Contemplar
como dói o meu peito ao contemplar o tempo perdido em tua companhia! Temo que fui apenas um peão em teus ardilosos desígnios, manipulado por tuas mãos, não para amor ou afeição, mas tão somente para que lograsses o que teu coração ambicionava.
SOMBRAS TARDIAS
Após dias luminosos, é possível contemplar melhor as sombras do final da tarde.
Elas chegam se esgueirando pelos cantos das varandas, dos alpendres, dos terraços. Aproximam-se dos nossos pés, como se quisessem um impossível afago.
Vão se espreguiçando silenciosamente, até conformar a noite definitiva.
Retributivas, quando são miradas, entregam como recompensa as lembranças da vida.
Aos poucos, vão largando pelo chão as dores, os remorsos, as tristezas da gente. E fazem malabarismos com as recordações de emoções vividas, das fantasias esquecidas, dos beijos, dos abraços, das felicidades passadas.
As sombras, assim como as artes, expandem a vida para muito além de seus limites conhecidos.
Às vezes, em regiões ermas, trazem o urutau, cantando solenemente.
As crianças, ao ouvirem a ave estranha e rara, correm para os colos seguros de seus queridos mais velhos.
Alguém comenta: - Acho que ele está naquele mourão mais alto. E os pequenos olham de rabo de olho, com mais pavor ainda!
Uma visita indesejável diz uma inconveniência: - Ele está anunciando algum velório! E as crianças arregalam os olhos, como se não quisessem ver mais nada.
Em uma sala de estar tradicional, esses fantasmas inofensivos contornam quadros de molduras altas, com fotos antigas da família. É um sinal de respeito! Ou pavor de alertarem as pessoas para acender as luzes artificiais, que as escondem, torturam, mutilam, despedaçam.
Ainda no acinzentado, quando ficam meio invisíveis, produzem sons inaudíveis das cantigas românticas e significativas para cada um.
Vem também o gostinho dos jantares quentinhos e servidos em louças de ágata decoradas com motivos florais.
É possível sentir a roçadura do tecido suave do pijama ou o toque de braços envolvendo o corpo criança.
Com elas, vem o pedido velado e a oportunidade das orações de agradecimento, religiosas ou profanas.
As sombras tardias não assombram, pois trazem a luz em sua natureza.
E sempre se apresentam nuas como as verdades, vestindo apenas um manto diáfano de saudades.
Sérgio Antunes de Freitas
Maio de 2022
Ao cabo de alguns anos, me sentei na areia, de uma praia e passei á contemplar o sol, ao seu nascimento, tive uma ideia, que virou um pensamento, e estive por analisar, o que pensava, na medida que olhava lá longe, das águas, o que o sorriso me levou, pensando. Estou vivo.
Sou e Estou
Quando enxergar além do extremo,
O quê Eu Sou.
E contemplar com volúpia,
Naquilo que Estou, então entenderá.
“Olhar para o horizonte em cada amanhecer e contemplar a grandeza de Deus é inexplicável! Como Deus é perfeito nas cores, na maravilha da sua criação! Tudo flui com perfeição e gratidão, tudo segue um caminho em perfeita harmonia!
Que nossas vidas sejam assim: em perfeita harmonia com Deus e sua criação!”
Deleito-me em reflexões ao contemplar a alma de um ser que é capaz de saber o caminho que trilha, e ainda mais em ter total convicção de suas ações em seu próprio caminho de existência.
Aquele que se julga elevado sobre os outros deveria primeiro contemplar-se no espelho da verdade, pois a arrogância cega mais do que a escuridão. Se a podridão veste-se de grandeza, não é a grandeza que se corrompe, mas sim a ilusão daquele que a carrega. Pois a beleza não se mede pela vaidade, mas pelo olhar daqueles que a testemunham
Contemplar a Criação é um caminho para a cura interior.
Nos dias de hoje, somos constantemente arrastados por uma enxurrada de informações, compromissos e distrações. Vivemos numa era em que a velocidade dita o ritmo e a contemplação é quase vista como um luxo, relegada a momentos raros e fugazes. Entretanto, a capacidade de parar e observar os detalhes da Criação é mais que um simples exercício de apreciação estética; é um caminho para a cura da mente, do corpo e da alma.
A Criação – seja ela vista nas majestosas montanhas, no sussurrar das ondas do mar, no delicado desabrochar de uma flor ou no canto dos pássaros ao amanhecer – está repleta de beleza e significado. Cada elemento carrega em si um reflexo do Criador, um convite silencioso para que voltemos nossos olhos e corações para algo maior do que nós mesmos. O ato de contemplar nos conecta ao essencial, ao eterno, e nos lembra que há algo sagrado em tudo o que nos cerca.
Contemplar a natureza não é apenas um ato espiritual; há evidências científicas que comprovam seu impacto curativo. Estudos mostram que passar tempo em ambientes naturais reduz os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e aumenta a produção de serotonina, promovendo uma sensação de bem-estar. Além disso, observar a harmonia das formas, cores e sons na natureza pode ajudar a acalmar a mente, estimular a criatividade e até mesmo fortalecer o sistema imunológico.
Mas a contemplação vai além do simples "estar na natureza". É preciso aprender a ver. Muitas vezes, estamos fisicamente presentes, mas nossa mente está em outro lugar, preocupada com o futuro ou revivendo o passado. Contemplar é ancorar-se no presente, prestar atenção ao agora, com todos os sentidos abertos. É sentir a textura de uma folha, perceber as nuances de um pôr do sol, escutar o som do vento passando entre as árvores. É, acima de tudo, permitir que esses detalhes penetrem em nosso ser e nos transformem.
Há uma tendência em buscar o extraordinário: paisagens exóticas, viagens para lugares remotos, experiências únicas. Porém, a contemplação verdadeira não exige nada disso. Os detalhes curativos da Criação estão ao nosso redor, mesmo nos lugares mais comuns. Um jardim em casa, o céu visto pela janela, as estrelas que brilham à noite – tudo isso é um reflexo da obra divina.
O problema é que estamos perdendo essa habilidade de nos maravilhar com o cotidiano. A enxurrada de estímulos artificiais, como o brilho constante das telas e a correria diária, embota nossa percepção. Parar para observar uma borboleta que pousa em uma flor ou o simples voo de um passarinho parece, para muitos, uma perda de tempo. Mas, na verdade, são nesses momentos que reencontramos nossa humanidade e nos reconectamos com nossa essência.
Num mundo que valoriza o fazer, contemplar é um ato de resistência. É dizer "não" ao ritmo frenético que nos desumaniza e "sim" à quietude que nos cura. A contemplação nos ajuda a recuperar o sentido da vida, não como uma corrida desenfreada em busca de resultados, mas como uma jornada cheia de significados.
Essa prática não exige técnicas complexas ou mudanças radicais. Tudo o que precisamos fazer é começar. Uma caminhada ao ar livre, sem pressa, pode ser um bom ponto de partida. Sentar-se em silêncio, observando o movimento das nuvens ou o balanço das folhas ao vento, pode se tornar um ritual diário. Até mesmo em ambientes urbanos, há belezas a serem contempladas – um raio de sol iluminando um prédio, o som da chuva no asfalto ou o sorriso de uma criança.
A Criação nos chama constantemente para contemplá-la. É como se cada detalhe da natureza – das mais grandiosas montanhas às mais minúsculas gotas de orvalho – fosse uma mensagem de amor do Criador, um lembrete de que somos parte de algo imensamente maior. Ao atendermos a esse chamado, não apenas experimentamos uma cura pessoal, mas também nos tornamos melhores cuidadores do mundo ao nosso redor. Quando percebemos a beleza e a sacralidade de tudo o que existe, nos sentimos responsáveis por proteger e preservar a Criação.
Contemplar é preciso. É uma necessidade tanto espiritual quanto humana, um antídoto contra a ansiedade, o estresse e a desconexão que afetam tantas pessoas nos dias de hoje. É um convite a redescobrir a alegria nos pequenos detalhes, a encontrar cura na simplicidade e a perceber que, em cada pedaço da Criação, há um reflexo do amor divino.
Por isso, reserve um momento hoje para contemplar. Olhe ao seu redor com olhos atentos e coração aberto. Permita-se obter a cura pela beleza da Criação e, ao fazer isso, descubra um sentido mais profundo para a vida. Afinal, o ato de contemplar é também uma forma de oração – uma das mais puras e transformadoras que podemos experimentar.
"Contemplar o belo" é um dos conceitos que Augusto Cury aborda em seu livro "O Código da Inteligência". Segundo Cury, é a capacidade de admirar as pequenas e grandes belezas da vida, seja na natureza, nas artes ou nas interações humanas, e é uma forma de promover a saúde emocional e o bem-estar mental. É um antídoto contra a rotina e o estresse, pois nos permite desacelerar e apreciar a vida de forma mais plena. Ele destaca que essa prática pode melhorar a qualidade de vida ao estimular a criatividade, a sensibilidade e a capacidade de viver o presente.
Em um mundo acelerado, onde o tempo voa em um piscar de olhos, se você ainda consegue contemplar o nascer do sol e ouvir o canto dos pássaros, parabéns.
Eu tento separar o artista da obra; assim como um ateu, que pode contemplar a criação sem precisar acreditar no Criador.
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