Como a Vida Imita o Xadrez de Gary Kasparov

Considero o conhecimento de si mesmo como uma fonte de preocupações, de inquietações e de tormentos. Tenho-me frequentado o menos possível.

Por vezes à noite há um rosto
Que nos olha do fundo de um espelho
E a arte deve ser como esse espelho
Que nos mostra o nosso próprio rosto.

Nunca somos tão infelizes como supomos, nem tão felizes como havíamos esperado.

Toda a ciência começa como filosofia e termina em arte.

Um romance é como um arco de violino, a caixa que produz os sons é a alma do leitor.

A filosofia não é um meio de descobrir a verdade. Mas é, como a arte, um processo de a «criar».

Nada é tão fatigante como a indecisão e nada é tão fútil.

O início de um hábito é como um fio invisível, mas a cada vez que o repetimos o ato reforça o fio, acrescenta-lhe outro filamento, até que se torna um enorme cabo, e nos prende de forma irremediável, no pensamento e ação.

Certamente têm razão aqueles que definem a guerra como estado primitivo e natural. Enquanto o homem for um animal, viverá por meio de luta e à custa dos outros, temerá e odiará o próximo. A vida, portanto, é guerra.

Se ao menos os pais soubessem como chateiam os filhos!

A alma, ao contrário do que tu supões, a alma é exterior: envolve e impregna o corpo como um fluido envolve a matéria. Em certos homens a alma chega a ser visível, a atmosfera que os rodeia tomar cor. Há seres cuja alma é uma contínua exalação: arrastam-na como um cometa ao oiro esparralhado da cauda - imensa, dorida, frenética. Há-os cuja alma é de uma sensibilidade extrema: sentem em si todo o universo. Daí também simpatias e antipatias súbitas quando duas almas se tocam, mesmo antes da matéria comunicar. O amor não é senão a impregnação desses fluidos, formando uma só alma, como o ódio é a repulsão dessa névoa sensível. Assim é que o homem faz parte da estrela e a estrela de Deus.

As cores na pintura são como chamarizes que seduzem os olhos, como a beleza dos versos na poesia.

A grandeza do homem está em ele se reconhecer como miserável. Uma árvore não se dá conta da sua miséria.

Os reis são para os seus ministros como os cornudos para as esposas: nunca sabem o que se passa.

É tolo quem se quer opor ao amor, como se pudesse lutar com ele.

Nada há como começar para ver como é árduo concluir.

Se o ateísmo se propagasse, tornar-se-ia uma religião tão intolerável como as antigas.

Assim como a moralidade, o intelecto é um bom servo e um mau mestre.

Mentes são como paraquedas. Elas só funcionam quando são abertas.

O silêncio é como o vento: atiça os grandes mal-entendidos e só extingue os pequenos.