da dúvida, Contraponto caminha entre ideias como quem atravessa um campo minado de verdades. Sua filosofia é existencialista, mas não resignada; socialista, mas não panfletária; ateia, mas jamais vazia. O sagrado é desfeito com ironia e o poder, enfrentado com clareza. Sua fé, se há alguma, é na consciência livre, na autonomia do pensamento e na dignidade de quem se ergue sem altar.
Poeta-filósofo (ou poeta-reflexivo, como prefere ser definido) por natureza, ele escreve para inquietar, não para entreter. Não há ornamento em sua linguagem, apenas densidade. Cada poema seu é uma fresta por onde o mundo se desnuda. E é ali — entre versos e palavras — que habita sua lucidez: uma lucidez que fere, mas ilumina; que não explica, mas revela; que não conforta, mas desperta.
William Contraponto não oferece abrigo. Oferece espelhos.
William Contraponto e a Espiritualidade
William Contraponto é um autor ateu, de vertente existencialista, que traz em sua obra uma visão crítica e reflexiva do mundo. Foi médium na umbanda e no espiritismo, mas abandonou essas práticas ao perceber que a mediunidade, em sua experiência, se manifestava como um fenômeno condicionado — fruto de influências culturais, psicológicas e sociais, não de uma realidade sobrenatural. Essa vivência marcou profundamente sua filosofia, que questiona o sagrado e propõe uma busca lúcida pela liberdade de pensamento
William Contraponto: 20 anos de Colaboração Com o Pensamento Crítico e Livre.
William Contraponto é poeta-filósofo, escritor e ensaísta, conhecido por uma produção literária marcada por densidade reflexiva, crítica social e existencialismo. Ateu e humanista, constrói seus versos como espelhos desconfortáveis, que questionam certezas e provocam inquietações. Ao longo de sua trajetória, atua também como articulista e cronista, escrevendo para veículos de comunicação impressos e digitais há pelo menos 20 anos, abordando temas que vão da literatura à filosofia, do comportamento à análise política.
Contraponto transita entre a poesia e o pensamento ensaístico, recusando dogmas e abraçando a liberdade de expressão como fundamento de sua arte. Suas obras circulam em países de língua portuguesa e espanhola, algumas traduzidas, conquistando leitores que se reconhecem no tom crítico e lúcido de sua escrita. Mais do que oferecer respostas, William Contraponto se propõe a cultivar perguntas — e a devolver ao leitor o direito de pensar por si.
Aprendi a Respeitar e Entender Simbolismos sem o Olhar Religioso ou Místico - William Contraponto
Durante muito tempo fui ensinado a associar símbolos a crenças, ritos e dogmas. Toda cruz era uma fé. Todo círculo, uma divindade. Todo gesto, uma invocação. Mas aos poucos comecei a perceber que há mais camadas nas formas que repetimos e nos signos que carregamos do que apenas o viés religioso ou místico. Aprendi com o tempo, e talvez com certa dor, a respeitar e entender os simbolismos como linguagem humana. Não como ponte para o sobrenatural, mas como reflexo do que somos e do que buscamos compreender.
O símbolo não é necessariamente uma janela para outro mundo. Pode ser apenas um espelho. Um modo de organizar o caos da experiência. Um desenho que resume uma ideia complexa, um medo ancestral, um desejo escondido. A serpente, por exemplo, já foi o mal, a sabedoria e a renovação. Nenhuma dessas definições é definitiva, todas são interpretações culturais. O símbolo, em sua essência, não exige fé. Exige leitura.
Percebi que símbolos são como palavras condensadas, signos que falam diretamente ao imaginário, não à crença. Eles pertencem à arte, à filosofia, à política, à ciência e até ao cotidiano. Um punho cerrado é resistência. Um arco-íris, diversidade. Um labirinto, introspecção. E tudo isso pode ser compreendido sem recorrer ao sagrado. Basta enxergar o humano por trás da forma.
Respeitar os simbolismos, para mim, passou a ser um ato de escuta. Um esforço de tradução. Entender que eles não são meros enfeites, tampouco relicários mágicos. São manifestações simbólicas de trajetórias coletivas e individuais. São tentativas, muitas vezes desesperadas, de dar sentido ao indizível. E esse esforço é digno de respeito, mesmo que não acreditemos no invisível.
Assim me libertei da obrigação de crer para compreender. E aprendi a honrar os símbolos como quem lê um poema, não buscando verdades absolutas, mas sentidos possíveis. Porque, no fundo, simbolizar é um modo de sobreviver ao real, e isso por si só já é profundamente humano.
O Espinho que Sustenta o Luxo
William Contraponto
O lixo na cidade se acumula,
O luxo segue o mesmo caminho.
A bandeira de poucos trêmula,
Enquanto a maioria pisa espinho.
O grito da fome é contido,
abafado por telas brilhantes.
Um povo cansado e esquecido,
som perdido em ruas distantes.
As praças se tornam vitrines,
com passos de pressa e descaso.
Erguem-se muros e confins,
derruba-se o humano no atraso.
O poder se veste de ouro,
mas seus pés tropeçam na lama.
Promete futuro sonoro,
entrega cinza e mais trama.
Enquanto se erguem palácios,
ergue-se também a miséria.
Nos becos, os corpos cansados
carregam a dor que não cessa.
E o tempo que passa impassível
não limpa a ferida exposta.
A cidade, em ciclo terrível,
repete a mesma resposta.
Tradução de Antigonish de William Hughes Mearns.
Ontem quando subia a escada;
conheci um homem, que lá não estava.
Hoje de novo, ele lá não permanecia,
eu quero e como eu quero, que ele seja só uma fantasia.
Quando voltei para casa de uma noite bem ruim
lá havia um homem esperando por mim.
Mas, quando eu olhei para o corredor;
eu não pude ver nenhum senhor.
Ontem quando eu subia a escada;
havia um homem que lá não estava.
Hoje de novo, ele lá não permanecia,
eu quero e como queria, que ele fosse só uma fantasia.
" William foi acolhido por Elisabeth em um abraço silencioso, mas eloquente. Naquele diálogo mudo, Elisabeth fortalecia sua presença na vida dele, e a dele no mundo, desvelando, no abraço da pessoa certa, um mundo transformado em amigo".
Frase do Livro Elisa e a Mensagem do Vento
A era do gelo.
O Apóstolo Paulo, Shakespeare, Camões e Renato Russo - um se inspirando no outro - parecerem mesmo ter composto uma canção perfeita. Contudo eles, cada um há seu tempo, falaram sobre um sentimento que hoje em dia está em baixa popularidade. Temo não haver neste século um ser capaz de compreender algo sobre o amor.
Vou direto ao ponto. É preocupante como o amor tem se tornado frágil. Os relacionamentos estão envoltos num escudo de seda, onde cada palavra e cada atitude devem ser analisadas friamente antes de serem proferidas, não há mais espaço para erros, nem mesmo os comuns. Será que a espontaneidade - assim como as baleias nos oceanos do hemisfério sul - está extinta?! Não há disposição ao sacrifício. Eu e você fomos tragados por um sistema negro, que nos exige postura fria, essa postura nos garantirá a continuidade da vida, mas em troca nos tira o sabor.
Aprendemos a dizer: Meus sonhos. Meus interesses. Minhas vontades. Meu orgulho.
O que ganho com isso? É praticamente - com o perdão da palavra - um dane-se você!
E sobre essas frases construímos nossas amizades, estamos nos enamorando... sobre essas frases ariscamo-nos de vez em quando a fazer uma oração.
Quanta fragilidade... quanto interesse próprio! Esse amor não me lembra em nada o maior mandamento. Aliás, perece ser uma versão escrachada, ridícula. Mas como quase tudo que é escrachado e ridículo - feito para as massas - essa versão está no topo das paradas.
"1. SORRIR. Como Shakespeare já disse "o sorriso é a maneira mais barata de melhor a aparência" e Madre Teresa de Calcutá aconselhou que cada pessoa deve sair da nossa presença sempre melhor e mais feliz, tenho certeza que um sorriso ajuda muito nisso.
2. TER FÉ. Porque acreditar e ter a certeza que há algo superior que nos guie e proteja serve de consolo naqueles momentos de dor que ninguém entende e nos dá força para acreditar que o dia seguinte há de ser melhor.
3. FAZER O BEM. Aquela história de "sem olhar a quem" mesmo. Fazer o que se pode fazer de melhor naquele momento seja para quem for, mesmo que esse alguém já tenha decepcionado. Depois uma consciência limpa vem como recompensa e e acho esse o melhor "remédio pra dormir".
4. SABER QUE "TUDO PASSA". Acredito que isso sirva tanto para os momentos de êxtase como para aqueles de profundo sofrimento, pois pensando assim não nos deixamos levar pela empolgação de um sucesso nem pelo desespero de uma fracasso. É mais fácil se manter equilibrado sabendo disso. Pense em qualquer situação: "Isso também passa".
5. AMAR. Nem falo apenas do amor homem-mulher, mas amor pelos familiares, pelas crianças, pelos animais, pelo ser humano em geral (não confio em pessoas que não gostem de crianças e animais). Acredito que o amor no coração cura as feridas mais rápido do que o "tempo senhor da razão".
6. SER HUMILDE. Não confundir humildade com aparência nem com se deixar humilhar. Muitas pessoas simplórias acabam se diminuindo por ingenuidade e simplicidade o seu prórpio valor. Adoro me vestir bem e geralmente reajo a um desaforo desmedido. A humildade julgo ser necessária é aquela que vem de dentro; que me faz falar com o frentista do posto com o mesmo carinho e ouví-lo com o mesmo interesse com quem falaria com o Governador do Estado.
7. RECONHECER ERROS E DEFEITOS. Porque todos temos. A diferença é que alguns buscam melhorar, aprender e quando erram voltam atrás, pedem desculpas. Estar disposto a ser uma pessoa melhor a cada dia não é fácil; muitos acham que estão na vida a passeio.
8. SER BOM, MAS NÃO SER BOBO. Essa vem da pouca experiência dos meus 26 anos. As vezes precisamos dar uma pitada de egoísmo, pensar mais na gente mesmo, agir com pá atrás, para tentar evitar decepções. Quando nos entregamos muito, baixamos a guarda, ficamos desarmados; e quando aliamos nosso bom coração a má intenção de muitas pessoas, podemos sofrer muito.
9. SER SELETIVO SEMPRE. Eleger poucos e bons amigos, em quem confiar. Falar com todo mundo é muito fácil, eu então tiro de letra, mas sei que nem todo mundo vai ficar feliz com o meu sucesso nem chorar minha dor, pelo contrário, posso estar criando inimigos íntimos.
10. NÃO JULGAR. As vezes aquela pessoa fez o trabalho errado por não ter o seu conhecimento pra executar; Seu filho pode ter magoado você com a melhor das intenções e sua esposa pode parecer fria, mas isso não significa que você não seja o amor da vIda dela nem que ela não te ame de todo coração. Cada um só dá aquilo que tem e nem sempre quem age diferente de mim está agindo da pior forma. Sempre podemos aprender, afinal (dessa frase não me lembro o autor), "até mesmo um relógio quebrado está certo duas vezes ao dia"."
Sabe realmente por que Romeu e Julieta são eternizados até hoje?
Não é porque Shakespeare mudou aqui e ali fatos da história original, e a dramatizou. Não é porque a história se passava na Itália, nem porque há boatos de que esse romance é verdadeiro.
É, porque mesmo com a pirigueti da Gioconda, Romeu não trocaria sua Julieta. É, porque mesmo que seus amigos o levasse para bailes com prosecco e fizessem ele acreditar que qualquer camponesa seria melhor do que se declarar para uma ralé da família inimiga, ele não esqueceria sua amada. É, porque mesmo que Romeu tivesse medo de se entregar ele não mentiria para Julieta. É, porque mesmo que ela fosse destinada a outro homem ele não desistiria dela. É, porque mesmo com tantos problemas ele a amava de verdade. É, realmente porque Romeu queria provar que o verdadeiro amor existia e que se ele chegasse a enfrentar a falta de sentimento nos casamentos arranjados, seu amor por Julieta seria eternizado, assim provando para as próximas gerações, que nada é tão impossível assim… que os problemas de hoje não chegam nem a ser metade dos que eram antigamente.
NÃO FOI APENAS SHAKESPEARE
Aprendi que não a razões suficientes para uma busca excessiva,aventurando-se a um futuro tão imprevissivel e deixando de aproveitar do presente,que é tão maravilhoso e cheio de oportunidades unicas e unicas,que quando não aproveitadas e saboreadas devidamente podem acaba transformando-se em frustações sem tamanho.
Aprendi que a vida foi feita para se viver e não a isso de vive-la bem ou mal, pois o bem e o mal andam sempre de mãos dadas , são companheiros inseparáveis.Nesta vida a nossa viva e cheia de altos e baixos ,dispensa qualquer forma de preparação previa.´
Aprendi mais ou menos assim,ouvindo uma canção que dizia assim,que é um milagre tudo que Papai do céu criou pensando em voçê, fez a via lactea,fez os dinossauros,sem pensar em 'nada' fez a vida e te deu.
Aprendi isto realmente depois de presenciar a um sorriso tão saudoso,mais ao mesmo tempo tão preucupado , pois a rotina cotidiana dele não tinha espaço na agenda para aproveitar simplimente um abraço tão desejado,tão calorouso.
Douglas Tone - skema
“Se tu amares profundamente, não suportarás a dor da perda.” - Julieta Cappuleto - Shakespeare
Concordo em parte com Julieta, consigo enumerar pelo menos uns 5 tipos de luto. 1- Luto iminente: você sabe que irá se sofrer uma perda só não sabe quando, mas sabe que não está pronto pro adeus. 2- Luto hermético: Você bloqueia seus sentimentos, pra não se sujeitar a mais dor. Você é incapaz de enfrentar a situação, se fecha, acaba paralisando sua vida por medo de se permitir. 3 - Luto inveterado – Você resiste a aceitar o acontecido, cria uma fortaleza impenetrável, e tenta a todo custo e obsessivamente manter viva a lembrança. 4 – Luto retrógrado: Você ignora sua dor, mas ela emerge no momento menos esperado. ressurge de modo devastador, é você é obrigado a sentir. 5- Luto refutado: Você não consegue deixar a pessoa partir, não experimenta o sofrimento, não aceita que o que foi enlutado, mas precisa fazer é deixar partir a quem já foi embora. Enfim... Vivemos em um luto constante, a cada conquista que fazemos algo precisa ficar para trás, seja coisas, sentimentos ou pessoas. Em algumas situações teremos que atravessar o luto por alguém que ainda está vivo, perder algo que está em nossas mãos, engolir nossos sentimentos e seguir, simplesmente seguir. Simples assim!
POETAS ESCRITOS...
Poderia me contentar com todos os escritos de Shakespeare,
poderia só recitar Pessoa,
Drummond,
Quintana,
Neruda,
Coralina,
Lispecto,
Castelo Branco...
Mas se ainda encontro,
tanto papel em branco...
E ainda existem ignorantes...
Então por mim haverão poemas...
Missão que tenho.
Se Caetano,
Renato Russo,
Almir Sater e
Mano Brown não pensassem assim,
Não teríamos ouvido o amor sussurrar mais próximo do ouvido e não do coração.
Quanto poema tem a razão...
Nem ouviriamos
as pessoas valorizando as relações, conpreendendo que na vida essa é a missão...
Muito mais poema tem a emoção...
E ouviriamos?...
Que a vida é quase que na verdade um vagar poraí que não precisa de pressa é só ir...
Não.
E menos ainda que:
" Malandragem de verdade é viver..."
Essa vai pro coração...
E olha que triste iria ser,
se quem só se influência por uma verdade cantada não pudesse disso tudo saber,
e quem não quer saber de nada além de ler?...
Como seria se aqueles corajosos não se pusessem a escrever?...
Loucura essa também do meu viver....
Repalavriando tudo oque alguém na vida ainda vai te dizer,
bobagem pro poeta é uma rima controvérsia,
o que encanta aos outros,
pro sábio é a chepa da festa,
mais fulgar e desnecessário que a blasfêmia do profeta.
Mas sábio não é poeta,
tanto saber tira a permissão do rever,
que é necessário pra versos relevantes nascer...
Poeta não é sábio,
na verdade é louco alucinado, sorrindo pro sol dourado,
sem notar seu próprio corpo escaldado.
Tem ainda aquele que escreve por birra,
pra disser que tem a mestria,
há como queria!....
Mas sem o saber e sem a técnica,
eu poeta;
só escrevo as letras sentidas...
Ão ainda de ser corrigidas...
Essas linhas...
Que já foram um dia escritas,
mas que ainda não são vividas, homens não querem viver poemas, coisa de louco é isso,
morte de poeta é alegria,
menos um poema de fantasia, assinado por um alguém que muito sofria e de ilusões vivia...
Na verdade ser poeta exige alguma maestria...
Um verso sem sentimento causa muita euforia, quase tanta quanto a cafeína na cabeça de quem escreve de noite e de dia...
Poetas escritos,
sem vocês eu não vivo,
Hó poeta bonito,
seus poemas não fazem sentido,
mas leio pois sei são todos sentidos.
Já proferia Shakespeare "Life is a Stage..." e com toda a sua razão... A vida é, sem dúvida, um palco. Um enorme palco onde temos o nosso timing para representar os nossos dons. As nossas travessias existenciais. O nosso sentido de oportunidade. Enfim... Os pedaços da nossa vida.
Esse famoso palco tem um maléfico pano que fecha. Caso a nossa performance ainda não tenha terminado... Paciência! Fecha o pano e nós com a vida incompleta. Pois é mesmo assim. Faz o melhor que sabes e consegues dentro do teu tempo cronológico. Caso contrário, o pano fecha, não há aplausos e a peça termina, sem desfecho.
Este é o sentido da nossa vida. Ora pensa...
Shakespeare & eu
“Aceito”. Foi essa a palavra que deu início à primeira estrofe de minha vida ao lado de Ana Judite. E, talvez (pensando bem) tenha sido esta mesma palavra que tenha selado meu acordo com a infelicidade.
Era tão jovem, ela! Seus olhos não eram azuis. Muito pelo contrário: eram pretos e arredondados. Olhos de boneca, certamente. No entanto, não foi isso que achei logo que a vi. Da primeira vez, não senti todas aquelas coisas que são ditas como “sintomas de amor”: não senti as pernas tremerem (nem mesmo as mãos); não senti o suor escorrendo desenfreado pelo rosto; meus lábios não ficaram secos e, o mais importante, meu coração não acelerou. Achei-a muito sem graça.
Num outro dia, a vi sentada, em um banquinho da praça chorando lastimavelmente. Aproximei-me.
-Tudo bem?
-Por acaso se chora feito uma louca quando se está tudo bem?
-Realmente, foi uma pergunta sem sentido. É claro que não está bem...
-Que idiotice...
-O que?
-Você! Não sabe nem o que falar.
-Garotinha com personalidade você, hein? Gostei.
Ela então soltou o sorriso mais lindo que já havia visto em toda minha vida e falou:
-“Fortes razões, fazem fortes ações!” Shakespeare!
-Hum... Conheço. Legal, ele.
-Ele morreu há mais de 200 anos.
-Sério? Triste isso, não é?
Conversamos como se o dia tivesse mais de 24 horas.
Daquele dia em diante tivemos vários encontros, a fim de jogarmos conversa fora. Logo fui percebendo que Ana Judite não era “sem sal”- ela tinha o tempero na dosagem certa para minha fórmula do amor perfeito.
Nosso relacionamento teve muitos altos e baixos, mas, ao fim de quatro anos de namoro, finalmente iríamos nos casar. Eu já havia me tornado um verdadeiro perito em Shakespeare e, nas horas que não a via, era ele quem me acompanhava com suas mais que perfeitas tragicomédias.
“Aceito”. Sim, ela aceitou estar comigo na doença e na tristeza, na riqueza e na pobreza... Até que a morte nos separasse. No entanto, uma frase não constava no “contrato”: a de estar comigo na sanidade e na loucura.
Foi como um “click”. Acordei mais cedo do que de costume, pois tive uma daquelas crises de insônia devido ao elevado nível de estresse no trabalho- às vezes até esquecia-me qual a data.
Judite não estava em casa. Então logo cogitei a possibilidade de ter ido à padaria. Espreguicei-me, escovei os dentes e fui até a cozinha. O café-da-manhã estava posto. E na geladeira havia um bilhete que dizia:
“Fui até a casa de minha irmã. Irei ajudá-la a fazer compras. Não demoro.
Beijos, Judi. ♥”
A irmã dela estava grávida; e preocupado fui até sua casa. Caso precisassem do carro, eu estaria lá.
Quem me recebeu foi a própria Laura, com a barriga quase que insustentável.
-Vocês ainda não foram?
-... Para onde?
-Fazer compras.
-Ah! O Mário foi com a Judi. Não estou me sentindo muito bem, sabe?
-Sei. Então, posso entrar?
-Claro. Entre.
Laura jogou-se no sofá e perguntou se eu aceitaria um café. Respondi que sim e me dispus a ir pegá-lo.
Eu havia esquecido onde ficavam as xícaras e fui abrindo todas as portas dos armários. Mas... A dispensa estava lotada!
-Laura, eles irão demorar?- Gritei.
-Acho que sim. Falta muita coisa, sabe? Os armários estão praticamente vazios. O Mário disse que falta até açúcar.
Não faltava. O açúcar estava lá! Não faltava nada.
Não podia ser. Há semanas que a Judite me vinha com reclamações a respeito do cunhado: o chamava de atrevido, insuportável e coisas do gênero. E, de repente, foram juntos fazer compras que não eram necessárias. Senti-me um completo idiota. Só poderiam estar tendo um caso.
Pedi desculpas e disse à Laura que voltaria logo. Despedi-me.
Quando estava na metade do caminho para o supermercado, parei ao sinal. Até que uma mulher veio em direção a meu carro. Era uma das amigas dela.
-Oi Júnior!- disse sorridente- vai rolar o que hoje?
-Como assim?
-Ué! Eu acabei de ver a Judi com um amigo, comprando uma montanha de cervejas!
Fiquei meio sem jeito. E disse irônico:
-Vai rolar o maior espetáculo.
Estava de cabeça quente e resolvi não ir ao trabalho. Fui para casa. Chegando lá, a porta estava aberta. Na cozinha estavam os dois. Rindo, bebendo cerveja. Ela então se virou e fez uma cara de quem parecia ter visto um fantasma.
-Ju... Júnior! Você não trabalharia até tarde, hoje?
-Surpresa?
-Muito- disse, desconfiada.
-Mário, você quer sair daqui, por favor?
-O quê?- disse Mário.
-Eu te disse para sair agora!
-Mas, Júnior, o que está havendo?
-Droga Mário, você deve estar achando que sou burro. Saia agora! Quero falar a sós com ela.
Mário atendeu ao meu pedido.
-Isso é jeito de tratar o meu cunhado; e que eu saiba, seu amigo?
-AMIGO? Amigos por acaso o apunhalam pelas costas?
-Que conversa é essa? O que ele fez?
-Não se faça de desentendida, meu amor!
-É... Eu não acredito amor. Já entendi: você ficou com ciúmes não é? Você realmente acha que eu o escolheria ao invés de você?
-“É comum perder-se o bom por querer-se o melhor”.
-O que aconteceu Júnior? “Algum desgosto prova muito amor, mas muito desgosto revela demasiada falta de espírito!” Lembra? No fundo você sabe que não é nada disso, amor.
Senti-me sem chão. Pode parecer piegas, mas foi exatamente assim que me senti. Como alguém a quem tanto amava pôde me trair de tal forma?
E, num piscar de olhos, minhas mãos estavam manchadas por uma das tintas que dispunha em minha aquarela. Tinta esta, de cor “quente”. Um vermelho sem igual. Mas, não pude compreender porque Judite; minha querida Judi se encontrava caída ao chão, rasgada como que por garras de um grande felino. E muito menos o porquê de estar pintada, abstratamente, com a mesma tinta que lambuzava meus dedos.
Afastei-me de seu corpo a fim de achar pistas. Ao abrir a geladeira pude ver uma caixa e nela havia um bolo acompanhado de um bilhete que dizia:
“O destino é o que embaralha as cartas, mas somos nós que a jogamos...”
Feliz aniversário. Com amor,
Laura, Mário e Judite (sua Judi) ♥”
“Ser ou não ser- eis a questão. Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz, ou pegar em armas contra o mar de angústias e combatendo-o dar-lhe fim? Morrer; dormir; só isso. E com o sono- dizem- extinguir dores do coração e as mil mazelas naturais a que a carne é sujeita; eis uma consumação ardentemente desejável.”
Não vamos confundir êxito literário com primor literário.
Primor literário tinha Shakespeare,
e após ele todos os escritores parecem arremedo de escritores,
mas uns ainda mais que os outros.
Êxito literário muitos têm,
mas isso muitas vezes é força do marketing
ou do gosto duvidoso das massas.
Eu, por minha vez, não tenho primor nem êxito literário.
Habito o subsolo do underground
onde você encontra textos simples e melodiosos.
Talvez sejam minhas únicas virtudes:
a simplicidade e a melodia.
O mais é pura bondade de quem gosta.
🎭Ato da Vida
Te entendo, Shakespeare,
É mais leve pensar que somos
Atores na jornada do tempo —
Cada cena, um suspiro,
Cada partida, um adeus ensaiado.
E lá se vai,
Para novos palcos e plateias,
Onde o silêncio também aplaude
E o destino escreve falas
Que nunca ensaiamos.
O tempo das coisas
Não pede licença —
Só muda o cenário,
Enquanto seguimos
Vestidos de memória.
Soneto para Shakespeare
Enquanto sirvo-te, vives a me agredir
Para ti não passo de alguém estranho
Como um cão fiel persisto em te seguir
Tua vil ofensa pra mim é doce ganho.
Assumo as faltas, não oculto o inferno
Dei tudo de mim em troca de migalhas
Fui imaturo, mas sempre amável e terno
Meu amor é puro, como são as falhas.
E que lucro eu tiro deste árduo ofício?
Sendo humilhado em troca de nada
O bem que te faço é arte de suplício.
Um dia eu me canso de tanto repetir
Terás saudades de uma alma cansada
Em pé à tua porta, querendo dividir
Gosto de Shakespeare...
Autoajude-se, diz ele; não fique sentado esperando que lhe tragam o que seu coração deseja.
Se gosto de Shakespeare porque batemos longos papos? E ele sempre me ajuda a resolver meus problemas? É aquele amigo com quem posso contar o tempo todo?
Não, não o conheci pessoalmente... conheço alguns de seus textos... como o que acabei de citar, por exemplo.
Vejam que interessante: autoajude-se, diz ele... não fique sentado esperandoque lhe tragam o que seu coração deseja - nada contra em receber uns agradinhos de quando em quando... mas não faça disso sua rotina.
Ah! Pensamento doce: “Não é digno de saborear o mel, aquele que se afasta da colmeia com medo das picadas das abelhas”... diz nosso respeitado escritor.
O medo paralisa? Sim... e ainda bem... em certas situações - se não, haveria centenas de pessoas se jogando precipício abaixo unicamente em busca de adrenalina.
Mas que não seja o medo a impedir você de viver as doçuras que a vida oferece... saboreie, lambuze-se e viva!!! Viva a doce vida, dear friend!
Mas, pra mim, o suprassumo de Shakespeare é: “Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras”.
Autoajude-se, car@ amig@... Tome cuidado consigo mesmo... mas, lembre-se: são pessoinhas com coração as que ao seu lado estão.
Então:
a) Preste atenção.
b) Fale com o coração.
c) Cuidado com o tom.
d) E... por fim... se souber que suas palavras podem magoar - um tiquinho que seja -, ponha na sua boca sua própria mão... e não fale nada, não.
À Ophélia de shakespeare -
Está morta Ophélia
em ataúde fechado - matou-se!
Seus olhos selados, longínquos,
rasos d'água dois pássaros caídos
vindos do passado.
Suas mãos em flôr dois barcos sem amarras,
sem côr.
O crepúsculo seu corpo inteiro, imóvel,
parado...
Ophélia matou-se! Matou-se!
E de braços em Cruz sobre o peito,
segue Ophélia pela morte, sem jeito,
como segue um romeiro ...
E aonde irá?!...
Qual será seu mote?!
Lívida a face.
Leva nos olhos a morte!
Dois pássaros caídos dum céu aberto.
Um céu que é longe mas que já foi perto.
Ophélia matou-se! Matou-se!
E com estrelas repousando no regaço,
botões de esperança a cada passo,
procura ainda sem descanso,
jaz morta arrefecida, no abraço do rio,
p'la face do seu amado ...
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